Quando os médicos estão desatualizado poem em risco a saúde dos pacientes com orientações médicas que você pode ignorar tranquilamente.
Conselhos de médicos desatualizados podem prejudicar o tratamento ou sabotar sua meta de ter boa saúde.
Os médicos ajudam o corpo a sarar e a se manter sadio, mas eles são apenas seres humanos. Assim, seu médico pode não ter tido acesso a todas as informações sobre as descobertas mais recentes das pesquisas na área de saúde nos últimos anos. Em consequência, algumas recomendações dele podem ser ultrapassadas, ineficientes ou até prejudiciais.
Um exemplo: embora as pesquisas tenham comprovado que, em geral, muco opaco não é sinal de infecção bacteriana, os médicos têm probabilidade seis vezes maior de receitar antibióticos a pacientes com catarro esverdeado do que aos que têm catarro transparente.
Examinamos os estudos mais recentes e consultamos especialistas sobre as últimas tendências em nutrição, forma física, sono, dores nas costas etc.
Continue lendo para descobrir que conselhos antigos você pode descartar e conheça as dicas mais inteligentes e baseadas na ciência que vão substituí-los.
Receita velha: Escove os dentes logo depois de comer.
Muitos dentistas aconselham que os pacientes removam o quanto antes a placa causadora de cáries. Nove entre dez pessoas acreditam que é importante escovar os dentes imediatamente após cada refeição.
Nova regra
Enxágue a boca com água imediatamente depois de comer, mas espere meia hora antes de escovar os dentes. Seguir direto para a pia pode prejudicar os dentes porque a escova os esfrega e faz penetrar neles os ácidos dos alimentos e das bebidas, como sucos cítricos, vinagre e refrigerantes. Isso pode desgastar o esmalte e a dentina. “Do mesmo modo que esfregar detergente na panela, a escovação pode fazer o ácido penetrar e causar danos”, diz o Dr. Steven Ghareeb, porta-voz da Academia de Dentística Geral e dentista de Charleston, na Virgínia Ocidental, nos EUA.
Receita velha: Se o muco estiver esverdeado, você tem uma infecção bacteriana e precisa de antibióticos.
“Muitos médicos ainda acreditam nesse mito porque parece biologicamente plausível”, diz a Dra. Rachel Vreeman, professora-assistente de pediatria da Universidade de Indiana e coautora de Don’t Cross Your Eyes... They’ll Get Stuck That Way (Não envesgue os olhos... eles ficarão assim para sempre). A descarga nasal amarela ou esverdeada sugere a presença de bactérias e a produção de pus. Mas a ciência demonstrou que nem sempre isso é verdade.
Nova regra: Não exija que o médico lhe receite antibióticos.
O muco amarelo ou esverdeado é um subproduto normal do processo de cura. No combate às infecções, os glóbulos brancos liberam enzimas para matar os invasores. Algumas contêm ferro e têm um tom esverdeado. O muco opaco não significa automaticamente uma infecção bacteriana. “É provável que você esteja combatendo um vírus, que vai embora sozinho”, diz o Dr. Aaron Carroll, coautor do livro da Dra. Vreeman.
Então por que o médico ainda puxa o receituário? Alguns médicos supõem que os pacientes querem antibióticos porque costumam pedi-los. Mas o excesso de prescrição tem consequências. “Dar antibióticos demais pode provocar resistência”, diz o Dr. Carroll. Se o seu médico sugerir antibióticos, pergunte se são mesmo necessários.
Receita velha: Use álcool ou água oxigenada para limpar e desinfetar um corte ou esfoladura.
Esses agentes de limpeza destroem bactérias que causam infecções. Alguns centros médicos e até livros de primeiros socorros aconselham ter uma garrafa de cada um deles na caixa de remédios, para que sejam usados na hora de limpar ferimentos.
Nova regra: Lave os cortes com água e sabão.
“A água oxigenada e o álcool retardam o processo de cura porque também destroem as células boas, essenciais para o reparo dos tecidos”, explica o Dr. Carroll. Protocolo de primeiros socorros mais inteligente: lave o ferimento com um sabão suave e água corrente durante três a cinco minutos e depois aplique uma camada fina de pomada antibiótica para prevenir infecções.
Num estudo clássico publicado na revista Journal of Family Practice, esse método ajudou bolhas infectadas a sarar mais depressa do que outras técnicas, inclusive a limpeza com água oxigenada.
Por fim, cubra o machucado com um curativo para manter a área limpa e úmida. “Não cobrir o ferimento é outro erro comum”, diz o Dr. Carroll. “Arejar a ferida promove a morte celular, e a casquinha resultante pode deixar cicatrizes”, explica ele. O mais indicado é cobrir o corte para que sare mais depressa.
Receita velha: Tome remédios ao primeiro sinal de febre.
Além de arrepios e desconforto, a febre descontrolada pode provocar efeitos colaterais assustadores como convulsões febris em crianças. Por isso é importante, principalmente no caso dos pequenos, tomar antitérmicos na mesma hora.
Nova regra: Só tome remédios em caso de febre alta.
Além de inofensiva, a febre baixa também ajuda o corpo a combater infecções, e a recuperação é mais rápida. “A temperatura corporal mais alta estimula o sistema imunológico”, diz o Dr. David Katz, diretor do Centro de Pesquisa de Prevenção Yale-Griffin. Também enfraquece os micróbios invasores e fica mais fácil combatê-los.
Em geral, a menos que ultrapasse os 38°C (ou 39°C para a maioria das crianças com mais de 3 meses), não trate a febre. Obviamente, se você estiver se sentindo muito mal, deve consultar seu médico.
Receita velha: Limite a ingestão de ovos para proteger o coração
Desde a década de 1970, os cardiologistas vêm avisando aos pacientes que gema de ovo é rica em colesterol, capaz de entupir artérias e abrir caminho para cardiopatias.
Um estudo publicado em 2013 na revista Atherosclerosis indicou que, para o coração, os ovos são quase tão prejudiciais quanto o cigarro.
Nova Regra: Abrir mão da omelete não faz tão bem assim.
Uma revisão de estudos publicada no American Journal of Clinical Nutrition concluiu que o consumo de ovos por pessoas saudáveis não aumenta o risco de cardiopatia.
Outra pesquisa mostrou que mesmo quem tem colesterol alto pode comer um ovo por dia sem problemas. Eis a razão: o colesterol encontrado em alimentos como ovos e camarão tem efeito desprezível sobre o nível de colesterol na corrente sanguínea, segundo o Dr. Katz.
Os verdadeiros culpados da elevação do colesterol são as gorduras trans e saturadas da alimentação, que forçam o fígado a produzir colesterol.
Quanto à pesquisa recente que condenou os ovos, o estudo tinha falhas: pedia aos pacientes que recordassem quantos ovos comiam e não levou em conta fatores do estilo de vida, como exercícios e o restante da alimentação.
No fim das contas, vale a pena desfazer essa concepção errada. Com 164 miligramas de colesterol, um ovo médio não excede o limite recomendado de 300 mg por dia (200 mg para quem sofre de doença cardíaca). A gema é riquíssima em nutrientes importantes, como colina, que protege o cérebro, e luteína, antioxidante que, segundo estudos, promove a saúde dos olhos.
Receita velha: Evite nozes, sementes e milho se tiver diverticulose.
Durante décadas, os médicos têm aprendido que quem sofre de diverticulose – transtorno digestivo caracterizado por pequenas bolsas no revestimento do cólon – deveria manter distância de alimentos pequenos e duros que pudessem se abrigar nessas bolsas, provocando sintomas como dor e sangramento. “Até hoje, recebo pacientes que não comem pipoca há 15 anos”, diz o Dr. Anish Sheth, gastroenterologista e professor-assistente de medicina da Escola Médica Robert Wood Johnson, em New Brunswick, Nova Jersey.
Nova regra: Vá em frente, coma aquele mix de castanhas
De acordo com um estudo com quase 50 mil participantes publicado na revista Journal of the American Medical Association, os alimentos antes proibidos não aumentaram o risco de complicações, e as pessoas com a doença podem consumi-los em segurança. Na verdade, comer nozes e pipoca baixou o risco de desenvolver a doença. “Esses alimentos são ricos em fibras, que ajudam a manter o intestino regularizado”, explica o Dr. Sheth. “E a teoria é que, com o tempo, a pressão da prisão de ventre pode provocar pontos fracos no cólon, parecidos com os que surgem numa mangueira velha de jardim.” Ao comer mais alimentos ricos em fibra, você talvez evite se tornar um dos 50% com mais de 60 anos que sofrem dessa doença.
Receita velha: Faça cinco ou seis pequenas refeições por dia para emagrecer.
Depois que pesquisas publicadas em revistas de prestígio como New England Journal of Medicine e American Journal of Clinical Nutrition revelaram que refeições pequenas e frequentes controlam melhor a glicemia e o nível de colesterol, alguns especialistas afirmaram que esse padrão alimentar também ativava o metabolismo e ajudava a emagrecer.
Nova regra
Na verdade, esse padrão alimentar pode levar a comer demais. Os cientistas da Universidade Purdue, em Indiana, puseram homens numa dieta com poucas calorias e rica em proteínas e descobriram que os que receberam seis refeições menores sentiram mais fome (e não emagreceram) do que os que receberam três refeições grandes. “As porções pequenas não dão uma sensação substancial de saciedade”, explica Heather Leidy, Ph.D., autora do estudo e hoje professora-assistente de nutrição e fisiologia do exercício da Universidade do Missouri. O desejo de comer persiste, diz ela, fazendo aquele biscoitinho no meio da tarde parecer mais tentador. É melhor fazer três boas refeições por dia e um lanche rico em proteínas à tarde, como iogurte grego com frutas picadas.
Receita velha: Faça exercícios aeróbicos para emagrecer.
Os exercícios aeróbicos são o padrão-ouro do emagrecimento desde que o conceito foi apresentado pelo médico Kenneth Cooper em seu livro Aeróbica, de 1968, que cunhou a palavra e divulgou a importância da boa forma cardiovascular para controlar o peso.
Nova regra
Agora a ciência demonstra que qualidade é melhor que quantidade: períodos curtos de atividade física intensa intervalados são a melhor maneira de se exercitar para emagrecer. Num estudo da Universidade de Nova Gales do Sul, na Austrália, mulheres que praticaram 20 minutos de treino numa bicicleta ergométrica (8 segundos de esforço máximo seguidos por 12 segundos de recuperação) três vezes por semana perderam, em quatro meses, quase o triplo de gordura do que um grupo de mulheres que praticaram 40 minutos de pedaladas de intensidade moderada. Os intervalos queimam mais calorias que a aeróbica regular e esporeiam o metabolismo, assim as calorias continuam a ser queimadas após o exercício. Além disso, uma sessão mais curta na academia significa menor probabilidade de comer demais depois. Uma pesquisa recente publicada no American Journal of Physiology constatou que quem fez uma hora de exercícios por dia perdeu o mesmo peso do que quem fez meia hora, talvez porque os que se exercitaram mais tempo comeram e descansaram mais no resto do dia. Para obter o melhor resultado, combine os intervalos com treinamento de força. Levantar pesos aumenta a massa muscular, que também estimula o metabolismo.
Receita velha: Sente-se ereto.
Manter a coluna perfeitamente ereta ao sentar pode prevenir dores e impedir futuros problemas nas costas.
Nova regra
Recostar-se, no fim das contas, pode ser a melhor estratégia. Quando realizaram ressonâncias magnéticas em voluntários, pesquisadores canadenses da Universidade de Alberta verificaram que se reclinar num ângulo de 135 graus provoca menos tensão nos discos da coluna do que se sentar num ângulo de 90 graus. “Com o tempo, o excesso de pressão pode fazer os discos saírem do lugar e provocar lesões como hérnias de disco”, diz o fisioterapeuta Evan Johnson, diretor de Fisioterapia do Centro da Coluna, do Centro Médico da Universidade New York Presbyteria/Columbia. Quando se sentar à escrivaninha, mantenha a cabeça alinhada com os ombros e quadris, permita uma leve curvatura da coluna para a frente e se recline um pouco para trás. Ajuste a cadeira para dar apoio às costas. “Quando verificamos o pessoal do hospital, sempre me surpreendo com o número de médicos que não sabe se sentar”, diz Johnson.
Receita velha: Recupere o sono perdido no fim de semana.
A privação crônica de sono está ligada a problemas de saúde como obesidade, cardiopatia e diabete. Os especialistas aconselham a compensar o déficit sempre que possível.
Nova regra
Levante-se à mesma hora todos os dias. Dormir até o meio-dia no sábado não compensa as noites maldormidas durante a semana. Foi o que concluíram os pesquisadores do Brigham and Women’s Hospital, em Boston, que fizeram os participantes dormir dez horas depois de terem repousado o equivalente a cinco, seis horas na véspera. Os cientistas verificaram que a capacidade de atenção dos participantes e seu tempo de reação ficaram cada vez piores. Depois de três semanas nessa rotina, o tempo de reação dos participantes em testes de função motora e cerebral ficou dez vezes mais lento que antes do início do estudo, porque uma noite bem-dormida não compensa a privação crônica de sono.
“Dormir até tarde desregula o ritmo circadiano”, diz o Dr. J. Todd Arnedt, Ph.D., diretor do programa de medicina comportamental do sono da Universidade de Michigan. “Será mais difícil dormir na noite seguinte, o que provoca mais insônia.” Para voltar aos trilhos com um novo horário para dormir, abra as cortinas logo de manhã e caia na cama assim que começar a se sentir cansado à noite. O mais provável é que você vá dormir mais cedo e, aos poucos, recupere em alguns dias o sono perdido.
Receita velha: Coma aveia de manhã.
É pobre em gordura, repleta de fibras e uma boa dose de cereal integral.
Nova regra
Farte-se com proteína magra de manhã e comerá menos o dia inteiro. De acordo com um estudo publicado no International Journal of Obesity, quem começou o dia com uma refeição que incluía alimentos ricos em proteína se sentiu mais saciado e comeu 26% menos calorias no almoço do que quem fez uma refeição mais simples. “A proteína estimula a liberação do peptídeo YY, hormônio intestinal que envia sinais de saciedade ao cérebro”, diz Heather Leidy, da Universidade de Missouri, que também encabeçou essa pesquisa. Enriqueça a aveia básica com nozes ou sementes de chia. Ou misture suplementos proteicos, leite desnatado ou claras de ovo pasteurizadas.
por Sharon Liao