A obesidade na terceira idade não é um assunto tão simples quanto aparenta. Há diversos fatores que devem ser levados em consideração.
Douglas Ferreira | 5 de Abril de 2020 às 11:45
É verdade, em todo o planeta está aumentando o número de adultos mais velhos obesos. Porém, ainda não existe uma definição apropriada para esse grupo etário. A indefinição se deve à sarcopenia, que nada mais é que a perda progressiva de musculatura e o ganho de tecido adiposo associados ao envelhecimento. Assim sendo, é motivo de controvérsia o tratamento do sobrepeso e da obesidade nos idosos porque há poucas diretrizes formais. Além disso, existe um paradoxo de obesidade – aparentemente a obesidade exerce um efeito protetor nesse grupo etário.
Nos adultos mais velhos a circunferência da cintura é um indicador mais apropriado do que o índice de massa corporal como parâmetro de obesidade.
Pode causar surpresa o fato de que estar moderadamente acima do peso ideal gera uma vantagem, em termos de sobrevida, para os adultos mais velhos. No entanto, um índice de massa corporal igual ou superior a 30 kg/m² ainda está associada a muitos riscos para a saúde.
Dessa forma, as recomendações para perda de peso para os indivíduos obesos mais velhos devem levar em conta os benefícios e os riscos das intervenções no estilo de vida.
A obesidade nada mais é que o acúmulo de gordura corporal, resultando em risco mais elevado de doenças clínicas e morte prematura.
Nos idosos o índice de massa corporal (peso em quilogramas dividido pela altura em metros quadrados) pode gerar equívocos. Por exemplo, a pessoa cuja altura diminui por causa de fraturas vertebrais por compressão pode ter seu IMC mais alto, mesmo que não haja alteração do peso ou do teor de gordura corporal. Em contrapartida, as alterações da composição corporal relacionadas com o envelhecimento, inclusive perda da musculatura e aumento do tecido adiposo, podem não ser detectadas pelo IMC, mesmo que a pessoa realmente apresente aumento da gordura corporal.
Além disso, é preciso lembrar que a gordura visceral, subcutânea, intramuscular e intra-hepática aumenta com o passar dos anos e são fatores de risco de resistência à insulina e diabetes melito tipo 2. Por conseguinte, o fato de ter mais gordura visceral é mais prevalente do que o IMC poderia prever.
Assim sendo, a medida da circunferência abdominal apresenta uma maior correlação clínica com a gordura total e coma gordura intra-abdominal. A medida da circunferência abdominal é considerada uma ferramenta simples e valiosa para a avaliação da adiposidade.