Parte do sangue rica em anticorpos, o plasma convalescente é usado como tratamento para pacientes infectados pelo novo coronavírus.
Ana Marques | 4 de Maio de 2021 às 16:00
Pessoas que já tiveram Covid-19 podem doar plasma convalescente para ajudar outros pacientes no tratamento da doença. A coleta vem sendo realizada por hemocentros parceiros do Instituto Butantan, e faz parte de dois estudos piloto realizados em parceria com a prefeitura de Santos e Araraquara, no estado de São Paulo.
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Plasma sanguíneo é a parte líquida do sangue, que corresponde a 55% do volume total. Nele, estão contidos sais minerais, proteínas, dióxido de carbono e outras substâncias dissolvidas em água.
Já o plasma convalescente, como indica o nome, nada mais é do que o plasma sanguíneo de pessoas em período de convalescência. Isto é, na transição após a enfermidade (no caso, a infecção por Covid-19), em sentido à recuperação total da saúde.
O plasma convalescente é altamente rico em anticorpos, já que vem de uma pessoa que sofreu a infecção, o que provocou a reação do sistema imunológico. O tratamento com essa substância pode colaborar na aceleração da resposta natural de quem apresenta sintomas da doença.
Ainda assim, de acordo com a médica Maria Angélica de Camargo, que atua em uma das unidades de coleta, a substância é um “coadjuvante”, já que não temos tratamento para Covid-19.
Apesar de ainda ser usado de forma experimental no tratamento de pacientes com Covid-19, segundo a Nota Técnica nº 21/2020-CGSH/DAET/SAES/MS, esse tipo de tratamento é conhecido de longa data.
A transfusão de plasma convalescente foi usada pela primeira vez durante a década de 1890 para ajudar a combater surtos de doenças antes da criação da terapia antimicrobiana, nos anos de 1940 e durante a gripe espanhola, em 1918. A medicina também recorreu a essa técnica no século 20, para reduzir surtos de sarampo, caxumba e gripe.
Posteriormente, o tratamento foi usado durante a pandemia de gripe suína (H1N1), em 2009, e em 2013, durante o surto de Ebola na África Ocidental.
De acordo com o Ministério da Saúde, no Brasil, a coleta e transfusão de plasma convalescente para uso experimental no tratamento de pacientes com Covid-19 pode ser realizada em pessoas com doença moderada ou grave, que apresentem sintomas há, no máximo, 72 horas.
O público-alvo da campanha realizada pelo Instituto Butantan engloba pacientes imunossuprimidos, pacientes idosos (maiores de 60 anos) e pacientes com comorbidades (diabetes mellitus, hipertensão arterial, coronariopatia e obesidade).
É importante ressaltar que trata-se de uma terapia “experimental” porque seus estudos em fase clínica tiveram início, mas ainda não foram concluídos. Isto é, há evidência científica de que o plasma convalescente auxiliou pacientes com outras doenças, mas não se sabe qual é a eficácia deste método no tratamento da Covid-19.
Para doar plasma convalescente, o indivíduo passa pela mesma triagem de uma doação de sangue normal. Ou seja, são requisitos:
Há ainda algumas necessidades extras para quem pensa em se voluntariar:
Normalmente, o processo todo, considerando aferição, triagem e coleta, leva cerca de uma hora, com a coleta ocupando aproximadamente 40 minutos.
Na técnica chamada de plasmaférese, após a coleta do sangue, é feita a extração do plasma convalescente em um equipamento próprio. As hemácias e elementos figurados, como as plaquetas, são devolvidos ao doador.
Também pode ser realizada a doação normal de sangue, em que não há retorno das hemácias e elementos figurados (são descartados após a doação do plasma).
Sim. Se você cumpre os requisitos mencionados acima, a vacinação é um fator que melhora o cenário, já que os anticorpos são reforçados pela imunização.
Você pode conferir todos os postos de coleta de plasma convalescente nesta lista do Instituto Butantan.
Com informações: Unicamp, Instituto Butantan e G1