Apesar da crescente conscientização da necessidade de se manter um peso saudável, estudos revelam que a população mundial está engordando.
Redação | 14 de Janeiro de 2022 às 14:00
Apesar da crescente conscientização da necessidade de se manter um peso saudável, os indícios atuais revelam que a população mundial está engordando. Assim, para alcançar esse objetivo ainda têm um longo caminho pela frente.
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Em um extremo do espectro, tanto em países desenvolvidos quanto naqueles em desenvolvimento, o número de pessoas acima do peso está, em média, aumentando. No outro extremo, distúrbios alimentares como a anorexia e a bulimia nervosa são uma preocupação crescente.
De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), em 2014, quase dois bilhões de adultos – cerca de um terço da população global – estavam acima do peso. Destes, mais de 600 milhões eram obesos. A obesidade é hoje considerada um dos mais graves desafios à saúde pública enfrentados pelos países desenvolvidos, um risco até maior à saúde do que fumar.
Ainda mais preocupantes são os dados sobre crianças acima do peso e obesas, com o número de crianças acima do peso com menos de cinco anos de idade estimado em mais de 42 milhões. Embora a taxa de crescimento tenha diminuído, a tendência ainda é de crescimento, e isto tem implicações para a saúde global no longo prazo, porque é muito provável que crianças acima do peso tornem-se adultos obesos e acima do peso.
Há muito mais em jogo do que apenas ter boa aparência. O excesso de peso afeta seriamente a expectativa e a qualidade de vida por aumentar o risco de doenças evitáveis, como o diabetes tipo 2 – que está agora ocorrendo em adultos mais jovens – e doença cardiovascular.
Por causa das consequências econômicas e sociais da obesidade, um número cada vez maior de países está adotando políticas de saúde pública a fim de diminuir a velocidade de crescimento do número de casos.
O Brasil está incluído entre as nações com os maiores índices de obesidade do mundo, ocupando o terceiro lugar entre os países integrantes do Brics (logo atrás da África do Sul e da Rússia), bloco composto por países com economias de mercado emergentes, que têm uns dos maiores índices de pessoas acima do peso. No país, 54,4% da população adulta encontra-se acima do peso, sendo 17,9% o índice de obesos entre esse grupo. Estima-se que a obesidade atinja ainda 5% das crianças abaixo de cinco anos.
Então, por que o controle eficaz do peso é um problema tão grande hoje em dia? E por que tanta gente acha difícil conquistar um pedo saudável e mantê-lo ao longo da vida?
A resposta simples é que há um desequilíbrio entre a quantidade de calorias que ingerimos por meio de alimentos e bebidas e a quantidade de energia que gastamos para manter nosso corpo funcionando e executar atividades da vida cotidiana. Há três motivos principais para isto:
Além disso, o estresse e as tensões da vida moderna podem desencadear a alimentação reconfortante, mais provavelmente o consumo de alimentos com alto teor de gordura e açúcar. Como o corpo armazena a energia não utilizada na forma de gordura corporal, quando nossa ingestão é maior que a energia que despendemos, nós engordamos.
A tecnologia moderna reduziu a quantidade de atividades físicas que praticamos na vida cotidiana em todos os níveis, do transporte pessoal aos aparelhos que economizam trabalho no lar e no escritório. Tanto a concepção do ambiente urbano, que desestimula as atividades físicas e a mobilidade ativa, quanto a disponibilidade generalizada do automóvel tiveram enorme impacto nos níveis diários de atividades da pessoa comum: caminhar a um ritmo moderado, por exemplo, queima cerca de 250 kcal em uma hora, ao passo que dirigir queima 100 kcal por hora.
Ao mesmo tempo, mudanças nos hábitos sociais nos fizeram comer refeições menos estruturadas, refeições prontas compradas no supermercado, ou refeições para viagem com elevado teor de gordura, suplementadas com lanches frequentes com alto teor energético. Pesquisas mostram que até 45% da ingestão alimentar de algumas crianças provêm de lanches, e não de refeições regulares.
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O problema maior é inerente à fisiologia humana – nosso corpo foi concebido para o mundo dos caçadores-coletores. Durante milhares de anos, a busca por comida exigiu altos níveis de dispêndio de energia. Alimentos ricos em gordura e açúcar eram capazes de salvar vidas.
Depois, quando a agricultura se desenvolveu, era necessário esperar meses entre o plantio e a colheita. Sobreviver era uma luta. Os indivíduos que não possuíam um suprimento de energia sob a forma de gordura corporal para quando a comida era escassa não sobreviviam.
Marcha lenta da sobrevivência
Nosso organismo é programado para lidar com períodos de semi-inanição – se comermos menos, o corpo se torna mais eficiente para funcionar com menos comida. O metabolismo desacelera a fim de conservar energia. Por isso é difícil continuar perdendo peso apenas fazendo dieta. O corpo se adapta à mudança na ingestão de comida e desacelera todas as funções não essenciais.
Se seu estilo de vida moderno ajudou você a engordar:
Dica 1: Reduza a ingestão de gorduras e açúcares. Restrinja seu consumo de alimentos processados, fast-food e bebidas açucaradas.
Dica 2: Aumente a ingestão de frutas, hortaliças, grãos integrais e nozes. Prepare as refeições em casa.
Dica 3: Aprenda a reconhecer a diferença entre fome e apetite, e a parar de comer quando você não tem necessidade física de combustível. Fique atento às porções.
Dica 4: Transforme as atividades físicas em parte de sua vida – são recomendados 150 minutos por semana para adultos e 60 minutos por dia para crianças. Uma caminhada diária com um amigo, uma partida de futebol semanal, uma aula de dança – existem muitas formas agradáveis.