Se você tem resistência à insulina, seus níveis de glicose no sangue ainda podem estar normais, apesar de se elevarem após as refeições.
Elen Ribera | 7 de Junho de 2020 às 20:00
Sabe quando você tenta apertar o parafuso e quanto mais tenta apertar, mais difícil fica de girar? Com o corpo acontece algo semelhante.
Quanto mais alimentos que elevam a glicose são consumidos, mais insulina o corpo precisa bombardear para lidar com essa carga. Com o tempo, repetidas oscilações de insulina podem “forçar” os receptores desse hormônios nas células, de modo que elas não funcione tão bem e a insulina não possa ser utilizadas de maneira tão eficiente. Quando isso acontece, o corpo precisa bombear muito mais insulina para fazer o mesmo trabalho. Essa condição é chamada de resistência à insulina.
No Ocidente, onde as megarrefeições são muito difundidas, a resistência à insulina está se tornando cada vez mais comum e já atinge cerca de 25% dos adultos. Se você estiver acima do peso e tiver mais de 45 anos, a chance de que também venha a apresentar o problema é praticamente uma em duas. Pessoas acima do peso e sedentárias são muito mais propensas a desenvolver resistência à insulina.
É uma condição na qual o corpo produz insulina mas não a utiliza apropriadamente. Quando você come, parte do alimento se transforma em açúcar livre no sangue (glicose), a mais importante fonte de energia do organismo. O pâncreas responde secretando o hormônio que faz com que as células de todo o corpo permitam a entrada da glicose. Quando são resistentes à insulina, porém, as células se tornam parcialmente “surdas” à sinalização. Então, o pâncreas aumenta o seu volume, produzindo cada vez mais insulina.
Já o pré-diabetes é uma condição na qual os níveis de glicose no sangue estão acima do considerado normal, que é em torno de 90, mas não são altos o suficiente para se diagnosticar diabetes. O ideal é 85, isto é, qualquer coisa acima disso, é hora de reverter essa condição.
Os cientistas não sabem ao certo, mas a predisposição genética, a idade avançada, a falta de exercício e o excesso de peso (especialmente a gordura intra-abdominal) são fatores importantes. Uma alimentação rica em gordura saturada e carboidratos simples também contribui, bem como infecções crônicas (como gengivite), que liberam substâncias inflamatórias, interferindo na sinalização química proveniente da insulina.
Níveis altos de insulina podem lesar os vasos sanguíneos e estimular o fígado a produzir mais triglicerídeos e LDL-colesterol (o “mau”) e menos HDL-colesterol (o “bom”); também aumentam o risco de coágulos de sangue; e fazem com que o organismo retenha mais sódio, aumentando a pressão arterial. Também podem estimular o crescimento de alguns tipos de câncer e contribuir para a doença de Alzheimer. Se o seu pâncreas não acompanha o ritmo da necessidade do organismo de mais insulina, os níveis de glicose no sangue começam a subir e você se torna diabético.
A resistência à insulina se inicia lenta, furtiva e silenciosamente. Não há sintomas, mas ao desenvolvê-la é mais fácil ficar ainda mais resistente. É um círculo vicioso. Quanto mais insulina o corpo precisar produzir para controlar a glicemia, mais resistente a pessoa se tornará – a menos que faça algo para reverter o quadro, como estratégias de prevenção.
1. Depois de uma refeição, o pâncreas secreta insulina a fim de ajudar a glicose a penetrar nas células. Portanto, a insulina encontra seu caminho para as diferentes células do corpo, especialmente para as musculares, que queimam a glicose como energia.
2. A insulina se une a receptores nas células. Essa união desencadeia uma série de sinalizações químicas. Acima de tudo, permitem que as moléculas de glicose sejam transportadas para o interior das células.
3. Na resistência à insulina, alguns receptores de insulina estão danificados, fazendo com que a sinalização não tenha efeito. Esses sinais também podem ser confundidos se uma célula estiver tomada por ácidos graxos em demasia. Por exemplo, graças à genética e/ou ao excesso de gordura abdominal. As substâncias inflamatórias liberadas pela gordura abdominal e por infecções crônicas também interferem nessa sinalização.
4 Resultado: Em primeiro lugar, a célula não consegue absorver a glicose. Logo depois, o pâncreas tem de produzir mais hormônio. E, por fim, os níveis de glicose no sangue podem começar a subir.
EXERCITE-SE na maioria dos dias; sem dúvida, o exercício aumenta a sensibilidade à insulina.
CORTE CALORIAS e reduza a gordura saturada na sua alimentação.
PERCA de 5% a 7% do seu peso corporal.
COMA MAIS frutas, legumes, verduras e grãos integrais em vez de grãos refinados e doces. Para começar, estas três metas ajudarão você a estabilizar o seu nível de açúcar no sangue.
Saiba como controlar a glicose mudando seus hábitos alimentares.