Mentir até os seis anos é normal. Nessa época, são mentiras inocentes que as crianças contam. O problema é quando o comportamento permanece.
Douglas Ferreira | 20 de Janeiro de 2022 às 11:00
Mentir sobre pequenos fatos e ações na primeira infância, isto é, até os seis anos, é normal. Nesse período, em que a linha entre o que é real e o que é imaginário é delicada, ver monstros embaixo da cama, quebrar alguma coisa e dizer que não sabe quem fez aquilo, mesmo quando um adulto testemunhou o ato, são mentiras inocentes que as crianças contam.
Elas mentem para chamar a atenção, escapar de uma repreensão ou pelo simples prazer de inventar uma história. Para as crianças, tecer aventuras rocambolescas é uma maneira de reforçar seu desenvolvimento cognitivo.
As situações irreais e invenções tendem a diminuir a partir dos sete anos, quando a criança começa a adquirir valores sociais e aprende a diferença entre verdade e mentira. Nessa idade, a mentira passa a ser intencional. Para escapar de uma prova ou de um problema, a criança pode inventar uma dor, dizer que não está se sentindo. Mas, antes de repreender, os pais devem investigar o que está realmente acontecendo.
Especialistas afirmam que chamar a criança de mentirosa e castigá-la por isso é mais prejudicial do que adverti-la e mostrar que a mentira pode prejudicar alguém, e que a verdade é sempre o melhor caminho. O mentira passa a ser intencional pode induzir a criança a aprimorar as mentiras, e isso pode se tornar um problema maior. Quando mentir se torna um evento constante, é hora de procurar a ajuda de um profissional.
Mas como explicar aos pequenos as “mentiras sociais”? Ao visitar um recém-nascido, por exemplo, quando o bebê ainda está com o rostinho inchado, a criança pode embaraçar os pais, dizendo que ele é muito feio (afinal, não dizemos que ela deve falar a verdade?). E o filho que ouviu a mãe mentir sobre o novo corte de cabelo da amiga, afirmando que estava ótimo, e depois, já em casa, comentou com o marido que estava horrível?
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“Mentir é afirmar ser verdadeiro aquilo que se sabe ser falso” – é o que está no dicionário. Papai Noel, Coelhinho da Páscoa, Fada do Dente são algumas das mentiras consideradas inocentes. As crianças acabam descobrindo que os adultos mentem. Algumas até continuam fingindo que acreditam, apenas pela brincadeira.
Conversas com os pais e responsáveis, juntamente com a maturidade, trarão maior discernimento quanto ao que deve ou não deve ser dito, e o que está ou não relacionado diretamente à verdade ou à mentira.
Histórias infantis, como “Pinóquio” e “Pedro e o lobo”, são ótimos exemplos de mensagens sobre a importância de contar a verdade. Elas podem ajudar a criança a compreender que mentir ou enganar pode trazer consequências sérias. Tanto para ela mesma quanto para outras pessoas.