Você já ouviu falar na ginecomastia? Esse é um distúrbio que provoca o aumento da glândula mamária masculina, comum na puberdade e na maturidade. Saiba causas, diagnósticos e opções de tratamento
Julia Monsores | 5 de Maio de 2021 às 18:00
Você já ouviu falar na ginecomastia? Esse é um distúrbio que provoca o aumento da glândula mamária masculina. Pode estar ligado ao excesso de gordura ou de pele, ou ainda ocorrer em razão de um desequilíbrio hormonal. Principalmente na puberdade, esse fenômeno pode trazer prejuízos ao indivíduo, que pode se sentir desconfortável em permanecer sem camisa em ambientes sociais, como praias e piscinas.
De acordo com a Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP), a ginecomastia está entre as cinco cirurgias plásticas mais realizadas em homens no Brasil, representando cerca de 6% dos procedimentos masculinos a cada ano. Já a Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM) destaca que a condição pode afetar até 65% dos adolescentes em algum momento da puberdade, embora a maioria dos casos regrida espontaneamente.
Para explicar o que é a ginecomastia, quais são as causas e tratamentos, conversamos com o Dr. Alexandre Kataoka, que é cirurgião plástico e Membro Titular da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica.
Resultante da hipertrofia das glândulas mamárias em homens, a ginecomastia costuma ocorrer em meninos com idade entre 13 e 14 anos. Nesses casos, segundo o Dr. Alexandre Kataoka, esse processo é causado em decorrência de mudanças hormonais que ocorrem durante a puberdade.
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“Em parte desses casos, as mamas se desenvolvem por cerca de seis meses ou menos, para depois retornar ao tamanho normal e apenas em aproximadamente 5% das vezes a hipertrofia persiste até a vida adulta”, explica.
Esse aumento exagerado das mamas costuma ser ainda mais comum em homens mais velhos.
“Em um exame físico, é possível detectar que de um a dois terços daqueles com mais de 70 anos apresentam uma ou as duas mamas aumentadas. Dessa forma, isso pode estar diretamente relacionado à queda nos níveis de testosterona no organismo”, acrescenta o Dr. Alexandre Kataoka,.
A proliferação das glândulas mamárias, característica da ginecomastia, resulta de mecanismos que afetam o equilíbrio entre as ações da testosterona e dos estrógenos. O aumento das mamas pode ocorrer também em decorrência de hipertireoidismo ou de insuficiência hepática.
A ginecomastia também pode ser observada com mais frequência em homens que estão acima do peso. E isso porque tecido gorduroso produz enzimas, dotadas da propriedade de converter certos precursores da testosterona em estrógenos.
Contudo, é importante diferenciar a ginecomastia verdadeira da chamada pseudoginecomastia (ou lipomastia). Enquanto a primeira se caracteriza pelo aumento da glândula mamária, a segunda está relacionada apenas ao acúmulo de gordura na região do tórax, geralmente em homens com sobrepeso. Essa diferenciação é essencial porque o tratamento é distinto: no caso da lipomastia, dieta e exercícios costumam ser suficientes, enquanto a ginecomastia pode requerer cirurgia ou intervenção hormonal.
“A parte boa é que existe tratamento para a ginecomastia”, explica o médico. “Ele pode ser feito tanto por terapia hormonal, que bloqueia o efeito do estrogênio, como por meio de uma intervenção cirúrgica plástica, de forma a reduzir o tamanho da mama, trazendo naturalidade mais masculina. A cirurgia consiste na extração de parte do tecido glandular e da gordura ao redor do mamilo.”
A ginecomastia masculina pode ter três causas: fisiológica, secundária e idiopática.
“Normalmente o diagnóstico da ginecomastia é feito no consultório. No entanto, em alguns casos são necessárias ultrassonografias ou tomografias para que se possa analisar a composição mamária”, acrescenta o médico.
Além das questões físicas, a ginecomastia pode causar grande impacto emocional. Muitos adolescentes e adultos relatam baixa autoestima, episódios de bullying e insegurança em situações sociais, o que pode comprometer a saúde mental e até as relações pessoais. Por isso, especialistas reforçam que o diagnóstico e o tratamento devem considerar não apenas a parte médica, mas também o bem-estar psicológico.
“Na escola, eu era alvo de brincadeiras e evitava tirar a camiseta até mesmo na piscina em dias de calor. Só depois de conversar com um especialista descobri que o problema tinha tratamento, o que mudou completamente minha confiança”, relata Eduardo Silva de 21 anos.
O tratamento da ginecomastia, em geral, acontece quando o aumento das mamas é de causa idiopática. Existem dois tipos de tratamento: tradicional e cirúrgico.
As técnicas cirúrgicas utilizadas para a ginecomastia variam de acordo com o caso do paciente. Por isso, é necessário realizar uma consulta com seu médico, de modo que seja verificada a opção mais adequada. Assim, a cirurgia pode:
“Este último caso é raro e ocorre quando existe um aumento muito significativo das glândulas mamárias. A cicatriz pode ficar parecida com as cicatrizes de cirurgias femininas (ao redor da aréola, na vertical da mama e na horizontal). No entanto, a maioria das cirurgias são feitas com retirada de gordura ou retirada de glândulas, apenas”, conclui o médico.
É recomendável buscar atendimento médico quando o aumento das mamas persiste por mais de seis meses, causa dor ou desconforto, ou interfere na autoestima e no convívio social. O diagnóstico pode ser feito por endocrinologistas, urologistas ou cirurgiões plásticos, que avaliam se o quadro é temporário ou se há necessidade de tratamento.
Nos casos em que a cirurgia é indicada, a recuperação costuma ser rápida. O paciente pode retomar atividades leves em poucos dias, mas exercícios físicos intensos só são liberados após três a quatro semanas. O uso de malhas compressivas é essencial para reduzir o inchaço e garantir melhores resultados estéticos. As cicatrizes, geralmente discretas ao redor da aréola, tendem a se tornar pouco perceptíveis com o tempo.
Em adolescentes, a ginecomastia pode regredir espontaneamente em até 80% dos casos após alguns meses, conforme destaca a SBEM. Já em adultos, é menos comum desaparecer sem intervenção médica.
O diagnóstico pode ser feito por endocrinologistas, urologistas ou cirurgiões plásticos. O ideal é começar pelo endocrinologista, que vai investigar possíveis alterações hormonais.
Nem todos os casos podem ser prevenidos, mas manter um peso adequado, evitar uso de anabolizantes e seguir orientações médicas quanto a medicamentos que possam influenciar os hormônios ajuda a reduzir o risco.
A ginecomastia em si não é câncer. No entanto, como há câncer de mama em homens (embora raro), é importante diferenciar com exames médicos quando há suspeita de nódulos endurecidos, secreção pelo mamilo ou dor persistente.
Sim. O procedimento pode ser realizado pelo Sistema Único de Saúde (SUS) quando há indicação médica, principalmente em casos que afetam a saúde física ou psicológica do paciente. A aprovação depende de avaliação médica e disponibilidade do serviço em cada região.
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