A vacinação contra Covid-19 já começou no Brasil há dois meses e as vacinas são seguras. Se você tiver alguma dúvida, leia nosso artigo.
Letícia Taets | 30 de Março de 2021 às 14:30
A vacinação contra a Covid-19 teve início em território nacional há mais de dois meses. No entanto, mesmo tendo passado por todos os testes necessários e sendo confirmada a eficácia e a segurança, as vacinas têm sido vítimas de fake news, costumeiramente repassadas por aplicativos de mensagens como o WhatsApp.
À medida que a campanha de vacinação contra a Covid-19 avança e mais pessoas podem ser vacinadas é importante separar o que é fato e o que é mito sobre as vacinas.
Nós conversamos com especialistas para desvendar os mitos da vacina contra a Covid-19, confira:
Esse boato surgiu pois foi observado que uma proteína presente no novo coronavírus chamada spike e uma proteína da placenta humana são semelhantes. A partir daí, passaram a ser espalhados boatos de que algumas vacinas como as da Moderna e Pfizer-BioNTech poderiam afetar a fertilidade por focarem na proteína spike.
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No entanto, essa ideia é falsa, visto que o objetivo da vacina contra a Covid-19 é ativar a resposta imunológica do corpo contra o vírus Sars-Cov-2, sem qualquer relação com o útero ou com os ovários.
“Não há evidências de que a vacina possa levar à perda de fertilidade”, diz uma declaração conjunta das três principais organizações de saúde reprodutiva. As duas proteínas são, de fato, totalmente diferentes. A vacina contra a Covid-19 não leva à esterilização. Por outro lado, contrair Covid-19 pode colocar em risco uma gravidez.
“Há relatos de que, se as mulheres grávidas contraírem Covid-19, elas ficam mais doentes”, diz o Dr. Edwards, que também é professor de pediatria no Centro Médico da Universidade Vanderbilt. Houve alguns relatos de morte de mulheres grávidas com Covid-19. Contudo, a pesquisa nessa área seja muito nova para saber se há uma ligação sólida entre a Covid-19 e a morte materna.
Apesar do pouco tempo para a produção das vacinas, os pesquisadores seguiram os mesmos passos que fariam para o desenvolvimento de qualquer outra, mas eles aceleraram alguns deles para coletar dados mais cedo.
Alguns aspectos do desenvolvimento das vacinas diferiram em comparação com estudos de medicamentos mais comuns, o que tornou possível produzir vacinas mais rapidamente. Por exemplo, tantas pessoas adoeceram tão rápido que não demorou muito para os fabricantes de vacinas obterem os resultados de que precisavam.
O grande número de pessoas adoecendo de uma só vez também tornou mais fácil para os pesquisadores encontrar e inscrever pessoas em ensaios clínicos. Além disso, houve mais recurso financeiro investido em pesquisas contra a Covid-19.
Há também preocupação com o fato de que a tecnologia de RNA mensageiro (mRNA) usada para desenvolver as vacinas Pfizer-BioNTech e Moderna, não utilizadas no Brasil, é muito recente e pouco testada. No entanto, isso também é um mito. De acordo com a Johns Hopkins Medicine, a tecnologia já havia sido desenvolvida antes caso uma pandemia como esta surgisse.
De acordo com os Centros de Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos (CDC), nenhuma das vacinas em uso ou em desenvolvimento contém o SARS-CoV-2 vivo, o vírus que causa o Covid-19. Isso significa que elas não podem transmitir Covid-19.
A vacina de mRNA não contém nenhum vírus, morto ou vivo. Em vez disso, o RNA mensageiro fornece instruções para que as próprias células possam criar a proteína de alvo da maioria das vacinas. Essa proteína em si não pode infectar você.
É importante lembrar que pode levar algumas semanas para que a imunidade total seja formada após a vacinação. Por isso é importante seguir todas as medidas de segurança mesmo após tomar a vacina.
Os efeitos colaterais da vacina contra Covid-19 raramente são graves. Os mais comuns são dor no braço acompanhada de febre leve, dores musculares, calafrios e dor de cabeça. Pense nisso como um sinal de boas-vindas de que a vacina ativou seu sistema imunológico, assim, ele estará pronto para combater a SARS-CoV-2 caso os dois se encontrem.
O efeito adverso mais sério foi um tipo de reação alérgica chamada anafilaxia. Embora isso possa ser fatal, ninguém morreu depois de receber uma vacina contra a Covid-19, e poucas pessoas tiveram a reação.
“São cerca de duas a cinco ocorrências por milhão de vacinas”, diz o Dr. Sostman, presidente do Houston Methodist Academic Institute. “Isso é um pouco mais do que vemos com a vacina contra a gripe sazonal, que é de um a dois por milhão.”
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As autoridades recomendam que mesmo as pessoas que tiveram Covid-19 sejam vacinadas. Isso porque ninguém sabe ainda quanto tempo dura a imunidade contra o vírus.
Dados preliminares publicados em fevereiro na revista científica Science sugerem que a imunidade contra a doença pode durar pelo menos seis meses na maioria das pessoas, mas não em todas.
Um lembrete: não tome a vacina enquanto ainda estiver doente. O ideal é não dar ao seu sistema imunológico dois golpes ao mesmo tempo.
“A orientação é que você deve tomar a vacina se tiver se recuperado”, diz o Dr. Edwards. Se você recebeu tratamento com anticorpos monoclonais ou plasma convalescente, dois tratamentos potenciais emergentes para o Covid-19, aguarde pelo menos 90 dias, aconselha o CDC.
Esse mito pode ter surgido do fato de as vacinas Pfizer-BioNTech e Moderna conterem RNA mensageiro. O RNA é um tipo de material genético, mas não é o mesmo que o DNA, explica o Dr. Sostman. O RNA não entra no núcleo da célula, que é onde “vive” o seu DNA.
Além disso, as instruções que o mRNA carrega para suas células são apenas para uma parte do SARS-Cov-2, não para o vírus inteiro.
As vacinas não contêm células fetais ou tecido fetal, explica o Dr. Edwards. Elas foram testados com células originalmente retiradas de tecido fetal, mas datam das décadas de 1960 e 1970. Tanto as vacinas Pfizer-BioNTech e Moderna, não disponíveis no Brasil, quanto a Coronavac e a vacina de Oxford, disponíveis para imunização nacional, não foram desenvolvidas com o uso de culturas de células fetais.
A única coisa que as vacinas inserem no corpo humano é uma forma inofensiva de estimular a resposta imunológica de que você precisará caso contraia o Sars-Cov-2. No caso da vacina de Oxford, é usado um adenovírus, já na Coronavac, o próprio vírus Sars-Cov-2 inativo, o mais comum em vacinas em todo o mundo.
Existem dois tipos de testes de diagnóstico que indicam se você está atualmente infectado com o vírus que causa a Covid-19: os testes de amplificação de ácido nucléico – também conhecidos como testes de PCR – que procuram material genético do próprio vírus, e os testes de antígeno – também conhecidos como testes rápidos – que procuram proteínas do vírus. O primeiro é mais preciso, mas geralmente leva mais tempo.
Os testes de anticorpos são diferentes. Eles medem os anticorpos, os compostos do sistema imunológico que seu corpo gera para protegê-lo de infecções.
Os anticorpos circulam no seu sangue mesmo depois de você se recuperar e podem ser um sinal de que você foi infectado com o coronavírus no passado. A vacinação faz com que o seu sistema imunológico produza esses anticorpos protetores, evitando o perigo potencial do próprio vírus. Os especialistas ainda não sabem se as vacinações podem influenciar os testes de anticorpos.
Na verdade, você precisa! Isso ocorre porque não se sabe se as pessoas que tomaram a vacina podem ficar assintomáticas para Covid-19 e, em seguida, passar o vírus para outras pessoas. Até agora, não há dados conclusivos de pesquisas a esse respeito.
A recomendação é que mesmo depois da vacina, as máscaras continuem sendo utilizadas e o distanciamento social permaneça sendo mantido, além da manutenção dos ambientes sempre bem ventilados.
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