No Dia Mundial da Mamografia, conversamos com a Dra. Mariana Rosario que explica tudo sobre esse exame de detecção precoce de doenças mamárias
Julia Monsores | 5 de Fevereiro de 2021 às 15:00
Hoje, dia 5 de fevereiro, comemora-se o Dia Nacional da Mamografia. A data tem como objetivo promover uma maior reflexão acerca da importância de realizar esse exame de detecção precoce de doenças, como o câncer de mama, que só no ano passado acometeu 66.280 pessoas.
Oferecido pelo Sistema Único de Saúde (SUS) e coberto pelos planos de saúde de todo o país, o exame é insubstituível e, na maior parte dos casos, deve ser realizado uma vez por ano a partir dos 40 anos.
Para explicar a importância da mamografia, como é feito, o papel do autoexame, e muitas outras questões pertinentes ao tema, conversamos com a Dra. Mariana Rosario, ginecologista e mastologista. Confira!
Também conhecido como mastografia, a mamografia é um exame de rastreio por imagem, que estuda o tecido mamário e analisa a presença de lesões.
“A mamografia tem como objetivo a detecção precoce de doenças da mama, principalmente o câncer. A mamografia é o único exame que consegue ver microcalcificação, que é o câncer mais inicial do mundo. Então, ainda é muito importante por conta disso, para fazer a detecção precoce das doenças. Não é prevenção, é detecção precoce”, explica a doutora Mariana.
Antigamente, quando ainda não havia a mamografia digital, o exame costumava ser mais demorado. Hoje em dia, no entanto, com a evolução da tecnologia, os resultados são liberados mais rapidamente.
“O exame é feito por meio de uma máquina, que prensa a mama em duas incidências — craniocaudal látero-lateral — para fazer as radiografias”, explica.
Uma dúvida bem comum entre as mulheres é sobre a idade para fazer a mamografia.
“Pela Sociedade Brasileira de Mastologia, o correto é iniciar aos 40. E pelo SUS, os pacientes iniciam aos 50. Já os pacientes com histórico familiar, o certo é começar dez anos antes, caso tenha tido casos de câncer na família”, explica.
E completa, explicando que a regularidade, se tiver tudo bem, é de uma vez por ano. “Mas caso tenha alguma lesão em acompanhamento, às vezes precisamos diminuir um pouco esse intervalo”, conclui.
Além da mamografia, a Dra. Mariana Rosario explica que há também outros tipos de exames de mama que as mulheres podem fazer, com recomendação médica.
“Nós temos a mamografia, ultrassom, ressonância magnética e a tomossíntese — que é uma mamografia em cortes. Então, se eu tiver a dúvida de um nódulo, por exemplo, na mamografia, que é um exame estático, eu consigo fazer o corte desse exame na tomossíntese e ver se realmente existe ou não um nódulo ali”.
No entanto, a Dra. ressalta que nenhum desses exames substituem a mamografia.
“Nenhum deles consegue detectar essas microcalcificações, que são a forma mais precoce do câncer de mama. Então a mamografia é insubstituível ainda”, conclui.
Costumamos ouvir por aí que o autoexame é uma estratégia de detecção bastante eficaz. No entanto, a Dra. Mariana Rosario alerta para o fato de que o autoexame só detecta tumores em estágios avançados, então a mamografia continua sendo a principal estratégia de detecção precoce.
“O autoexame é recomendável, mas ele tem um grande problema: ele só detecta tumores em estágios muito mais avançados. Então ele só detecta nódulos maiores, que já se desenvolveram mais. Então tem que tomar cuidado. Muitas vezes a paciente não tem treinamento para fazer paupação, e às vezes nem o médico tem esse treinamento para que, só com as mãos, consiga detectar alguma lesão mamária”, explica.
A médica alerta para o fato de que muitas pacientes com câncer às vezes deixam que realizar a mamografia, uma vez que realizam o autoexame e não sentem nenhuma alteração na mama.
Apesar de estar disponível na rede pública de saúde, a aderência ao exame ainda é baixa. De acordo com o INCA, apenas 20% das pessoas elegíveis ao exame de fato o realizam.
“A mamografia ainda é muito visto como um exame dolorido, que deixa a paciente muito mal. Além disso, muita gente que tem prótese também tem medo, achando que vai estourar a prótese. Mas isso é um mitos, já comprovado que não existe”, explica.
A médica não esconde que, de fato, esse é um exame um pouco doloroso. Mas explica que a dor é momentânea.
“É de fato um exame doloroso. A pressão exercida na mama equivale a uma pressão de 18 quilos, o que não é um peso tranquilo. Mas de qualquer forma, a dor é momentânea, só no momento do exame. E a importância desse exame é mil vezes maior do que a sua dor. Então é importante que as mulheres tenham consciência sobre o papel desse exame e realizem”, conclui.