A idade não é barreira para aprender coisas novas. Tarefas novas e complexas podem ajudar as células do cérebro em qualquer idade.
Redação | 20 de Agosto de 2018 às 16:00
Embora o cérebro, como todos os órgãos do corpo, mude com a idade, nem tudo significa perda. Na verdade, existem vantagens em ter um cérebro mais velho.
“De todas as coisas que perdi, a de que mais sinto falta é a minha cabeça”, disse o escritor Mark Twain. Ele estava brincando, claro, mas, à medida que envelhecemos, é comum que o declínio mental seja o que mais tememos. Para a maioria das pessoas com mais de 60 anos, os “lapsos de memória” – esquecer onde você pôs os óculos ou esquecer a senha do banco – se tornam mais frequentes.
Entre os 20 e os 90 anos o cérebro perde de 5% a 10% do volume. E grande parte desse encolhimento ocorre no hipocampo, área fundamental para a memória. Também há a diminuição do córtex pré-frontal. Responsável por ajudá-lo a organizar pensamentos e fazer mais de uma coisa ao mesmo tempo.
Na prática, isso significa que você pode descobrir que leva mais tempo para aprender e concluir tarefas mentais do que quando era mais jovem. Especialmente se é interrompido ou está tentando fazer várias tarefas ao mesmo tempo.
No entanto, o simples fato de estar ciente dessas mudanças significa que você pode contorná-las – por exemplo, dando-se mais tempo para fazer as coisas e, se está experimentando algo novo, não desistindo facilmente. E, o que quer que Mark Twain tenha pensado, as muitas vantagens do cérebro que envelhece podem compensar as mudanças menos positivas.
Os cientistas sabem que o cérebro, como o corpo, tem muita capacidade de reserva. Isso significa que, a menos que tenha sofrido algum dano ou doença, você sempre pode aprender coisas novas. Também há cada vez mais evidências sugerindo que, ao contrário do que acreditávamos, o processo de formação de novas células cerebrais continua por toda a vida. O que os cientistas chamam de neurogênese.
A formação de novas conexões entre os neurônios (sinapses) também parece ser um fenômeno sem fim. Isso é fabuloso. Pois – a menos que se desenvolva um transtorno cerebral, como a demência – você será capaz de aprender e decorar novas informações pelo resto da vida. Seja qual for sua idade. E mais: o cérebro tem uma impressionante capacidade – conhecida como plasticidade – de se reorganizar. Isto é, mesmo que você sofra alguma sequela de um dano cerebral, o órgão pode às vezes redistribuir tarefas para áreas diferentes. Isso ocorre a fim de que a recuperação da função seja possível depois de um tempo.
E a notável adaptabilidade do cérebro significa que você pode preservar e até mesmo melhorar sua capacidade com certas medidas, como permanecer ativo, reduzir o estresse, manter uma alimentação saudável e adquirir novas habilidades – por exemplo, aprender a jogar xadrez, um novo idioma ou uma dança, que envolve um bocado de tentativa e erro.
Cometer erros faz parte do aprendizado. Na verdade, é a melhor forma de consolidar as lembranças à medida que se envelhece. Pensava-se que o aprendizado com base em tentativa e erro sobrecarregava o cérebro mais velho. E que o aprendizado passivo – no qual a resposta correta é repetidamente apresentada – era melhor. Mas um estudo canadense comparou a capacidade de aprendizagem. Ou seja, num grupo de jovens na faixa dos 20 com outro de idosos de 70 anos. Foi constatado que os mais velhos aprenderam melhor ao experimentar e errar. Ou seja: se você não tiver êxito, continue tentando.