Saiba quais são os problemas da retina mais comuns em idosos e como proteger seus olhos para ter uma boa visão durante toda a vida.
Muitos idosos têm problemas da retina, geralmente causadas por doenças associadas ao envelhecimento. Mas muitos negligenciam a saúde dos olhos. “Ao envelhecer, muita gente espera que haja declínio da visão”, diz o Dr. David Garway-Heath, professor de Oftalmologia da University College London, “e, basicamente, não procura o médico de forma rotineira para perceber doenças dos olhos.”
Pular os exames pode ter efeitos calamitosos: os problemas da retina progridem em silêncio e roubam a visão quando intervenções poderiam ajudar. “Quem tem essas doenças pode não apresentar sintomas”, diz a Dra. Sehnaz Karadeniz, professora de Oftalmologia do Hospital Florence Nightingale, em Istambul. “Portanto, os exames oculares regulares são fundamentais para salvar a visão.”
A retina é a área no fundo do olho onde o cristalino projeta imagens. Para ver essas imagens, a retina tem de mandar os detalhes ao nervo óptico para que o cérebro possa processá-las. Quando há lesão da retina, parte da visão ou toda ela pode ser eliminada, às vezes de forma permanente.
Conheça os problemas da retina mais comuns em idosos e descubra como se prevenir:
Degeneração macular relacionada à idade
A degeneração macular relacionada à idade (DMRI) cobre o campo central da visão e dificulta ver aquilo que olhamos diretamente, embora a visão periférica continue intacta.
A DMRI é a principal causa de cegueira em adultos. No início, linhas retas parecem distorcidas. Depois, pontos escuros bloqueiam o que se olha.
“O centro da retina lhe dá mais qualidade de vida”, diz o Dr. Hansjürgen Agostini, especialista em retina do Centro de Olhos da Universidade de Freiburg, na Alemanha. “É com ele que lemos, que reconhecemos rostos.”
Há duas formas de DMRI: úmida e seca. Cerca de 80% das pessoas têm a forma seca, causada pelo afinamento da retina devido à idade. Atualmente não há tratamento, embora as pesquisas continuem. “Um estudo inicial mostrou que, num grupo específico e geneticamente definido que corresponde a cerca de metade da população, é possível desacelerar o avanço da doença com uma injeção mensal, mas esse achado terá de ser confirmado por ensaios de estágio posterior”, diz ele.
Somente 20% das pessoas têm a DMRI úmida, que causa perda significativa da visão: vasos sanguíneos anormais crescem atrás da retina, vazando sangue, provocando cicatrizes e danificando a retina. Injeções intraoculares podem impedir o sangramento, mas têm de ser frequentes, muitas vezes durante anos. “As injeções não são agradáveis, porque entram no olho, mas os pacientes são preparados para não sentir dor”, diz Julie-Anne Little, professora da Universidade de Ulster, na Irlanda do Norte. “Vários estudos comprovaram seu valor para preservar a visão.”
As pessoas com DMRI não ficam cegas e conseguem se orientar com a visão periférica.
Retinopatia diabética
Atingindo cerca de 75% das pessoas que têm diabetes há mais de 20 anos, a retinopatia diabética é a principal causa de cegueira evitável entre adultos diabéticos. A glicemia descontrolada prejudica os vasos sanguíneos do corpo todo, inclusive os que alimentam a retina. Eles podem se inflamar e extravasar, ou podem surgir vasos novos que vazam na retina. O sangue que vaza ou o fluxo insuficiente pode distorcer ou bloquear a visão. “Os diabéticos têm perda gradual da visão por causa da retinopatia e não a percebem até a vida cotidiana ser afetada”, diz a Dra. Karadeniz, presidente europeia da Federação Internacional de Diabetes. “É possível prevenir a perda grave de visão quando o problema é logo diagnosticado e tratado.”
A retinopatia diabética proliferativa costuma ser tratada com cirurgia a laser para reduzir a hemorragia no fundo do olho. Outra doença, o edema macular diabético (EMD), se desenvolve em cerca de metade dos que têm retinopatia diabética. O EMD étratado com injeções intraoculares tomadas regularmente para bloquear uma proteína que estimula o crescimento de vasos sanguíneos anormais. “Quatro a seis semanas depois da suspensão das injeções, as proliferações voltam”, diz o Dr. Agostini.
Retina descolada
O descolamento da retina é mais comum depois dos 40 anos e costuma ser causado pelo envelhecimento. O interior do olho é cheio de uma substância gelatinosa, o vítreo. Quando envelhecemos, o vítreo pode encolher e tracionar a retina ao se mover. Às vezes, a força é suficiente para rasgar a retina, separando-a do fundo do olho, e ela passa a não funcionar direito.
Para os oftalmologistas, é fácil identificar essa emergência médica. Repará-la rapidamente pode restaurar a visão. “Quanto mais cedo tratarmos, melhor”, diz a Dra. Little. “É uma cirurgia difícil e complexa, mas os cirurgiões obtêm resultados muito bons.”
Mudanças no estilo de vida não previnem o descolamento da retina ligado à idade, mas é possível preservar a visão com o tratamento imediato.
Como prevenir os problemas de retina mais comuns ligados à idade:
Para reduzir o risco de DMRI: Não fume
O cigarro pode dobrar o risco da doença. Procure ajuda caso não consiga parar de fumar sozinho. Tenha uma vida saudável “Acredita-se que a alimentação mediterrânea reduza o risco”, diz o Dr. Peter Wiedemann, diretor do Departamento de Olhos do Hospital da Universidade de Leipzig, na Alemanha. “A atividade física baixa o risco. Em 41 mil indivíduos, os que praticavam atividade física tiveram redução de 40% do risco de DMRI em comparação com os sedentários.”
Para reduzir o risco retinopatia diabética e edema macular diabético (EMD): Controle a glicemia
“Podemos fazer muito, mas não temos nenhuma chance quando o nível de glicose não é bem controlado”, diz o Dr. Agostini.
Consulte um oftalmologista Vá assim que tiver o diagnóstico de diabetes e, em seguida, uma vez por ano. “Cerca de 20% dos que recebem o diagnóstico de diabetes tipo 2 também recebem na mesma época o de retinopatia”, diz a Dra. Karadeniz.
Para prevenir a perda de visão por descolamento da retina: Questione obstruções visuais
Elas podem significar descolamento da retina. “Se de repente você passar a ver estrelas ou manchinhas escuras flutuantes, como neve escura, vá ao oftalmologista, porque pode ser uma emergência”, recomenda o Dr. Wiedemann.
Procure tratamento na mesma hora Demorar pode provocar perda permanente da visão. “Se você vir nuvens escuras ou relâmpagos muito fortes ou sombras ou paredes escuras se aproximando, procure um especialista no mesmo dia”, diz o Dr. Agostini.
Por LISA FIELDS