O melasma é uma doença de pele caracterizada pelo surgimento de manchas marrom acastanhadas principalmente nas partes mais elevadas do rosto.
Julia Monsores | 28 de Abril de 2022 às 15:00
Manchas escuras na pele, geralmente no rosto, são as principais características do melasma. No Brasil, estima-se que até 34% das mulheres adultas sejam acometidas por essa condição, que não tem cura, mas que pode ser tratada.
Para responder o que é o melasma, quais são as causas, sintomas e tratamentos, conversamos com a Dra. Agnes Andrade (CRM – 185.660)*, dermatologista e sócia-fundadora da Clínica Casal Pele Boa, em São Paulo.
O melasma acontece em razão de uma hiperpigmentação da pele, que geralmente provoca manchas na região do rosto. No entanto, de acordo com a Dra. Agnes Andrade, essas manchas também podem ocorrer em outras regiões do corpo.
“O melasma é uma doença de pele caracterizada pelo surgimento de manchas marrom acastanhadas principalmente nas partes mais elevadas do rosto; como testa, maçãs do rosto e região do bigode. Mas também pode ocorrer em outras partes expostas do corpo, como colos e ombros”, explica.
Segundo a dermatologista, mulheres têm mais propensão a desenvolverem essa condição. “O melasma afeta principalmente pessoas de pele morena e negra, sendo muito comum em países como o Brasil, demais países da América Latina, Índia, Paquistão, sudeste Asiático… E é mais comum em mulheres, afetando até 34% delas. Já em homens, afeta em torno de 6%”, explica a Dra. Agnes Andrade.
Embora não tenha uma causa definida, muitas vezes essa condição está relacionada à gravidez. No entanto, a especialista esclarece que há dois fatores de risco ainda mais perigosos para o surgimento dos melasmas: a exposição à luz e os hormônios.
“De fato existe uma relação entre melasma e gestação. No entanto, a gestação não é a única causa para o surgimento do melasma. Na gestação, costuma ter uma prevalência de 10% do melasma. Já outros fatores de risco para o melasma, mais importantes, são a exposição à luz e hormônios.”
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No caso da exposição à luz, a Dra. explica que não é apenas a exposição ao sol que traz perigos de desenvolvimento de melasmas. Mas também exposição às luzes artificiais, como de celulares e telas.
“Já no caso dos hormônios, não apenas a gestação, mas pílulas anticoncepcionais, terapias de reposição hormonal, hormônio para ganho de massa muscular etc”, explica.
Além disso, o histórico familiar também exerce influência nas chances de desenvolvimento ou não de melasma. “Se sua mãe ou sua avó já tiveram melasma, a chance de você ter é maior”, afirma.
Além dos fatores de risco anteriormente citados pela Dra. Agnes Andrade, ela também ressalta que há pequenas coisas que fazemos que podem propiciar o surgimento dessa condição.
“Algumas coisas do dia a dia que fazemos predispõe o melasma mesmo sem sabermos. Como lavar o rosto com água quente, deixar o secador muito próximo do rosto para secar a franja (o ideal é deixar 15 cm), fazer depilação da face com cera quente… Todos esses são fatores que predispõem o melasma”, explica a Dra. Agnes.
Além disso, ela ainda ressalta para os cuidados ao tomar sol. Visando proteger a pele do rosto, muitas pessoas com melasma cobrem apenas essa região, deixando as demais descobertas.
“Uma coisa que tem se falado muito hoje em dia é o fato de tomar sol em outras regiões do corpo. A pessoa protege o rosto, mas toma sol no corpo e acaba piorando o melasma… E isso porque o sol ativa a produção de melanina, em todo o corpo, por meio das células que as produzem. Mesmo você não tomando sol especificamente no rosto”, explica.
Uma pergunta bem comum sobre o melasma é se ele tem cura. Mas, apesar de haver diversos tratamentos, não há cura para o melasma.
“Infelizmente nós avançamos muitos anos em termo de tratamentos para o melasma, mas ele ainda não tem cura”, esclarece a Dra. Agnes Andrade. “O principal tratamento preventivo que temos hoje é a proteção solar adequada. E não somente do sol, mas também das luzes artificiais, como comentei antes.”
Assim, a dermatologista salienta a importância de usar protetor solar diário, retocando ao longo do dia. E explica que as opções com cor trazem ainda mais benefícios.
“Dentre os protetores solares, é melhor o uso de protetores solares com cor. Ou então, protetores minerais, que vão ajudar a proteger não apenas contra a luz UVA e UVB mas também contra a luz visível.”
Apesar de não ter cura, atualmente há alguns tratamentos comprovados para o melasma e que apresentam resultados satisfatórios. Como o uso de cremes e lasers. De acordo com a Dra. Agnes, os mais comuns são:
“O uso de clareadores tópicos, em casa; uso de lasers para clarear as manchas; microagulhamentos com infusão de medicamentos, e também o uso de peelings, que apesar de ser uma tecnologia bem antiga ainda pode ser utilizado em alguns casos”, salienta.
Muitas pessoas recorrem ao uso de maquiagens para disfarçar manchas na pele. E de acordo com a Dra. essa é uma prática que, além de aumentar a autoestima dos indivíduos, também protege ainda mais a pele.
A maquiagem faz com que as pessoas se sintam melhor, aumentem a autoestima, e também é um tratamento para o melasma. E isso porque a maquiagem faz uma barreira física, principalmente se você usar um protetor solar com cor por debaixo da maquiagem.
No entanto, a dermatologista recomenda cautela com alguns produtos que podem ser mais agressivos para a pele, como os ácidos.
“Agora, o uso de produtos muito agressivos para a pele, como tônicos, adstringentes e esfoliantes, e até ácidos sem terem sido prescritos pela dermatologista, podem irritar a pele e a irritação pode gerar um melasma na região. Então deve ser usado com cuidado”, explica.
Na Internet, é possível encontrar algumas receitas caseiras que prometem eficácia no tratamento contra o melasma. No entanto, seu uso pode ser ineficaz, além de muito perigoso.
“Essas receitas caseiras não têm nenhuma estabilidade ou padronização da concentração dos ingredientes que estão sendo usados. Então, por um lado elas podem não ter a ação clareadora, o benefício que o paciente está esperando, e, por outro lado, e principalmente, pode causar um malefício de piorar as manchas, por ser algo que está sendo feito de uma maneira totalmente inadequada”, adverte a especialista.
Algumas dessas receitinhas “milagrosas” recomendam, por exemplo, a aplicação do suco do limão espremido sobre a pele, o que pode gerar queimaduras, irritações e alergias.
“A vitamina C do limão é completamente diferente da vitamina C que está nas farmácias para uso na pele com o objetivo de uma ação clareadora. Por isso, esse uso in natura do produto deve ser completamente desencorajado pelos riscos que podem trazer à pele”, defende a dermatologista.
Dra. Agnes Andrade possui formação pela Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP) e título de Especialista pela Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD). CRM – 185.660 RQE – 86.036