Estudo aponta que mulheres são mais suscetíveis a perda cognitiva devido a alta de glicose no sangue.
Controlar a glicemia acabou se tornando uma das maiores preocupações de muita gente, afinal, o diabetes é uma das doenças mais temidas mundialmente. Contudo, um estudo aponta mais um motivo para você manter a glicose sob controle: um aumento no risco de desenvolver perda cognitiva.
Pesquisadores responsáveis por estudo publicado na revista Journals of Gerontology sobre diabetes se debruçaram sobre os dados de cerca de 4 mil mulheres e chegaram à conclusão que as mulheres são mais suscetíveis do que os homens a terem declínio cognitivo devido a glicemia não controlada.
O ensaio científico determinou que essa perda cognitiva corresponde às funções executivas, que são processos que envolvem o controle emocional e o planejamento e realização de pensamentos.
“O declínio cognitivo pode ocorrer com o envelhecimento, como resultado de alterações no sistema nervoso central. Mas o que vimos no estudo é que ele se deu de forma mais acelerada em mulheres com diabetes e sem o controle adequado da glicemia. Entre os homens, não foi observada associação entre diabetes e declínio cognitivo, seja com glicemia controlada ou não. Isso mostra a importância de aprofundar o entendimento sobre como as doenças se dão de diferentes maneiras entre homens e mulheres e também, no caso do diabetes, sobre a importância do controle glicêmico adequado”, declarou Tiago da Silva Alexandre, professor do Departamento de Gerontologia da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), em entrevista à Agência FAPESP.
O excesso de açúcar no sangue dá começo à processos inflamatórios que afetam diretamente diversos órgãos e no caso do cérebro, pode acarretar atrofia, redução da quantidade de neurônios e até mesmo alterações no córtex frontal.
O declínio cognitivo nesses casos, portanto, está associado à doença de pequenos vasos cerebrais. Uma possível explicação para a aceleração observada apenas em mulheres sem controle glicêmico adequado são fatores hormonais. O estrógeno é um neuroprotetor conhecido, mas durante a menopausa ocorre uma redução desse hormônio nas mulheres, o que pode acarretar maior vulnerabilidade”, esclareceu a pesquisadora responsável pelo estudo Natália Cochar Soares.