O tratamento precoce da Covid-19 pode parecer uma boa ideia, mas é ineficaz e potencialmente perigoso. Entenda a razão disso.
Com o avanço da pandemia no Brasil e a vacinação no país caminhando a passos lentos, muitas pessoas têm buscado no tratamento precoce de Covid-19 uma solução para não contrair a doença.
No entanto, o tratamento precoce ministrado a partir do “Kit Covid” não apenas não funciona como também pode trazer diversos riscos à saúde, sendo até mesmo fatal.
O que é o Kit Covid?
O Kit Covid é um coquetel de medicamentos composto geralmente pelos remédios cloroquina, ivermectina, azitromicina e vitaminas, com o suposto objetivo de evitar que a Covid-19 seja contraída ou assuma estágios mais graves.
Todos estes remédios possuem indicações para o tratamento de doenças diferentes: a cloroquina para malária e doenças autoimunes; a ivermectina para vermes no intestino; e a azitromicina, um antibiótico para o tratamento de infecções.
O Kit Covid funciona?
O Kit Covid não tem eficácia comprovada no combate à Covid-19 de acordo com pesquisas e estudos científicos.
O uso de ivermectina para tratamento precoce de Covid-19 já foi desaconselhado pela própria Merck, farmacêutica fabricante do remédio e também pelo FDA, órgão estadunidense de controle de substâncias.
De acordo com estudo publicado na revista britânica Recovery, a azitromicina não interfere no curso de desenvolvimento da Covid-19 e pode contribuir para o desenvolvimento de superbactérias no organismo, por se tratar de um antibiótico.
Já o uso de cloroquina foi fortemente desaconselhado, tanto pela Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI) quanto pela OMS, a partir do estudo publicado ainda em 2020 no British Medical Journal.
Um tratamento precoce para Covid-19 testado cientificamente e que de fato funcione ainda não existe, sendo o melhor método para evitar contrair a doença a prevenção: evitar aglomerações, lavar sempre e bem as mãos, buscar estar em locais ventilados e usar máscara sempre, de preferência PFF2.
Quais os riscos do tratamento precoce?
De acordo com estudo brasileiro publicado em janeiro desse ano na revista Cadernos da Saúde Pública, o uso destes medicamentos pode trazer malefícios ao coração, à pele, ao sistema gastrointestino e ao fígado.
Os riscos são diversos e envolvem diarreia, dor abdominal, febre, tontura, dor de cabeça, taquicardia, aumento do colesterol ruim e erupções cutâneas.
As complicações no fígado podem se tornar tão graves, inclusive, que no Brasil já há casos de pessoas que necessitaram de transplantes para conseguir sobreviver, além de diversos falecimentos em decorrência do uso destes medicamentos para o propósito de tratamento precoce.