Passo 2 para um cérebro melhor: Evitar o Alzheimer

Com a expectativa média de vida aumentando, manter a saúde do cérebro e evitar o Alzheimer é agora uma das grandes preocupações da ciência.

Redação | 23 de Novembro de 2018 às 19:00

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A ciência está desafiando a ideia de que não podemos fazer nada para evitar a doença de Alzheimer. Embora fatores de risco – idade, gênero, etnia – são conhecidos há tempos, uma pesquisa recente identificou outros aspectos potenciais. A boa notícia: de um terço a dois terços de casos estimados de Alzheimer podem ser ligados a fatores sob seu controle. Eis aqui o pensamento científico mais recente sobre como gerenciar seus riscos.

Genes

Estudos americanos verificaram que cerca de 25% das pessoas possuem uma cópia do gene da doença de Alzheimer (APOE e4). Isso triplica o risco de desenvolvê-la. Outros 2% têm duas cópias do gene, multiplicando as probabilidades por 8 a 12 vezes. O gene APOE e4 cria uma proteína que movimenta o colesterol pela corrente sanguínea. Mas, para algumas pessoas, uma variante do APOE e4 vem sendo relacionada ao acúmulo de placa amiloide no cérebro. Essa circunstância leva à perda de memória precoce e de neurônios.

A média do diagnóstico da doença de Alzheimer é de 84 anos para pessoas sem o gene APOE e4. Para aquelas com o gene, ele ocorre entre 8 e 16 anos antes. Em um estudo internacional com 27.109 pessoas com Alzheimer, menos da metade tinha o gene APOE e4, e quase 10% tinham duas cópias.

“Muitas pessoas com o gene APOE e4 não desenvolvem a doença”, diz o Dr. Jesse Mez, professor assistente de neurologia na Universidade de Boston. “Um estilo de vida saudável realmente pode fazer a diferença.” Exemplo: manter os níveis de colesterol sob controle significou um risco menor de declínio mental nas pessoas com o gene do Alzheimer. Foi o que comprovou um recente e amplo estudo alemão.

Histórico familiar

Estudos sugerem que ter um progenitor, irmão ou irmã com surgimento tardio da doença de Alzheimer aumenta seu risco em 2 a 4 vezes. O gene APOE e4 é responsável por cerca de 50% deste risco. Mas outros genes podem estar envolvidos, de acordo com pesquisadores da Universidade Duke. Hábitos de vida que você compartilha com a família também podem ter um papel no desenvolvimento da doença, segundo a Associação de Alzheimer. Assim, estabeleçam mudanças saudáveis para toda a família.

Lesão antiga na cabeça

Traumatismos cranianos moderados a graves podem aumentar o risco de Alzheimer em 2,3 a 4,5 vezes. Que traumatismos são esses?Aqueles que o deixam desacordado por 30 minutos ou mais, como os provocados por um acidente de carro. Uma lesão leve não parece aumentar o risco. Em um estudo de 2014 da Clínica Mayo com 589 adultos, exames de imagem do cérebro revelaram níveis maiores de placas amiloides em pessoas com problemas de memória leves que sofreram algum traumatismo craniano que as deixou desacordadas.

Diabetes

Ter altos níveis de açúcar no sangue duplicou o risco da doença de Alzheimer em um estudo que monitorou 1.017 pessoas ao longo de 15 anos. O excesso de glicose danifica os vasos sanguíneos no cérebro, ao passo que a resistência à insulina pode favorecer o acúmulo de placas e emaranhados neurofibrilares.* Em dois estudos, diabéticos que tomaram o medicamento pioglitazona ou metformina diminuíram significativamente o risco de desenvolver Alzheimer.

Emaranhados neurofibrilares (também chamados novelos neurofibrilares) são alterações intracelulares verificadas no citoplasma dos neurônios.

Tabagismo

A pesquisa mostra que os fumantes têm um risco 70% maior de ter Alzheimer do que os não fumantes. O tabaco aumenta o estresse oxidativo do cérebro, deixando que os radicais livres, compostos prejudiciais às células, se descontrolem, acelerando o acúmulo de placas e emaranhados. Especialistas apontam que as artérias se tornam mais saudáveis em seis meses a partir da suspensão do hábito de fumar, o que pode beneficiar o cérebro. Ou seja, parar de fumar diminui o risco de AVC, que agrava o Alzheimer.

Vanguarda

Pesquisas sobre Alzheimer estão encontrando outras causas potenciais da doença. Microrganismos comuns, como o vírus herpes simples (que causa o herpes labial) e a bactéria Chlamydia pneumoniae (que causa a pneumonia), podem também desencadear a produção de placas e emaranhados, revelam os pesquisadores, incluindo Brian J. Balin, professor de neurociência e neuropatologia da Faculdade de Medicina Osteopática de Filadélfia.

Outros especialistas suspeitam de que o desequilíbrio das bactérias intestinais pode desempenhar um papel no aumento da inflamação. Pessoas com doença de Alzheimer possuíam menos tipos de bactérias intestinais do que aquelas sem Alzheimer, em um estudo recente da Universidade do Wisconsin. A higiene moderna pode estar exterminando as boas bactérias, o que contribui para o risco, observam os pesquisadores.

—Sari Harrar

Fonte: AARP Bulletin (dezembro de 2017), © 2017 AARP, www.aarp.org/bulletin