A disfunção erétil é fácil de tratar, mas é preciso avaliar as causas subjacentes. Saiba mais sobre este problema que afeta tantos homens.
Redação | 1 de Abril de 2020 às 01:00
Há mais de duas décadas, a Pfizer mudou a vida dos homens com o Viagra, remédio para a disfunção erétil. Em 2017, a patente da empresa sobre o “comprimidinho azul” expirou, e o mercado sofreu outra mudança drástica. A Pfizer lançou sua versão genérica por metade do preço original, e mais concorrentes também entraram no mercado. Hoje, é facílimo comprar Viagra e outros comprimidos semelhantes, inclusive pela internet.
O potencial de demanda desses comprimidos é imenso. De acordo com o Estudo de Envelhecimento Masculino de Massachusetts, primeira grande investigação da disfunção erétil, mais de 50% dos homens entre 40 e 70 anos sofre ocasionalmente do problema (e a taxa aumenta com a idade).
Mas isso não significa que seja inevitável. “Idosos com boa saúde ainda podem ter ereções com estímulo natural”, diz o Dr. Guy T’sjoen, chefe do Departamento de Endocrinologia e Centro de Sexologia e Gênero do Hospital da Universidade de Ghent, na Bélgica.
Em geral, a disfunção erétil é sintoma de um problema subjacente. Os mais graves são doença cardíaca, diabetes e hipertensão arterial. Hoje, o sangue não chega ao pênis; daqui a alguns anos, talvez não chegue ao coração. Um estudo de 2018 constatou que homens com disfunção erétil tinham o dobro da probabilidade de sofrer infarto ou AVC nos quatro anos seguintes.
É por isso que o médico costuma investigar essas doenças antes de buscar outros culpados: medicamentos, como anticoagulantes e antidepressivos inibidores da recaptação de serotonina, ou desequilíbrios hormonais, como problemas de tireoide ou baixo nível de testosterona.
A disfunção erétil também pode ser causada pelo estilo de vida insalubre: obesidade, hábito de fumar e inatividade aumentam o risco. O bom é que emagrecer e praticar exercícios comprovadamente ajudam, e os fumantes, mesmo que há muito tempo, costumam melhorar depressa quando largam o hábito.
É claro que os medicamentos são sempre uma opção. Remédios como Viagra (ou sildenafil) funcionam porque relaxam a musculatura do pênis. Isso permite a chegada de mais sangue e resulta numa ereção natural quando há estímulo sexual (não basta engolir o comprimido). Mas o sildenafil precisa ser tomado uma hora antes do sexo e só age durante quatro horas; alguns usuários não gostam, porque têm de calcular a hora do intercurso.
Outro medicamento popular é o tadalafil, vendido como Cialis, que não tem essa limitação de tempo. “Chamamos de pílula do fim de semana porque o efeito dura 36 horas”, diz T’sjoen. “Quando tomada na tarde de sexta-feira, funciona nas noites de sexta e sábado.” Para ter ainda mais flexibilidade, uma versão com dose mais baixa pode ser tomada diariamente.
T’sjoen diz que aconselha os homens a também conversarem com um psicólogo sobre a ansiedade com o desempenho, que pode se desenvolver durante o período de disfunção erétil.
E ele lembra aos pacientes que não tenham vergonha de falar ao médico sobre a disfunção. O tratamento medicamentoso é fácil e eficaz e ninguém quer ficar sem saber de problemas mais graves. “Ter ereções indica boa saúde física e mental, e a disfunção erétil é um sinal de alerta”, adverte ele. “Incentivamos os homens a conversar com o clínico geral; isso pode salvar vidas.”