A hemorragia intracraniana é uma condição grave que ocorre geralmente após traumas na cabeça.
Douglas Ferreira | 10 de Dezembro de 2024 às 10:13
A recente cirurgia do presidente Luiz Inácio Lula da Silva trouxe à tona uma condição médica que, embora seja grave, pode ser tratada com sucesso quando identificada rapidamente: a hemorragia intracraniana. Mas o que exatamente significa esse diagnóstico? E por que ele requer atenção imediata?
De acordo com a neurologista Sheila Martins da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), a hemorragia intracraniana é caracterizada por um sangramento que ocorre dentro do crânio. Esse quadro pode se desenvolver em diferentes partes do cérebro ou nas camadas que o revestem, conhecidas como meninges.
O local exato do sangramento define o subtipo da hemorragia, cada um com características e implicações próprias. Segundo especialistas do Centro Médico da Universidade do Nebraska, nos Estados Unidos, a hemorragia intracraniana é dividida em quatro subtipos:
Embora ainda não esteja claro qual foi o subtipo diagnosticado no caso de Lula, a neurologista Sheila Martins avalia que as características apresentadas pelo presidente sugerem uma hemorragia subdural. Nesse tipo, o acúmulo de sangue acontece entre o cérebro e as camadas protetoras, frequentemente associado a traumas na cabeça, como o que aconteceu com presidente em outubro desse ano.
De acordo com a Clínica Mayo, instituição de referência em saúde, as principais causas de uma hemorragia intracraniana incluem traumas na cabeça e condições pré-existentes, tais como aneurismas ou hipertensão descontrolada.
Os sintomas podem incluir dores de cabeça intensas, vômitos, confusão mental, perda de consciência, mal-estar, dificuldade na fala, perda de movimento e, em casos graves, convulsões.
Casos de hemorragia intracraniana demandam avaliação neurocirúrgica imediata, uma vez que podem ser fatais. Isso porque o acúmulo de sangue dentro do crânio pode exercer pressão no cérebro, comprometendo funções vitais.
“A cirurgia, que no caso do presidente foi uma craniotomia, consiste na abertura de um pequeno orifício no crânio para drenar o hematoma e aliviar a pressão intracraniana”, explica Martins. Esse tipo de procedimento é amplamente utilizado e, quando realizado a tempo, pode prevenir danos mais graves.
No caso do presidente, as informações até o momento são de que ele queixou-se de dor de cabeça; sendo esse o motivo que levou os médicos a pedirem exames de imagens.
Martins orienta que todo mundo que bateu a cabeça e apresenta incômodos como dor de cabeça, vômitos, perda de consciência e falta de força em um lado do corpo procure um pronto-socorro.
"Indivíduos que tomam remédios da classe dos anticoagulantes precisam ter uma atenção ainda maior, pois têm um risco mais alto de sofrer uma hemorragia", diz ela.
Embora nem todos os casos possam ser evitados, medidas como o controle da pressão arterial, o uso de equipamentos de proteção (capacetes) e a atenção a sinais de tontura ou desequilíbrio podem reduzir os riscos. Para casos diagnosticados, o acompanhamento médico regular é fundamental para evitar complicações futuras.