Muitos não sabem o que é sindemia, mas estão inseridos nessa realidade. Entenda como a pandemia da Covid-19 passou a ser uma sindemia.
Thaís Garcez | 16 de Outubro de 2020 às 13:00
Depois de meses de quarentena, surge uma nova abordagem sobre o impacto da Covid-19: a sindemia. Mas o que é sindemia? Trata-se de um entendimento mais aprofundado sobre o comportamento e as consequências do vírus no mundo.
De acordo com o antropólogo médico americano Merrill Singer – criador do termo em 1990 –, a sindemia é definida como quando “duas ou mais doenças interagem de tal forma que causam danos maiores do que a mera soma dessas duas doenças”.
Essa é a realidade observada no mundo atualmente, visto que, desde a chegada do coronavírus e a implementação dos protocolos de segurança, doenças pré-existentes foram agravadas e tratamentos paralisados. Além disso, o fator socioambiental tem grande influência nesse cenário.
A princípio foi incontestável determinar como pandemia a contaminação em massa pelo novo coronavírus. Entretanto, após os diversos estudos realizados e após as análises dos danos globais, foi possível chegar a uma nova classificação.
Sindemia é a união das palavras sinergia e pandemia. E esse termo é bem específico quando avalia de perto a realidade atual. Enquanto países europeus estão enfrentando a segunda onda de contaminação, outros problemas de saúde relacionados ao coronavírus ficam evidentes e se multiplicam em todo o mundo.
Muitos tratamentos contra o câncer, por exemplo, foram paralisados por diversos problemas. Tanto pela falta de infraestrutura e equipe médica, que foi direcionada para o combate ao vírus, como pela necessidade de isolamento dos pacientes durante a quarentena. Portanto, renomear a situação do mundo com relação à Covid-19 como sindemia faz todo sentido.
Como aponta o médico infectologista Guilherme Henn (em entrevista ao Jornal O Povo): “A compreensão que a sindemia traz é de que existem outras doenças, normalmente não transmissíveis, que podem ter seu efeito naturalmente maléfico multiplicado quando temos uma doença como a Covid-19 em andamento”.
As desigualdades sociais, além de seus problemas característicos, são cruciais no agravamento de doenças; principalmente nesse momento atípico em que vivemos. Com tantas restrições, muitas pessoas deixaram de se cuidar e manter tratamentos.
Apesar da adesão de profissionais de saúde aos recursos online, como a telemedicina, por exemplo, nem todos os pacientes conseguem ter acesso. Seja por problemas financeiros – piorados com a alta do desemprego –, falta de informação, acesso precário à internet etc.
Esses são apenas alguns dos obstáculos que muitas pessoas têm enfrentado para manter sua saúde em dia. O deslocamento com segurança de casa para o hospital também é um desafio. Sabendo que os transportes públicos podem ser um grande disseminador do vírus, muitos preferem não arriscar.
Todos esses aspectos precisam ser levados em consideração ao avaliar o impacto do coronavírus no mundo. São problemas que se entrelaçam e expõem a necessidade de uma abordagem mais empática, ou seja, tratamentos de covid-19 e planos de intervenções sociais mais eficientes e abrangentes.