Mauricio Patrocinio, especialista em felicidade e relacionamentos, lista algumas dicas para converter a dor em algo mais poderoso.
Julia Monsores | 25 de Fevereiro de 2021 às 17:00
Assim como a alegria, a dor é inerente à vida e traz com ela lições muito importantes e que servem como guias para dar novos passos e rumos à trajetória de uma pessoa.
Todo mundo já experimentou a dor em algum ou até mais de um momento na vida. E é muito comum, nesses instantes, transformá-la em sofrimento, tomá-la como uma bebida amarga e, muitas vezes, eterna e se desesperar, tentando fugir dela a qualquer custo e fazendo com que se sofra ainda mais.
“É natural fugirmos da dor, nos esquivarmos dela. Ela é algo que existe para nossa própria sobrevivência”, explica Mauricio Patrocinio, especialista em felicidade, escritor, palestrante, comunicador, autor dos livros “Por que as pessoas não são felizes?” e “Relacionamentos enriquecem”, empreendedor e CEO da NewAge no Brasil.
“Imagine como seria se não sentíssemos dor? Sabe aquela topada que a gente dá na mesinha da sala ou na quina da cama? Dói muito. Essa dor é para tomarmos mais cuidado da próxima vez”, completa.
Não há nada que impeça mais a felicidade que a dor e, seja qual for a situação, é preciso saber como lidar emocionalmente com ela, ao invés de simplesmente lutar para esquecê-la ou superá-la. Pensando nisso, Mauricio lista a seguir seis conselhos eficazes para lidar com o sentimento:
Não é necessário lembrar do prazer para sobreviver. Com isso, o cérebro, naturalmente, esconde a sensação dos prazeres que as pessoas tiveram na vida e traz muito mais à tona as dores.
“Está aí o cuidado que temos que ter: precisamos fazer um esforço maior para lembrarmos das conquistas que tivemos, dos momentos bons, com alegria. Este exercício estimula a produção de serotonina, neurotransmissor responsável pelo bem-estar — um dos elementos que chamo de ‘quarteto da felicidade’”, explica o especialista.
Quando alguma situação não vai bem, a tendência natural é a de, muitas vezes, as pessoas se “vitimizarem” diante dela. Ao terminar um relacionamento, saem contando para todos, até mesmo os detalhes.
O trabalho não anda bem e contam isso para o mundo, falam dos chefes, dos conflitos com os colegas, das dificuldades. Elas têm um problema na família e ligam para o mundo para contar sobre ele. O conselho de Mauricio Patrocinio é: tomar cuidado com o que falam.
“Sim, é bom desabafar para um amigo verdadeiro ou até em uma terapia. Porém, quando ficamos presos neste modo, podemos nos viciar na atenção que recebemos e nos tornarmos os ‘coitadinhos’ em busca de carinho, atraindo ainda mais dor e sofrimento para a nossa vida”, explica.
“A gente pode também entrar em um modo ‘sabotagem’. Quando terminamos um relacionamento de forma dolorida, corremos o risco de evitar novos relacionamentos com as mais diversas desculpas para evitar aquela dor que tivemos. Quando um empreendimento fracassa de forma dolorida, corremos o risco de evitar arriscar novamente para não sofrermos mais. Esta sabotagem está nos mais diferentes âmbitos”, conta Patrocinio.
O fato é que, muitas vezes, um segundo relacionamento pode ser melhor que o primeiro, quando se permite aprender com os erros do primeiro, trazendo a responsabilidade para si ao invés de, apenas, pensar na culpa do outro.
“Empreendedores de sucesso, por exemplo, fracassam duas, três ou mais vezes antes de ter sucesso. Permita-se e liberte-se das más experiências e transforme apenas em experiência positiva”, aconselha.
Ninguém quer sentir dor, mas a verdade é que só sente dor quem vive.
“Se não fazemos nada, não saímos de casa, não buscamos o novo sempre e, teoricamente, não corremos o risco de sofrer a dor da perda. No entanto, a dor de desperdiçar uma vida na mesmice pode ser muito maior. Olhe pra você, pense no que te dá prazer, quais são seus sonhos, busque o que impulsiona sua felicidade”, estimula Mauricio.
É fato: as pessoas só sentem falta daquilo que é ou de quem foi importante para elas. Só sentem saudade daquilo que as faz ou fez bem. E é, realmente, muito difícil lidar com essa perda, mas é necessário se esforçar para lembrar sempre com carinho e gratidão por aquilo de bom que passou.
“A gente sofre sim a perda. Perder um ente querido é uma dor muito grande. No entanto, apenas temos saudades de quem amamos. Dói sim, e muito, mas temos que fazer um esforço com gratidão por termos vivido com essas pessoas”, comenta.
Sempre que algo ruim acontecer, pense: o que preciso aprender com isso?
“Não se coloque em uma posição de que você merece sofrer, que tem o dedo podre, que é castigo… Na verdade, somos nós quem nos castigamos com nossas próprias escolhas, muitas vezes, ou a falta delas. Cada situação que acontece conosco, certamente, traz um aprendizado e uma boa experiência, permitindo continuarmos neste grande jogo que se chama vida” finaliza Mauricio.