Conheça a história de um homem de 37 anos que quase perdeu a visão para uma forte e súbita infecção por fungos.
Redação | 26 de Janeiro de 2019 às 21:00
Confira a história de Richard, um desenvolvedor de software de 37 anos que quase perdeu um olho devido a uma forte e súbita infecção por fungos:
A caminho de casa depois do trabalho, em setembro de 2017, Richard sentiu uma dor penetrante no olho direito.
A princípio, ele achou que algo entrara sob a lente de contato, mas a sensação não diminuiu depois que ele tirou a lente. Como na manhã seguinte o olho ainda doía, ele marcou uma consulta com o médico de família, que desconfiou de uma infecção ligada à lente e o enviou ao departamento de oftalmologia do Hospital Royal Berkshire, no Reino Unido.
Lá, um oftalmologista identificou uma pequena úlcera na córnea (um machucado na superfície transparente do olho), provavelmente causada por bactérias. (Ele usava lentes diárias descartáveis, mas as infecções bacterianas são comuns mesmo com usuários dessas lentes.) Como as úlceras da córnea podem provocar perda de visão, Richard recebeu uma série intensiva de colírio antibiótico, a ser ministrado de hora em hora durante duas semanas.
O tratamento ajudou inicialmente, mas no fim da segunda semana a dor voltou com mais intensidade.
Richard também notou que a visão do olho direito estava piorando. Para reduzir a inflamação, o oftalmologista acrescentou esteroides à segunda quinzena de colírios. Mas o desconforto e a perda de visão só pioraram. A úlcera também crescia, e agora havia acúmulo de pus dentro do olho.
Nisso, já com três semanas, a agonia era avassaladora, e Richard ficara tão sensível à luz que não conseguia manter os olhos abertos. Não podia mais dirigir nem trabalhar.
Três semanas depois de iniciado o sofrimento, ele foi encaminhado ao Dr. Martin Leyland, que realizou uma raspagem da córnea para remover parte da úlcera e tentar um diagnóstico. As células foram mandadas ao laboratório para identificar o agente causador da infecção. “O paciente já não conseguia ler a escala optométrica nem contar meus dedos se eu os afastasse de seu rosto”, diz Leyland.
O resultado da raspagem chegou: nada crescera no laboratório. Dessa vez, o paciente foi tratado com colírios antibacterianos e antifúngicos, além de comprimidos fungicidas (estes últimos, em parte, porque os antibióticos não faziam efeito).
Embora Richard começasse a apresentar uma melhora, ela durou pouco; e a dor e a perda de visão do olho aumentaram.
Duas semanas depois, quando uma segunda raspagem da córnea também não trouxe resultados, Leyland removeu um pedaço maior da córnea para fazer uma biópsia. Finalmente, o patologista descobriu um minúsculo filamento de fungo. Dois dias depois, um microbiologista identificou a espécie Fusarium solani, encontrada no solo e em detritos vegetais. Leyland consultou o laboratório nacional de referência e descobriu que o fungo resiste a todos os antifúngicos disponíveis. Leyland nunca vira uma infecção por fungos tão teimosa e resistente.
“Normalmente, as lágrimas lavam os fungos”, diz ele. “Mas, depois que entram sob a lente de contato, eles crescem bem contentes e causam muitos danos.”
Naquele momento, fazia quase três meses desde o início da infecção.
Leyland realizou um transplante de córnea de emergência, com tecido de doadores, na última tentativa de salvar o olho do paciente, lavando a área infectada com fluidos antifúngicos. Depois da cirurgia, Richard começou um tratamento intensivo com antifúngicos em colírio e via oral. A inflamação também causou a formação de catarata, e ele passou por outra cirurgia para melhorar a visão.
Felizmente, desde a operação, a córnea transplantada se manteve transparente. Richard se recuperou bem e a expectativa é que o olho afetado volte a ter até 90% da visão.
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