Mesmo que você já tenha ouvido falar do microbioma, é provável que não faça ideia do que seja. Nos últimos anos, cientistas publicaram várias descobertas
Mesmo que você já tenha ouvido falar do microbioma, é provável que não faça ideia do que seja.
Nos últimos anos, cientistas publicaram várias descobertas relacionando alterações nos trilhões de microrganismos que coexistem pacificamente em nossa pele, boca e sobretudo no trato intestinal – cujo genoma coletivo é conhecido como microbioma – a problemas de saúde tão diversos quanto asma, câncer e obesidade. Ainda assim, além de um crescente coro de questionáveis gurus de internet, orientações sobre como adquirir um microbioma saudável são escassas.
Há bons motivos para isso. Os cientistas destacam que, embora saibamos que os microbiomas diferem de cultura para cultura, de pessoa para pessoa e até mesmo de um dia para o outro, ainda não sabemos como é uma “boa” composição da flora intestinal. No momento, porém, a tendência nas pesquisas sobre microbioma aponta para mudanças de hábito sabidamente benéficas.
10:1 é a proporção citada do número de células microbianas em relação ao de humanas num adulto. Ou seja, somos mais microbianos que humanos. Em parte, é por isso que essa comunidade é tão importante para a nossa saúde.
“A função e a diversidade dessa comunidade são afetadas pelas escolhas de estilo de vida, das quais a mais importante é o que você come?”, afirma Justin Sonnenberg, microbiólogo na Escola de Medicina da Universidade de Stanford, na Califórnia, e coautor de um livro prestes a ser publicado sobre o microbioma e a saúde. “Estamos apenas começando”, diz ele. “No entanto, se você pegar toda a literatura e destilar os dados,ela nos diz alto e claro algumas coisas bastante óbvias.”
Em dois estudos publicados na edição de agosto de 2013 da revista Nature, cientistas de centros de pesquisas dinamarqueses, franceses, alemães, chineses, espanhóis, holandeses e britânicos relataram que indivíduos com microbiomas menos variados tendiam a ter mais gordura corporal e maior resistência insulínica que os com maior riqueza bacteriana. Em indivíduos acima do peso, uma dieta rica em fibras, com frutas e legumes, aumentou a variedade bacteriana e levou à melhora nos sintomas clínicos da obesidade.
E os antibióticos que matam tanto as bactérias boas quanto as ruins? Eles ainda são nossa melhor defesa contra muitas doenças comuns e com risco potencial de morte. Quando os antibióticos forem necessários, não deixe de ouvir sua microbiota. Uma metanálise de 2012, publicada no Journal of the American Medical Association, descobriu que adultos e crianças que consumiam produtos probióticos tinham menor risco de ter diarreia após o uso de antibióticos.