Nomofobia é o medo irracional de ficar sem o celular. Entenda melhor quais são os sintomas e as implicações do vício em celular para a saúde.
Ana Marques | 3 de Janeiro de 2022 às 16:00
Você sabe o que é nomofobia? Trata-se do medo irracional de ficar sem o celular. Se você já entrou em pânico ao notar que a bateria do smartphone estava prestes a acabar, passou horas correndo de um lugar para o outro apenas para ter sinal de internet no aparelho ou costuma verificar todas as mensagens recebidas no telefone antes mesmo de levantar da cama, é provável que esteja sofrendo dessa doença.
Mas, acredite, você não está sozinho. No mundo, o tempo médio diário gasto com o uso do celular de duas horas e 51 minutos. Esse valor aumenta quando o recorte é feito para o nosso país – no Brasil, são 5 horas por dia, em média, que passamos conectados ao smartphone, segundo um estudo da empresa Bank My Cell com dados referentes ao ano de 2019.
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A seguir, entenda melhor quais são os sintomas mais comuns da nomofobia, as implicações do vício em celular para a saúde do usuário – especialmente entre crianças e adolescente – e algumas formas para tratar a dependência em smartphones e demais dispositivos móveis.
Alguns dos sintomas apresentados acima podem indicar outros tipos de doenças. A dica é avaliar o quadro como um todo, observando a formação de um provável grupo de sintomas, o que pode servir como auxílio para a procura de ajuda médica/psicológica. Lembre-se de que o diagnóstico deve ser feito apenas por um profissional da saúde.
O avanço da tecnologia na última década mudou por completo a relação que tínhamos com celulares. Os aparelhos, antes usados para realizar ligações e trocar SMS, passaram a ocupar a posição central na comunicação e no entretenimento social.
Com isso, alguns fatores se tornaram agravantes para criação de um vício em torno desses dispositivos, alguns dos mais populares são o uso constante das redes sociais, apps de relacionamento e a superexposição a informações e dados por meio de jogos, publicidade online e navegação.
O impacto do uso de celulares em crianças e adolescentes tem números alarmantes. A pesquisa do Bank My Cell estima que adolescentes que passam cinco horas por dia usando dispositivos eletrônicos tenham 71% mais chances de cometer suicídio do que os que utilizam o aparelho por apenas uma hora.
Em um movimento de contenção focado em obesidade e sedentarismo, a Organização Mundial da Saúde (OMS) divulgou em 2019 uma lista de recomendações para o uso de eletrônicos por crianças de até cinco anos de idade. De acordo com a orientação, esse público não deve passar mais de 60 minutos por dia em atividades passivas diante da TV, smartphone ou computador. Já os bebês com menos de um ano não devem ser expostos a eletrônicos de forma alguma.
O vício em smartphones e outros dispositivos eletrônicos que promovem a conexão com redes sociais e a internet vem sido estudado ao longo da última década, à medida que o crescimento de doenças e quadros clínicos relacionados são diagnosticados. Não é à toa que gigantes da tecnologia têm esforços voltados para combater a nomofobia.
O “Bem-estar digital” é um exemplo de solução criada com o foco na melhoria da qualidade de vida dos usuários de smartphones com Android. O pacote criado pelo Google conta com diversos recursos que auxiliam o indivíduo a desconectar e utilizar o celular de forma mais consciente.
Presente no Android 9 Pie e em versões posteriores do sistema, o Bem-estar digital permite saber quantas horas por dia o usuário gasta com o telefone, quais são os apps mais utilizados e até definir um timer para limitar o uso de determinado programa.
Em 2018, a Motorola divulgou um estudo realizado entre novembro e dezembro de 2017, com insights sobre a relação que seus consumidores tinham com os smartphones. Na época, 56% dos entrevistados declararam entrar em pânico ao achar que perderam o aparelho. No Brasil, metade da geração Z (nascidos entre 1998 e 2002), afirmaram ter o smartphone como melhor amigo. A pesquisa fez parte de um programa chamado “Phone Life Balance” para promover o uso inteligente de celulares.
É importante entender que a tecnologia não é necessariamente uma vilã. A forma como a utilizamos é que precisa ser ajustada. Existem diversos aplicativos com a proposta de ajudar usuários com ansiedade e depressão. Há inclusive uma “espécie de Uber” para procurar tratamento psicológico – a plataforma Zenklub, que funciona como um consultório 100% digital e conta com especialistas psicólogos, terapeutas, coaches e psicanalistas.
A indústria de smartphones e de wearables (smartwatches e smartbands, em especial) também tem pensado em funções para ajudar no combate ao sedentarismo. Um exemplo são os alertas para exercícios presentes em relógios e pulseiras inteligentes, além de funções específicas para o monitoramento de atividades físicas, da qualidade do sono e até da sua frequência cardíaca.
O acomponhamento de um quadro de nomofobia já diagnosticado deve ser acompanhado por um médico ou um psicólogo. No entanto, há tarefas simples que podem ser feitas hoje mesmo para diminuir a dependência em smartphones.