A melhor coisa a se ensinar aos filhos é administrar as emoções. Confira dicas de especialistas para criar filhos com inteligência emocional.
Julia Monsores | 14 de Fevereiro de 2020 às 14:00
Uma das coisas mais importantes que você pode fazer por seus filhos é ajudá-los a administrar as emoções. Mas isso não é coisa fácil de ensinar. Aqui, especialistas dão suas melhores dicas para criar filhos com inteligência emocional, auxiliando-os a expressar seus sentimentos, ter mais empatia pelas pessoas e saber lidar melhor com os reveses da vida.
“As crianças são impulsivas por natureza e, sem controle, podem se tornar adultos impulsivos”, explica Aleasa Word, coach formada em inteligência emocional. “A impulsividade reduz a inteligência emocional, e é bom ensinar as crianças a parar antes de agir e pensar em como se sentem.”
Ela sugere dicas visuais, como uma pulseira especial ou palavras-gatilhos que ajudem as crianças a aprender a fazer uma pausa. Explique a elas a importância de esperar cinco segundos para reagir a qualquer coisa, a menos que seja uma emergência. “Meus filhos têm uma rotina de olhar para cima, para baixo, para a esquerda e para a direita antes de responder, o que os força a fazer uma pausa e pensar”, conta ela.
“Tenha horários de conversa obrigatória na família”, aconselha Tom Kersting, psicoterapeuta e autor do livro Disconnected: How to Reconnect Our Digitally Distracted Kids (Desconectado: como reconectar nossos filhos digitalmente distraídos).
“Em média, um pai ou mãe passa três minutos e meio por semana em conversas significativas com os filhos. Crie para a família a regra de se sentarem juntos à noite, por uns 15 minutos pelo menos, para conversar.”
“Os sentimentos não estão certos nem errados, eles simplesmente existem, e todo mundo tem direito a seus sentimentos, inclusive seu filho”, diz Harvey Deutschendorf, autor de The Other Kind of Smart, Simple Ways to Boost Your Emotional Intelligence for Greater Personal Effectiveness and Success (O outro tipo de meios simples e sagazes de aumentar sua inteligência emocional para ter mais sucesso e eficácia pessoal).
“Sempre use perguntas para incentivá-lo a exprimir seus sentimentos. Por exemplo, se a criança estiver cabisbaixa ou aborrecida e não falar nada, pergunte: ‘Você parece triste hoje; aconteceu alguma coisa?’ Nunca faça julgamentos nem duvide do que sentem. Para eles, seus sentimentos são reais e autênticos.”
Em qualquer idade, a criança pode ter dificuldade de pôr em palavras as emoções que sente. “Você pode ajudar sugerindo, mas nunca lhe dizendo, o que talvez esteja sentindo”, observa Deutschendorf.
“Diga, por exemplo: ‘Se meu melhor amigo não quisesse falar comigo, provavelmente eu me sentiria abandonado ou indesejado... é mais ou menos isso?’ Você pode explicar os sentimentos que teria se passasse por uma situação parecida, incentivando assim seu filho a se abrir e lhe confiar o que sente.”
Quando se ensina inteligência emocional a crianças, um aspecto importante é servir de modelo sempre que você vivenciar seus próprios sentimentos no cotidiano. As crianças observam os pais com atenção e apreendem habilidades, tanto saudáveis quanto insalubres, com base no que observam.
“Conte aos filhos as emoções que teve durante o dia”, sugere Deutschendorf. “Por exemplo, se ficou zangado porque alguém o fechou no trânsito, diga como lidou com isso de maneira positiva. Também conte como foi bom quando seu chefe o cumprimentou por um serviço bem-feito.”
Passar algum tempo conversando frente a frente com os filhos sobre as emoções dos outros é uma ótima maneira de lançar os alicerces da empatia, que tem papel importante na inteligência emocional. “Por exemplo, quando seu filho contar alguma coisa que aconteceu na escola com outra pessoa, peça que imagine como a pessoa se sentiu”, diz Deutschendorf.
Se algo acontecer com alguém que você conhece, demonstre empatia quando falar sobre isso na frente dos filhos.
Dê aos filhos limites que sirvam de guia quando eles viverem e classificarem suas emoções. Nunca diga como deveriam ou não se sentir, mas interfira caso se comportem de forma inadequada. Por exemplo, se ficarem com raiva e partirem para a agressão física, impeça que batam em alguém. “Separe os comportamentos do seu filho”, diz Nechama Finkelstein, assistente social.
“Seu filho deve receber sempre a mensagem de que é amado do jeito que é, mesmo quando precisa modificar comportamentos específicos.”
Criar filhos com inteligência emocional é um processo lento e constante, e é importante que você reconheça e comemore o progresso.
“Demonstre perceber as situações em que seu filho poderia ter deixado as emoções correrem livres mas manteve o controle. Então o elogie”, sugere Deutschendorf. “Diga: ‘Gostei que você não tenha se irritado quando seu irmão menor ficou atrapalhando a brincadeira. Percebi que você ficou calmo e arranjou outra coisa divertida para ele fazer. Foi um jeito ótimo de lidar com ele. Como se sente?’”