Entenda como ocorre o envelhecimento do cérebro com o passar dos anos, as perdas, as melhorias e o que se pode fazer para desacelerar esse processo.
Embora as mudanças relacionadas à idade ocorram ao longo do tempo, o cérebro parece ser mais resiliente do que se pensava. Algumas mudanças são uma parte natural do processo de envelhecimento do cérebro – a perda de neurônios (células nervosas) e das conexões entre eles, o encolhimento geral do órgão e a diminuição de algumas substâncias químicas podem afetar o sistema de comunicação cerebral. Essas são as causas dos chamados “momentos senis” pelos quais passamos ao esquecermos uma palavra ou não lembrarmos onde deixamos as chaves do carro.
É fato que a memória de curto prazo, a concentração e o foco ficam menos afiados à medida que envelhecemos, mas o cérebro dispõe de alguns mecanismos de compensação:
- A inteligência inata, a experiência de vida e a vida profissional contribuem para a “reserva cognitiva”. Isso reflete a nossa capacidade de resistir à degeneração do cérebro e possibilita que ele opere de forma efetiva.
- Com a idade, o raciocínio verbal pode melhorar e a visão geral da vida pode ficar mais equilibrada. Além disso, o cérebro produz menos dopamina, que alimenta as emoções e o impulso – as respostas mais lentas, na verdade, refletem uma sabedoria maior. O que se perde em tempo de reação se ganha em melhor capacidade de tomar decisões.
Como seu cérebro envelhece
O cérebro é um dos primeiros sistemas do corpo a se desenvolver e nos acompanha durante toda a vida; no entanto, às vezes ele é negligenciado quando o assunto é o cuidado geral com a saúde. Ao longo da vida, ele vai mudar mais do que qualquer outra parte do corpo, portanto, aqui está uma visão geral de como serão todas essas transformações.
Até 3 anos de idade
O cérebro de um recém-nascido contém 100 bilhões de neurônios, quase o seu número total. No entanto, falta muito para o desenvolvimento do órgão estar completo, já que as sinapses (as conexões entre os neurônios) estão apenas começando a ser estabelecidas.
À medida que os neurônios amadurecem, mais sinapses são formadas. Quando o bebê nasce, há cerca de 2.500 sinapses por neurônio; aos 3 anos de idade, atinge aproximadamente 15.000 por neurônio. Qualquer uma dessas conexões que não esteja em uso é descartada.
O cérebro também é um músculo e que precisa ser exercitado constantemente. Para te ajudar nessa tarefa, confira essas 10 dicas para melhorar o funcionamento do seu cérebro e deixar a memória tinindo.
Infância
O cérebro das crianças continua a formar novas conexões em uma escala maciça à medida que elas absorvem informações do ambiente, fazendo com que aprendam competências complexas como a linguagem a uma velocidade maior do que a de um adulto. Isso porque o cérebro infantil apresenta o dobro de sinapses do adulto.
Por volta dos 7 anos, as células cerebrais passam por um processo chamado mielinização, que age para fixar as vias neurais no lugar, mas, ao fazê-lo, restringe a capacidade de mudança e adaptação. A mielinização é uma espécie de fundamento fisiológico para a máxima “Dê-me uma criança de até 7 anos e eu a transformarei no adulto que ela vai ser”.
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Adolescência
O cérebro dos adolescentes ainda é um trabalho em progresso. Conexões não utilizadas no órgão continuam a ser descartadas, enquanto outras são fortalecidas. Esse processo começa na parte posterior do cérebro. O córtex pré-frontal – localizado na parte da frente do cérebro e responsável pela habilidade de planejar, resolver problemas e controlar impulsos – é o último a ser “remodelado”. Isso explica por que adolescentes em geral são emotivos e impulsivos. Durante a puberdade, os hormônios têm um papel importante no desenvolvimento cerebral, bem como no processo de alteração da aparência física.
De 20 a 30 anos
O cérebro opera no pico por volta dos 22 anos e isso dura cerca de 5 anos. Ao se aproximar dos 30 anos, o raciocínio, as competências espaciais e a velocidade do pensamento começam a decair porque os receptores cerebrais já não são mais ativados com tanta rapidez.
Aos 30, a memória começa a falhar – 100 mil células cerebrais são descartadas por dia graças ao desgaste. Ao longo de toda a vida adulta, perdemos cerca de 7% delas, embora isso não signifique perda de função. Aprendendo coisas novas e solucionando problemas, podemos manter e até melhorar a função cerebral.
Novos estudos sobre o cérebro afirmam que é possível que ele se regenere. Descubra como isso acontece por meio de terapias e reprogramação celular.
De 40 a 50 anos
Durante essas décadas, as competências para resolver problemas, a memória e a habilidade de se lembrar de palavras passam a desacelerar. No entanto, sob uma perspectiva positiva, a capacidade de tomar decisões e de controlar as emoções começa a evoluir.
60 anos
O cérebro começa a encolher e se torna menos eficiente no acesso ao conhecimento. O maior fator de risco para a demência é o avanço da idade, e a maioria das pessoas que apresenta esse quadro tem 65 anos ou mais.
Embora o cérebro, como todos os órgãos do corpo, mude com a idade, nem tudo significa perda. Na verdade, existem vantagens em ter um cérebro mais velho. Saiba mais!
70 anos e mais
Na terceira idade, o cérebro pesa cerca de 9/10 de seu peso máximo e o fluxo sanguíneo que atravessa o órgão está reduzido em 1/5; no entanto, muitas habilidades cognitivas permanecem boas como antes.
À medida que envelhecemos, o cérebro se torna menos adaptável, mas nem por isso há limites para a quantidade de informação que podemos armazenar ou para o que podemos aprender ao longo da vida.
Passatempos! Para retardar o envelhecimento do cérebro, tire alguns momentos do seu dia para fortalece-lo. Estimule a concentração e a memória com jogos de raciocínio ou perguntas e respostas, e palavras cruzadas ou caça-palavras.