Estudos revelam que uma boa alimentação pode prevenir a HPB e também reduzir o risco de desenvolvimento do câncer de próstata.
Douglas Ferreira | 6 de Novembro de 2021 às 16:00
A expressão “problemas na próstata” em geral engloba tanto a hiperplasia prostática benigna (HPB) quanto o câncer de próstata. Embora haja outros tipos de problemas relacionados à próstata, como a prostatite, essas duas doenças são as mais predominantes. Como esses problemas apresentam sintomas semelhantes, é essencial consultar um médico para obter um diagnóstico correto e receber o tratamento adequado.
A hiperplasia prostática benigna, também conhecida como aumento da próstata, é um dos problemas de saúde mais comuns entre homens na faixa dos 60 anos de idade. Na HPB, a glândula prostática aumenta e comprime a uretra. Alguns dos sintomas da HPB são:
Um eventual acúmulo de urina na bexiga cria risco de infecção, e a pressão retrógrada decorrente desse acúmulo pode causar lesão renal, embora seja raro. Em alguns casos há retenção aguda de urina – uma obstrução súbita ocasiona aumento do volume da bexiga, que por sua vez causa dor extrema e demanda tratamento urgente.
O câncer de próstata é o tipo de câncer mais comum em homens com idade superior a 50 anos. Ele é a segunda causa de mortes por câncer em homens no Brasil e nos Estados Unidos. Recomendam-se exames clínicos completos e periódicos, principalmente para os homens que sentem dor ou dificuldade à micção, sangue na urina, ejaculação precoce dolorosa, impotência ou dor na região lombar.
Parte comum do envelhecimento, a hiperplasia prostática benigna (HPB) se desenvolve lentamente com o passar dos anos. Acredita-se que fatores hormonais possam estar associados à HPB. Contudo, sem dúvida, a idade é o fator de risco mais comum. Em homens com 80 anos ou mais, o índice de ocorrência chega a 90%. Embora tenha uma ocorrência tão alta, apenas cerca de um terço dos homens desenvolve sintomas. Sendo assim, fazer o acompanhamento médico é fundamental para identificar o problema.
Homens com HPB de crescimento rápido são mais propensos a ter câncer de próstata, especialmente se apresentarem a síndrome metabólica.
O câncer de próstata também pode estar associado a um fator hormonal, conforme algumas pesquisas laboratoriais vêm constatando. Há ainda um componente genético; homens com histórico familiar da doença correm maior risco do que homens que não têm caso algum de câncer de próstata na família. Alguns fatores ambientais também podem influenciar o desenvolvimento do câncer de próstata.
Diversas evidências indicam a existência de relação entre os fatores nutricionais e a saúde da próstata. Estudos revelam que o mineral antioxidante selênio pode prevenir a HPB e também reduzir o risco de desenvolvimento do câncer de próstata, ao impedir os danos oxidantes às células na glândula prostática.
O selênio também reduz o risco de surgimento do câncer de próstata e também controla o crescimento de tumor na próstata, induzindo a destruição da célula cancerígena.
A vitamina E trabalha com o selênio para conferir uma proteção antioxidante contra o dano que os radicais livres causam à próstata. Pesquisas preliminares também revelam que a vitamina E pode diminuir as concentrações de androgênio, na verdade fatores hormonais associados ao câncer de próstata.
A isoflavona genisteína, encontrada em derivados da soja, ajuda a evitar o câncer de próstata, assim como a reduzir o crescimento do tumor.
Pesquisas preliminares sugerem que o licopeno, presente em frutas como damasco, melancia e tomate, ajuda a diminuir o dano do DNA causado às células no tecido da próstata, e pode iniciar a destruição da célula cancerígena. No entanto, cientistas apontam que o excesso do consumo de tomate podem agravar o quadro de HPB e prostatite devido à natureza acidífera desse fruto. Saiba mais sobre os benefícios do licopeno e do tomate aqui!
Pesquisas de laboratório indicam ainda que o flavonoide quercetina ajuda a prevenir e a tratar o câncer de próstata. A quercetina impede a atividade hormonal nos receptores de resposta ao andrógeno nas células da próstata, impedindo o crescimento das células cancerígenas. Estudos indicam que a quercetina também reduz os sintomas da prostatite.
Pesquisadores compararam a dieta de 6 mil homens com HPB com a de 18 mil sem o problema e descobriram que os que consumiam 10 porções de vegetais por dia tinham probabilidade 21% menor de ter HPB. Dez porções parecem muito, mas se começar com uma omelete de legumes no café da manhã, fizer um lanche com palitos de cenoura crua e pedir uma salada de espinafre no almoço, você já terá meio caminho andado.
As melhores opções, segundo as pesquisas, são os legumes ricos em vitamina C e o antioxidante luteína do pimentão e do espinafre.
Dê uma atenção especial também à cebola. Homens que comem várias porções de cebola por semana têm menos predisposição a desenvolver HPB. Cebola é rica em fitoestrogênios, sobre os quais vamos ler um pouco mais à frente.
Uma xícara de café de manhã faz bem. Mas, depois disso, só tome descafeinados. Deixe também de lado chás com cafeína, chocolate e AAS.
Leia também: A cafeína é um diurético natural que tem vantagens e desvantagens.
Ambas são fonte de compostos vegetais equivalentes aos hormônios chamados fitoestrogênios. Eles ajudam a prevenir a HPB, bloqueando uma enzima que transforma a testosterona, causando o crescimento da próstata. Os fitoestrogênios também neutralizam os efeitos do estrogênio (sim, homens também têm estrogênio). Eles também estimulam o aumento das células prostáticas. Pesquisadores acreditam que um dos motivos para maiores taxas de HPB nos ocidentais, em comparação aos asiáticos, seja a ingestão de menores quantidades de alimentos ricos em fitoestrogênios.
Sementes de linhaça são fáceis de adicionar à alimentação. Compre-a moída (guarde na geladeira) e salpique em quase tudo que comer, do iogurte à salada. Adicione também a almôndegas, pães e biscoitos.
Para adicionar soja à dieta, não é preciso se limitar à ingestão de tofu. Coma biscoitinhos de soja ou edamame, a soja na vagem (disponível congelada). E beba leite de soja com o seu cereal preferido. Além disso, você sabia que a soja também ajuda a melhorar o humor? Veja aqui como.
Uma pesquisa que acompanhou mil homens durante nove anos descobriu que os que queimavam mais calorias por semana, em atividades físicas, tinham metade da probabilidade de desenvolver HPB. Duas horas semanais de natação queimam cerca de 1.260 calorias. Isto é, levando-o para a faixa de redução de 50% dos riscos, segundo a pesquisa. Além disso, outras boas opções incluem correr duas horas por semana ou andar quatro horas por semana.
Aqui vai uma informação que você provavelmente nunca soube; os hormônios da reprodução, como a testosterona, são em grande parte feitos de colesterol. Há evidências de que homens com altas taxas de LDL (o mau colesterol) têm mais tendência a desenvolver HPB.
Diminuir a ingestão de açúcar e de carboidratos é uma ótima maneira de perder peso e de prevenir o aumento da glicemia. Homens muito obesos (índice de massa corporal igual ou superior a 35) têm probabilidade 3,5 maior de desenvolver HPB do que os que estão na faixa do peso ideal. Além disso, a glicemia elevada em homens torna-os três vezes mais propensos a desenvolver HPB do que aqueles com níveis normais.
Homens que tomam duas ou mais doses de bebida alcoólica por dia apresentam probabilidade um terço maior de desenvolver HPB do que aqueles que bebem menos de uma dose ao mês.
Se você está tomando diuréticos por causa de pressão arterial alta ou de insuficiência cardíaca, converse com o médico. Uma dose mais baixa ou até mesmo uma medicação diferente ajuda a reduzir as frequentes idas ao banheiro. Na mesma linha de raciocínio, livre-se dos descongestionantes e anti-histamínicos. Um efeito inesperado dessas drogas é contrair a faixa de músculos ao redor da uretra, dificultando a passagem da urina.
Não tente segurar a urina. Vá ao banheiro ao primeiro sinal de vontade. Assim, você não força a bexiga.
Finasterida e doxazosina são usadas no tratamento da HPB. Conforme um estudo, seu uso combinado em estágios iniciais da HPB pode evitar que a doença se desenvolva. E também que apareçam sintomas que necessitem de tratamento. Ou seja, a combinação reduziu o risco de avanço da HPB em dois terços, em comparação ao placebo. Enquanto a finasterida isoladamente reduziu em 64% a probabilidade de cirurgia ou de outras terapias invasivas para HPB. A combinação de dutasterida e tansulosina pode ter igualmente efeitos similares.
Atenção!
Sempre que suspeitar de algo errado com a sua saúde, busque orientação médica. Essa é a melhor forma de ter um diagnóstico exato e um tratamento eficiente e seguro.