Muitas pessoas doentes são assistidas em casa, geralmente por um parente. Isso impõe uma grande pressão ao cuidador, que necessita de apoio adequado.
Com frequência, o cuidador se esquece de suas próprias necessidades para se dedicar ao paciente. Contudo, é fundamental que ele se coloque em primeiro lugar durante algum tempo, para que continue a desempenhar esse papel.
No Brasil, é muito comum que os próprios familiares desempenhem o papel de cuidador. No entanto, é importante ter em mente que cuidar de um parente idoso ou acamado é exaustivo e pode causar enorme estresse nas relações. Por isso é muito importante que o familiar que se voluntaria para esta tarefa informe-se o mais cedo possível. Saber sobre a provável evolução do distúrbio diagnosticado, como sintomas, efeitos colaterais dos medicamentos etc, é fundamental. Ele não deve ter receio de pedir orientação ao clínico, ao serviço social ou a algum grupo de apoio. Ter informações prévias do avanço do caso irá ajudá-lo a tomar decisões e a se planejar melhor.
Em muitos casos quando o familiar assume a posição de cuidador as relações familiares podem ficar mais complicadas com o passar do tempo devido ao estresse. Por isso é importante que haja um diálogo prévio sobre o desejo de ambos acerca do tratamento (por exemplo, em que ponto o cuidador decide que não é mais possível cuidar da pessoa em casa). As decisões tomadas quando a pessoa está relativamente bem ajudam todos a enfrentar melhor a situação mais tarde.
Cuide de você para cuidar do próximo
O cuidador também precisa cuidar de si mesmo e fazer consultas periódicas ao clínico geral e buscar orientação para qualquer problema, mesmo que trivial. Ansiedade e depressão são comuns em cuidadores, e o tratamento é mais fácil no estágio inicial. Preste atenção à alimentação: se não tiver condições de cozinhar, procure um serviço de entrega de refeições em domicílio e complemente com frutas e hortaliças frescas, proteínas com baixo teor de gordura e cereais integrais de qualidade nas demais refeições. Procure exercitar-se, mesmo que seja com uma caminhada em volta do quarteirão, pois respirar ar fresco traz benefícios, e durma o suficiente à noite. Lembre-se: sua saúde pode fazer a diferença entre a permanência da pessoa em casa e a transferência para uma residência terapêutica.
Você precisa de tempo para si mesmo periodicamente: procure reservar uma hora por dia, meio dia por semana e pausas regulares a intervalos de alguns dias. Peça ajuda a amigos e parentes ou descubra as opções locais em termos de atendimento domiciliar, centros de cuidados diurnos, centros de convivência e serviço residencial temporário. É importante manter contatos sociais fora de casa. Peça aos parentes e amigos que façam visitas ou telefonem, para que seu horizonte não fique limitado.
Você não pode fazer tudo sozinho. Peça ajuda cedo e com frequência, de modo que, mais tarde, quando você realmente precisar, haja uma equipe de pessoas testadas e de confiança que possam substituí-lo.