Você pode nunca ter ouvido falar da síndrome de Tourette, mas certamente já viu alguém que sofre com ela. Confira causas, sintomas e tratamentos.
Julia Monsores | 3 de Janeiro de 2020 às 19:00
Você pode nunca ter ouvido falar da síndrome de Tourette, mas certamente já viu alguém que sofre com ela. Trata-se de um distúrbio do sistema nervoso que consiste em movimentos ou sons repetitivos, geralmente desagradáveis.
A coprolalia (gritos de palavras obscenas) é o sintoma mais frequente, mas uma criança afetada pode repetir palavras ou expressões que ouve (ecolalia) ou imitar os movimentos de outra pessoa (ecopraxia). A doença tem início com movimentos involuntários anormais, geralmente no rosto, com extensão subsequente para o pescoço, os braços, as pernas e o corpo. A intensidade varia. Os tiques podem se agravar em períodos de estresse, ocorrer várias vezes ao dia, em acessos, ou desaparecer por semanas ou até meses. Para o diagnóstico, os tiques devem existir há um ano, com um período máximo de remissão de três meses.
Tique nervoso em crianças: como resolver?
A coprolalia é um tique vocal, mais aparente na forma de gritos ou grunhidos. Nos casos graves, os tiques são ininterruptos durante as horas de vigília, embora cessem durante o sono. Podem ser simples ou complexos, como cuspir e dar cambalhotas.
Os xingamentos isolados podem indicar dificuldade de vocabulário (porque a criança nunca aprendeu), decorrer de hábitos sociais ou suceder um traumatismo craniano ou derrame. O ponto essencial é que os xingamentos na síndrome de Tourette são explosivos, compulsivos e fora de contexto.
A maioria dos casos de síndrome de Tourette surge antes dos 11 anos e o diagnóstico é raro depois dos 18. A incidência é três vezes maior no sexo masculino.
É provável que a síndrome de Tourette seja um distúrbio dos núcleos da base, estruturas situadas profundamente no encéfalo, que, entre outras coisas, modulam os movimentos. O distúrbio acomete várias pessoas da mesma família, mas menos da metade dos filhos de uma pessoa com síndrome de Tourette tem a mesma síndrome ou outro tique.
O diagnóstico baseia-se no histórico e na observação dos movimentos anormais. Não existem exames objetivos para detectar a síndrome de Tourette, que geralmente ocorre com o TDAH.
O tratamento consiste em uma baixa dose de antipsicóticos (em especial o haloperidol) ou clonidina. Em raras ocasiões, foi tentada a psicocirurgia, mas os resultados são incertos e o tratamento não está em voga.
O prognóstico é variável. Algumas pessoas respondem bem aos medicamentos e conseguem ter vidas normais. Outras são bem mais resistentes e necessitam de tratamento ou controle intensivo. Períodos de assistência temporária em serviços residenciais são essenciais para que os pais e outros parentes tenham uma folga das demandas inerentes à vida com uma criança doente.