O antiviral Remdesivir foi aprovado pela Anvisa para combater o Covid-19 em pacientes. No entanto, a OMS discorda deste uso.
Letícia Taets | 20 de Março de 2021 às 20:00
Na manhã da última sexta-feira (12), a Agência Nacional de Vigilância Sanitária do Brasil (Anvisa) aprovou o uso do primeiro medicamento específico contra Covid-19: o antiviral Remdesivir, cuja grafia também pode variar para Rendesivir.
De acordo com Gustavo Mendes, gerente geral de Medicamentos e Produtos Biológicos da Anvisa, o Remdesivir apresenta eficácia contra Covid-19 e pode vir a ser utilizada nos hospitais para o tratamento da doença.
O objetivo do Remdesivir é reduzir a quantidade de vírus dentro do organismo de uma pessoa já contaminada, impedindo que ele se multiplique. Isto ocorre através da interferência na enzima RNA polimerase dependente de RNA, que tem o poder de interferir no processo de replicação do vírus.
Desta forma, o Remdesivir não funcionaria como um tratamento precoce contra a Covid-19, ou mesmo como uma forma de evitar a hospitalização. Seu funcionamento ocorreria no sentido de que, uma vez hospitalizado, o paciente tomasse o remédio e, assim, precisasse passar menos tempo internado.
No entanto, de acordo com publicação feita pela Organização Mundial de Saúde (OMS) na revista médica britânica BMJ feita em novembro de 2020, o uso do Remdesivir não é recomendado.
Para a organização, a partir de dados baseados em ensaios clínicos com mais de 4 mil pessoas para diferentes tratamentos contra Covid-19 e em revisão de evisdências, o Remdesivir não apresenta resultados significativos na taxa de mortalidade de pacientes que contraíram o vírus.
Também segundo a OMS, não é possível comprovar a eficácia do Remdesivir em relação a outros resultados importantes para os pacientes, como o tempo para melhora clínica ou a necessidade de ventilação mecânica.
Além disso, o custo do tratamento com o Remdesivir seria bastante elevado, sendo de em média, 3 mil dólares, isto é, quase 20 mil reais. O fato de que o medicamento precisa ser tomado por via intravenosa também deveria ser levado em consideração, visto que há cada vez menos recursos disponíveis nos hospitais brasileiros.