Relaxar quarentena exige capacidade de teste em massa, diz OMS

Documento da OMS detalha as seis condições para os países levantarem a quarentena imposta contra o novo coronavírus, entenda.

Iana Faini | 15 de Abril de 2020 às 13:00

Thiago Santos/iStock -

Países que decidirem relaxar a quarentena precisam ter capacidade para testar e isolar todos os casos suspeitos e seus contatos, afirma a OMS (Organização Mundial da Saúde) nas recomendações técnicas de combate à pandemia de coronavírus, atualizadas na noite de terça (14).

Gerenciar a transição para um nível de contágio baixo e estável pode ser “a melhor saída em curto e médio prazo, na ausência de vacina segura e eficaz”, segundo a organização.

Para evitar um repique dos contágios, porém, as decisões devem ser baseadas em evidências, monitorada por dados de qualidade e implementadas de forma gradual.

“É essencial ter dados acurados em tempo real sobre os testes dos suspeitos, o isolamento e rastreamento dos contatos e a capacidade de atendimento dos serviços de saúde”, dizem as diretrizes.

A cada novo relaxamento, os governos devem verificar esses indicadores por um prazo mínimo de duas semanas.

A retirada de medidas mais duras também deve levar em conta características e riscos específicos de diferentes setores da economia, locais de convívio e atividades sociais. Quanto maior a chance de contágio, menos amplo deve ser o relaxamento.

Testes de anticorpos podem ajudar a calibrar as medidas “quando alternativas confiáveis estiverem disponíveis”.

O documento detalhou 6 condições para levantar a quarentena:

1. Transmissão controlada – para um “nível de casos esporádicos ou clusters”, com rastreamento dos contatos, do surgimento de novos casos e de importações. A OMS não fornece um número específico: os casos devem ser mantidos em um nível que permita ao sistema de saúde “administrar com substancial capacidade de atendimento clínico”;

2. Capacidade de atendimento do sistema de saúde – que permita detectar, isolar e tratar todos os casos, independentemente da severidade;

A detecção deve ser feita por registro de sintomas, triagem em hospitais, procura espontânea ou outros métodos

A testagem deve ser feita em todos os casos suspeitos em no máximo 24 horas após a identificação e coleta do material; deve haver capacidade suficiente para testar a ausência do vírus em pacientes recuperados

O isolamento deve ser aplicado a todos os casos confirmados, em hospitais ou locais apropriados até que tenha passado a fase de transmissão

Quarentena: todos os contatos próximos devem ser rastreados, isolados e monitorados por 14 dias, em local especial ou em autoisolamento

3. Riscos de surto em locais críticos (como asilos) minimizados – com identificação dos principais vetores de contágio e a aplicação de medidas como reforço da higiene, testagem e uso de equipamentos de segurança;

4. Medidas preventivas em locais de frequência pública, como escolas e escritórios, devem estar implantadas – incluindo distanciamento social, higiene das mãos e monitoramento da temperatura;

5. Risco de importação de casos deve ser administrado – com análise das possíveis rotas de entrada, meios para detectar casos suspeitos e capacidade de impor quarentena;

6. Comunidades devem estar informadas e engajadas nas medidas de prevenção de contágio – o que inclui a detecção e o isolamento de todas as pessoas contaminadas. Medidas de higiene e distanciamento devem ser mantidas e reforçadas.

ANA ESTELA DE SOUSA PINTO / FOLHAPRESS