Voluntários têm tomados as praias do Nordeste para operações de limpeza do óleo que atinge a região desde 30 de agosto. Mas a falta de equipamentos de
Julia Monsores | 24 de Outubro de 2019 às 15:19
Voluntários têm tomados as praias do Nordeste para operações de limpeza do óleo que atinge a região desde 30 de agosto. Mas a falta de equipamentos de proteção adequados, essenciais para evitar riscos à saúde, é um fator preocupante na ação das pessoas.
Segundo o Ministério da Saúde, não se deve entrar em contato com o óleo que já atingiu 233 locais de 88 cidades dos nove estados do Nordeste. A orientação ganha ainda mais peso no caso de crianças e gestantes.
A pasta também afirma que o indicado é evitar contato com solo e água contaminados.
Mas não é difícil encontrar imagens de pessoas trabalhando sem o equipamento necessário na retirada do óleo, como sem camiseta, de chinelo e até mesmo sem proteção nas mãos.
Alessandra Romiti, dermatologista da Sociedade Brasileira de Dermatologia, afirma que o manuseio do óleo sem luvas de PVC pode levar a quadros de dermatite de contato e até mesmo a queimaduras – dependendo da exposição do material ao sol.
Caso ocorra um contato sem luvas ou botas com o material, a indicação é que se lave o óleo do corpo com água e sabão. Se a substância não estiver saindo, pode-se usar óleo de cozinha para ajudar na remoção.
A especialista diz que não se deve usar solventes para retirar o óleo do corpo, considerando que a substância pode aumentar o risco de uma reação alérgica. Se aparecerem sinais de alergia ou descamação, o indicado é procurar um médico.
Caso o óleo acabe entre em contato com os olhos, deve-se buscar rapidamente sua remoção, lavando a área com água corrente e um xampu infantil neutro (para evitar maior irritação nos olhos).
A entrada na água para recolhimento de placas de óleo também só deveria ocorrer com roupas que servissem de proteção para o indivíduo, com aquelas de neoprene.
Também é importante a proteção dos olhos e das vias aéreas, respectivamente com óculos e máscara. De acordo com o Ministério da Saúde, os vapores derivados do óleo podem causar dificuldade de respirar, dores de cabeça e inflamação dos pulmões.
A exposição a longo prazo pode levar à danos nos pulmões, fígado, rins e ao sistema nervoso; supressão do sistema imune; problemas hormonais e infertilidade; desordens do sistema circulatório e até câncer.
“Qualquer tentativa de remoção não deve ser feita sozinha”, diz Diego Igawa Martinez, coordenador de projetos de Proteção do Mar da SOS mata atlântica. Segundo o biólogo, o ideal é que as pessoas se juntem a grupos de voluntários que estão fazendo a limpeza das praias.
Após coletado, o óleo deve ser armazenado em tambores, bombonas ou tonéis e ficar fechado, considerando que trata-se de material inflamável. Sacos de lixo, pelo risco de se rasgarem, não são indicados para armazenamento. O Ibama definirá a destinação do óleo coletado.