Você quer viver mais tempo e com maior qualidade de vida? Confira algumas dicas de especialistas que irão ajudá-lo a ter mais longevidade.
Douglas Ferreira | 2 de Outubro de 2020 às 14:00
No Brasil, a expectativa de vida das mulheres é de 79 anos, cerca de 7 anos mais que os homens (69,3). Mas, apesar de as estatísticas afirmarem que as mulheres levam vantagem, a longevidade só depende de cada um, segundo o médico holandês Joop Stork, de 70 anos.
Ele usa a si mesmo como exemplo. Stork come sanduíches feitos com pão integral; só bebe pequenas quantidades de bebida alcoólica, é jogador fanático de tênis e não adoece nunca. Mesmo assim, usa óculos, palmilhas ortopédicas e está um pouco acima do peso. O médico segue o próprio conselho e toma cuidado para não exagerar nas refeições.
Clínico há mais de 40 anos, já examinou pacientes por dentro e por fora, a fim de identificar os problemas de saúde e procurar soluções. E elas quase sempre são surpreendentemente simples. Ele dá dicas do que fazer para se ter uma vida mais longa. Desde a mais previsível “exercite-se mais e beba menos” a este conselho: não faça dieta, simplesmente coma menos. Não é muito complicado, diz Stork. “É questão de saber o que fazer e fazê-lo. Assim dá para viver mais alguns aninhos…”
Viva a vida em plenitude, com divertimento, felicidade e um propósito; esse é o primeiro e mais importante conselho do médico. A cada dia que passa sem rir, você perde um pouco da vida, diz ele. Embora não tenha provas científicas que sustentem isso, ele sabe, depois de anos de experiência em uma clínica psiquiátrica, que a mente doente pode provocar consequências profundas no corpo. Ele observou que os doentes mentais adoecem mais depressa e não se cuidam direito. “Isso lhes custa anos de vida.”
As estatísticas também demonstram que o casamento faz bem à saúde. Os casados vivem mais que os solteiros e os divorciados ou viúvos, talvez por levarem uma vida mais saudável. Os homens casados com mais de 50 anos de idade vivem, em média, quatro anos mais do que os não casados da mesma idade, segundo o Bureau Central de Estatísticas da Holanda. O casamento dá às mulheres mais dois anos de vida.
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Se esticássemos o coração e os vasos sanguíneos de uma pessoa, eles ocupariam um campo de futebol inteiro. Portanto, não surpreende que os médicos queiram manter saudável esse órgão tão grande.
“Então, mexa-se!”, recomenda o Dr. Stork. Porque, quando o time vascular enfrenta o time dos fatores de risco, o jogador de maior peso é a obesidade. Com essa analogia, Stork conclui que, se a obesidade fosse eliminada, os companheiros de time não conseguiriam mais provocar hipertensão arterial, colesterol elevado e glicemia alta.
“Quando se está acima do peso, exercitar-se é tão importante quanto comer menos”, salienta o médico. “Os exercícios estimulam a circulação do sangue, e isso mantém os vasos limpos e saudáveis. A boa circulação ajuda a impedir a aderência da gordura às paredes dos vasos. Quem leva uma vida sedentária pode acabar com as artérias congestionadas.”
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Continuar estudando para manter-se em forma? Parece que isso é verdade. Uma pesquisa realizada pela Fundação Getúlio Vargas mediu o efeito da escolaridade na expectativa de vida em 5.500 municípios brasileiros. A conclusão é que as pessoas vivem mais em municípios que investem mais na escola, como em São Caetano do Sul (SP).
Isso se deve, em parte, ao acesso à informação sobre alimentação saudável e o próprio corpo. Segundo Stork, os holandeses são muito carentes nesse aspecto. “Vão ao médico quando estão gripados, mas não sabem dizer onde ficam o fígado e o baço. A educação devia dar mais atenção a isso tudo.”
Passar mais tempo na escola, em geral, também proporciona salários mais altos. “Quem tem dinheiro pode ir aos Estados Unidos para implantar uma válvula nova no coração, ao passo que, na Holanda, teria de entrar numa longa fila de espera”, diz o Dr. Stork.
Isso é, sem dúvida, melhor para os brônquios, o coração e os vasos sanguíneos. Nosso corpo sofre a invasão de partículas minúsculas, principalmente por meio das emissões de dióxido de carbono do trânsito e das indústrias. A exposição a essas partículas é maior nas cidades grandes do que no interior.
Segundo alguns estudos brasileiros, a exposição de longo prazo a poluentes pode até reduzir a expectativa de vida em um ano por causa dos problemas respiratórios decorrentes da poluição. Em São Paulo, de acordo com pesquisa realizada pelo Laboratório de Poluição da USP, o ar de certas regiões da cidade é tão impuro que equivale ao fumo de três cigarros por dia. A média de mortes associadas à poluição é de 4.300 por ano naquela cidade.
O Dr. Stork, que mora em Amsterdã e é apaixonado por sua vida urbana, simplesmente não conseguiu dar esse passo. “Porém, no caso de problemas respiratórios, mudar-se para áreas onde o ar é menos poluído é uma ideia excelente. Os médicos recomendam isso há anos.”
“O álcool é um assunto complicado”, admite Stork, porque tem efeitos colaterais tanto negativos quanto positivos. Vejamos a pesquisa realizada na Universidade Wageningen e no Instituto Holandês de Saúde Pública e Meio Ambiente: quem bebe vinho moderadamente vive, em média, cinco anos mais que os abstêmios. O estilo de vida dessas pessoas tem correlação com o fato de correrem menos riscos de morrer de AVC e doenças cardíacas, por exemplo.
O álcool aumenta a limpeza vascular do colesterol HDL, explica o médico, eliminando, assim, os resíduos da parede vascular. “E o vinho tinto contém antioxidantes que inibem o câncer. Mas a teoria de que duas taças de vinho tinto por dia fazem bem à saúde nunca foi comprovada.” Ele incentiva a moderação e até a abstinência, principalmente para pessoas com problemas hepáticos, porque o álcool danifica o fígado.
Muitas doenças se desenvolvem por causa do consumo contínuo de álcool e outras drogas – de distúrbios mentais ao câncer.