Muitas informações incorretas sobre a doença ainda circulam, criando confusão e medo desnecessários
Luana Viard | 11 de Setembro de 2024 às 14:00
Recentemente, um vídeo que tem circulado amplamente nas redes sociais tem causado alarme ao espalhar informações errôneas sobre a Mpox, anteriormente conhecida como varíola dos macacos. O vídeo incorretamente afirma que a Mpox seria, na verdade, herpes-zóster e que essa condição seria uma das complicações mais comuns da vacina contra a COVID-19.
Tal alegação é completamente falsa e resulta de uma interpretação incorreta dos dados científicos disponíveis. O Mpox, anteriormente conhecido como varíola dos macacos, tem sido um tema de crescente preocupação global desde o seu surgimento. Apesar de seu impacto, muitas informações incorretas sobre a doença ainda circulam, criando confusão e medo desnecessários.
Para compreender por que essa informação está incorreta, é fundamental distinguir os vírus responsáveis por essas duas doenças.
O herpes-zóster é desencadeado pelo vírus varicela-zóster (VZV), que faz parte da família Herpesviridae, a mesma que inclui outros oito tipos de vírus. O VZV também é responsável pela catapora. Após a infecção inicial por catapora, o vírus pode permanecer inativo no organismo e reativar-se anos depois, resultando no herpes-zóster, popularmente conhecido como "cobreiro".
Por outro lado, a Mpox é provocada por um vírus distinto: o orthopoxvirus, que pertence à família Poxviridae. Este grupo de vírus inclui também o vírus da varíola humana, que foi erradicada em 1980. A Mpox não tem relação com os vírus da família Herpesviridae e, portanto, não deve ser confundida com o herpes-zóster nem do ponto de vista virológico nem clínico.
O herpes-zóster não é uma doença transmissível de pessoa para pessoa; ele surge quando o vírus da catapora, que permanece adormecido no organismo, reativa-se. Os sintomas do herpes-zóster incluem erupções cutâneas dolorosas que seguem trajetórias nervosas específicas, além de febre, dor de cabeça e mal-estar geral.
Em contraste, a Mpox é transmitida através de contato direto com lesões na pele, fluidos corporais, gotículas respiratórias durante interações próximas ou objetos contaminados. Seus sintomas compreendem febre, dores musculares, dor de cabeça, inchaço dos linfonodos e erupções cutâneas que se disseminam por várias partes do corpo.
“Os sintomas da Mpox são distintos e ocorrem de maneira mais generalizada em comparação ao herpes-zóster, que tende a seguir um padrão mais localizado,” esclarece a Dra. Marcela Rodrigues.
A propagação de informações incorretas e enganosas pode trazer graves repercussões para a saúde pública. Quando a desinformação se espalha com rapidez, ela pode minar a confiança da população em práticas essenciais de saúde, como a vacinação, que são cruciais para evitar surtos de doenças.
"Associar erroneamente o herpes-zóster, que é uma condição completamente diferente, à Mpox, e sugerir que isso seja um efeito colateral comum das vacinas contra a COVID-19 é alarmante e irresponsável," enfatiza a Dra. Marcela. “As vacinas contra a COVID-19 foram extensivamente estudadas e monitoradas em termos de segurança e eficácia. Elas não causam Mpox nem herpes-zóster.”
Com a grande quantidade de informações circulando nas redes sociais, é crucial que as pessoas saibam identificar fontes confiáveis. Embora todos tenham o direito de acessar informações precisas, também é uma responsabilidade coletiva verificar a credibilidade das fontes antes de disseminar qualquer conteúdo.
"Ao procurar informações sobre doenças e vacinas, é crucial consultar fontes oficiais e confiáveis, como o Ministério da Saúde, a Organização Mundial da Saúde (OMS) e instituições de saúde reconhecidas," explica Dra. Marcela. "Além disso, é importante que profissionais de saúde sejam envolvidos na orientação da população, esclarecendo dúvidas e corrigindo informações falsas."
As vacinas representam uma das principais ferramentas da medicina moderna, salvando milhões de vidas anualmente. A vacinação contra a COVID-19, por exemplo, tem sido crucial para diminuir as taxas de hospitalização e mortalidade relacionadas ao vírus. Da mesma forma, a vacina contra a varíola, que proporciona proteção cruzada contra a Mpox, desempenha um papel significativo durante surtos.
“É importante lembrar que, apesar de raros, efeitos colaterais leves podem ocorrer com qualquer vacina, mas os benefícios da imunização superam em muito os riscos potenciais. A vacinação é segura, eficaz e essencial para proteger não apenas o indivíduo vacinado, mas também toda a comunidade,” reforça a Dra. Marcela Rodrigues.
A Mpox e o herpes-zóster são condições distintas, resultantes de vírus diferentes, e não devem ser confundidas. A propagação de informações incorretas pode provocar medo indevido e prejudicar as campanhas de vacinação e prevenção de doenças. É crucial que as pessoas procurem informações em fontes confiáveis e que cada um se responsabilize por não disseminar desinformação.
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