Cinco anos após o diagnóstico de câncer de mama, Denise Ozores celebra a cura e mostra como a perda dos cabelos redefiniu sua visão sobre autoestima.
Os fios que caíam a cada manhã no travesseiro lembravam à dermatologista Denise Ozores, de 49 anos, que sua vida não seria mais a mesma. Para alguém que sempre trabalhou com estética, receber o diagnóstico de câncer de mama com perfil agressivo em estágio inicial não era fácil.
"Eu sempre orientei mulheres sobre prevenção e estética, mas nada me preparou para viver isso na pele", relembra. "Quando ouvi o diagnóstico, o medo tomou conta. Pela primeira vez, eu estava do outro lado, como paciente", conta.
Apesar de ter acompanhado de perto as transformações na aparência de algumas pacientes devido ao tratamento do câncer, para Denise a experiência de perder o próprio cabelo foi um choque que a fez repensar o verdadeiro significado de beleza.
"Entendi que não era o cabelo que me definia, mas como eu me via. Durante anos, falei sobre harmonia e estética, mas o câncer me ensinou que a verdadeira beleza começa por dentro", afirma.
Desde o diagnóstico em setembro de 2020, Denise passou por cirurgia, seis ciclos de quimioterapia e radioterapia até a conclusão do tratamento. Cinco anos depois, celebra a cura e compartilha a forma como a doença transformou sua maneira de viver e também sua prática médica.
“Meu conselho para quem enfrenta momentos difíceis é se reinventar da maneira que fizer mais sentido. Seja buscando um tratamento estético que ajude na autoestima, seja fortalecendo mudanças internas. O importante é atravessar esse período com confiança e otimismo”, conclui.
Hoje, Denise é prova de que vencer o câncer de mama não significa apenas sobreviver, mas também redescobrir a beleza de viver.
O que é o câncer de mama e por que o diagnóstico precoce faz diferença
O câncer de mama é o tipo de tumor maligno mais comum entre mulheres no Brasil e no mundo, segundo o Instituto Nacional de Câncer (INCA). Em 2025, a estimativa é de 66 mil novos casos no país.
A doença se desenvolve quando há crescimento anormal e descontrolado das células da mama, que podem formar um nódulo ou massa. Em geral, o diagnóstico precoce é o maior aliado para o sucesso do tratamento. De acordo com o Instituto Nacional de Câncer (Inca), quando descoberto em estágios iniciais, as chances de cura ultrapassam 90%.
A mastologista Anna Salvador, do Mater Dei, destaca que a mamografia é o exame mais eficaz para a detecção. “Essencial para aumentar as chances de cura e possibilitar tratamentos menos agressivos”, afirma a médica.
Como o câncer de mama afeta a pele e os cabelos
Durante o tratamento do câncer de mama, é comum que pacientes enfrentem alterações na pele, nas unhas e nos cabelos. Essas mudanças são efeitos colaterais provocados principalmente pela quimioterapia e radioterapia.
A quimioterapia age destruindo células que se multiplicam rapidamente, como as cancerosas, mas também atinge células saudáveis do couro cabeludo, resultando em queda total ou parcial dos fios. Já a radioterapia pode causar ressecamento, coceira e irritação na pele da região tratada. Em alguns casos, surgem manchas ou sensibilidade aumentada ao sol. Embora temporárias, essas alterações podem impactar a autoestima e o bem-estar emocional.
A médica pós-graduada em dermatologia Camila Mazza explica que cuidar da pele durante o tratamento é essencial para o conforto físico e emocional. "A pele é o maior órgão do corpo e reflete muito do que estamos vivendo internamente. Durante o tratamento do câncer, ela sofre com as mudanças químicas e hormonais. Cuidar de si não é vaidade, é parte do processo de recuperação e de preservação da autoestima", explica a especialista.
Camila explica que ressalta que a atenção os cuidados com a pele devem fazer parte da rotina desde o início do tratamento oncológico. "Manter a pele hidratada, evitar banhos muito quentes e preferir fórmulas suaves, sem fragrâncias e com ação reparadora faz muita diferença no dia a dia. São atitudes simples que ajudam a restaurar o equilíbrio da pele e trazem conforto em um momento tão delicado", destaca a médica.
Após o fim do tratamento, os fios tendem a crescer novamente, muitas vezes com textura ou coloração diferentes. O importante é respeitar o tempo do corpo e adotar uma rotina de autocuidado que favoreça a regeneração, incluindo hidratação, alimentação equilibrada e acompanhamento médico regular.
A força do Outubro Rosa e o poder da prevenção
A história de Denise se conecta com a mensagem central do Outubro Rosa, campanha internacional criada nos anos 1990 e que ganhou força no Brasil a partir do início dos anos 2000. O movimento reforça a importância do diagnóstico precoce e do acesso a informações confiáveis.
Segundo o INCA, um a cada três casos pode ser evitado com hábitos saudáveis, como manter o peso adequado, praticar atividades físicas regularmente e evitar o tabagismo e o consumo excessivo de álcool. Além disso, o autocuidado emocional também é fundamental. O diagnóstico de câncer costuma vir acompanhado de medo e insegurança, mas o suporte psicológico e o convívio com pessoas que passaram pela mesma experiência fazem diferença no processo de recuperação.
Entre os principais fatores de risco do câncer de mama estão:
Contudo, especialsitas ressaltam que nenhum caso é igual ao outro; mesmo mulheres jovens sem os fatores de risco podem ser diagnosticadas com câncer de mama. Por isso, o acompanhamento preventivo é indispensável.
Quando procurar um médico?
- Faça o exame clínico das mamas anualmente a partir dos 40 anos.
- Realize a mamografia de rastreamento entre 40 e 69 anos, conforme orientação médica.
- Procure um especialista ao perceber qualquer alteração, como nódulos, secreções, retrações ou mudanças na pele da mama.
Quando o assunto é saúde, a informação salva vidas. Quanto mais cedo o diagnóstico, maiores as chances de cura. Sendo assim, fique sempre atenta aos sinais e não deixe de realizar exames periódicos para avaliar como está a sua saúde.
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