Com a média diária de mortes por Covid-19 diminuindo mundialmente, há outro cenário no Brasil: a possibilidade da doença se tornar endêmica.
Letícia Taets | 27 de Fevereiro de 2021 às 17:00
De acordo com a atualização epidemiológica semanal publicada pela Organização Mundial de Saúde (OMS) no início deste semana, os casos de Covid-19 pelo mundo diminuíram cerca de 16% ao redor do mundo.
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Devido ao avanço da vacinação globalmente, com países como Israel chegando a vacinar quase 50% da população em pouco mais de dois meses, e também com a volta do lockdown e do fechamento de fronteiras em alguns países da Europa, a situação em diversas regiões do planeta melhora aos poucos.
Por outro lado, com mais de 200 milhões de habitantes, o Brasil não chegou a vacinar sequer 4% de sua população em mais de um mês desde a chegada da vacina ao Brasil. Em diversos municípios da Região Metropolitana do Rio de Janeiro, por exemplo, não há mais vacinas da primeira dose disponíveis para aplicação à faixa etária prevista pelo cronograma apresentado.
Além disso, a baixa adesão ao uso de máscaras e a permanência de eventos com aglomerações dificultam a diminuição de casos no país. No Carnaval, por exemplo, foi possível observar que diversos megaeventos com pouca ou nenhuma coibição do poder público.
A falta de testagem em massa, bem como de distanciamento social também contribui para o panorama preocupante.
De acordo com estudo publicado pelo think thank australiano Lowy Institute, o Brasil foi considerado o pior país do mundo para se estar durante a pandemia, dentre os 98 países pesquisados pelo instituto.
Os critérios para a definição do índice medidor de bem-estar na pandemia de Covid-19 do Lowy Institute levam em consideração medidas tomadas pelos governos, como lockdown, fechamento e maior controle de fronteiras, rapidez da vacinação no país e aderência da população às medidas preventivas contra a Covid-19.
Por definição, endemia é uma doença que se manifesta em um determinada região, com causa local, de forma frequente. No Brasil, são consideradas endêmicas a dengue, a malária e a febre amarela, por exemplo.
Em virtude das questões já citadas acima e também do surgimento das novas cepas da doença, portanto, é possível que a Covid-19 se torne uma doença endêmica no país, surgindo de forma focada e sazonal em regiões diferentes do Brasil.
Assim, seria necessário constantemente tomar vacinas novamente para evitar contrair o vírus, como já acontece atualmente com a gripe.
Acredita-se que os casos endêmicos seriam mais leves, com a aparição de sintomas como tosse, febre e cansaço. No entanto, com a contínua circulação do vírus, no entanto, os grupos de risco continuariam a ser expostos, gerando possivelmente surtos de casos graves e mortes.