Com a expectativa média de vida aumentando, manter o foco mental e a saúde do cérebro é agora uma das grandes preocupações da ciência.
A ciência confirma nossas suspeitas: uma fixação crescente em telas de vídeo e as imagens e mensagens constantemente em movimento que elas apresentam podem estar alterando a maneira como o cérebro funciona. Assim como nossa capacidade de manter o foco mental, ou seja, de nos concentrar. Pesquisas recentes mostram que cérebros mais jovens podem processar a informação mais rápido que as gerações anteriores. Por isso os jovens conseguem mudar de tarefa mais facilmente. Adultos mais velhos, no entanto, podem ser mentalmente superiores em sua habilidade de se concentrar e aprender. Isso se deve a uma capacidade de atenção mais resiliente e duradoura. “Este é o novo conflito de gerações”, diz Tim Wu, professor na Escola de Direito de Colúmbia e escritor. “E as pessoas mais velhas levam algumas vantagens.”
Capacidade de concentração
O principal culpado em sequestrar a capacidade de atenção é o smartphone. O ato de ficar verificando a tela do celular é tão comum que, em uma pesquisa, mais de 40% dos consumidores americanos disseram que olham os aparelhos nos primeiros cinco minutos depois de acordar. Além dos telefones, as telas de vídeo estão em nossas salas (TVs) e sobre nossas mesas (computadores), estão nos táxis e nos elevadores, nas salas de espera e em lojas.
Como não cresceram com smartphones, pessoas mais velhas podem ser mais bem equipadas para pensar. De acordo com Wu, “em geral, elas também são mais bem treinadas para ter paciência com tarefas complexas”. Isso não significa que os mais velhos tenham todas as vantagens mentais. A velocidade de processamento do cérebro começa a decair por volta dos 24 anos, segundo um estudo da Universidade Simon Fraser, no Canadá. E com o declínio do processamento vem uma capacidade cada vez menor de trocar de tarefas ou de gerenciar interrupções.
Daqui a alguns anos, as exigências sobre nossa capacidade de concentração provavelmente vão aumentar à medida que a tecnologia entra mais em nossa vida. Evitar o futuro de distrações – e poupar o seu cérebro – depende de você.
Aqui estão cinco maneiras de recuperar o foco:
1. Leia um bom livro
Em um estudo da Universidade Emory, em Atlanta, os participantes que leram à noite e se submeteram a exames de imagem na manhã seguinte mostraram conectividade aumentada na região do cérebro associada à linguagem. As alterações neurais persistiram por cinco dias depois que os participantes terminaram o livro.
2. Toque um instrumento
Ou medite. Ou escreva durante 30 minutos. “Concentrar-se em uma única tarefa aumenta sua capacidade de focar em outras tarefas”, diz Joe DeGutis, professor de Harvard e coautor de um estudo sobre atenção sustentada. “Tornar essas atividades um hábito pode resultar em ‘um estado de treinamento de atenção’, quando você está mais capacitado a entrar em um estado de relaxamento e concentração para outras atividades.”
3. Trabalhar pela manhã
Em um estudo do Instituto de Pesquisa Rotman, participantes com 60 a 82 anos se saíram melhor em tarefas cognitivas e estavam mais concentrados quando testados pela manhã do que à tarde.
4. Aprenda uma língua estrangeira
Pesquisas na Universidade de Birmingham, na Inglaterra, descobriram que pessoas bilíngues mantêm mais o foco e a atenção do que as monolíngues.
5. Faça trabalhos voluntários
Em adultos mais velhos que foram mentores voluntários de crianças, essa atividade não só interrompeu o encolhimento do cérebro relacionado à idade como alguns cérebros até aumentaram ligeiramente de tamanho, segundo uma pesquisa na Escola Bloomberg de Saúde Pública, da Universidade Johns Hopkins.
—Ken Budd
Fonte: AARP Bulletin (dezembro de 2017), © 2017 AARP, www.aarp.org/bulletin