Pesquisa revela que a média de adolescentes entre 15 e 19 anos grávidas no Brasil é maior que a média mundial e aponta para o impacto na vida dessas jovens.
Embora do ponto de vista fisiológico pareça melhor ter um filho aos 18 anos do que aos 35, de modo geral a gravidez na adolescência é considerada indesejável no Ocidente. A idade média para ter o primeiro filho aumentou bastante nos países desenvolvidos, pois as mulheres adiam a maternidade até que alcancem seus objetivos profissionais ou a segurança financeira – aspirações consideradas desejáveis por grande parte da sociedade.
O que os dados nos apontam
As estatísticas sugerem que a maternidade na adolescência acarreta uma desvantagem; as jovens tendem a deixar a escola mais cedo, a ser mal qualificadas e a ficar desempregadas ou ter baixos salários. Assim, muitos consideram que as mães adolescentes perdem oportunidades em termos de educação, emprego e possibilidade de ganhos e ainda sofrem com algum estigma. Os filhos de mães adolescentes correm maior risco de crescer na pobreza, e a taxa de mortalidade de bebês cujas mães têm menos de 18 anos também tende a ser maior. Muitas gestações na adolescência são interrompidas, o que pode ter efeitos psicológicos a longo prazo.
A taxa de partos na adolescência varia muito de um país para outro, mas são muito menores nos países desenvolvidos. Nos EUA, o país desse grupo cujo índice é o mais alto, em média cerca de 5% das jovens entre 15 e 19 anos têm filhos. Já no Brasil a taxa de partos é bem superior. Segundo o último relatório do Fundo de População da ONU (UNFPA), a taxa de fecundidade no Brasil entre meninas de 15 a 19 anos é de 62 a cada mil bebês nascidos vivos, acima da média mundial que é de 44 a cada mil..
Atividade sexual precoce e gravidez
O comportamento sexual mudou nas últimas décadas. Há alguns anos, a vida sexual dos jovens tinha início por volta dos 20 anos; hoje acontece entre 15 e 17 anos. Tais alterações não significam necessariamente que a taxa de gravidez na adolescência tenha de ser alta.
Tendências foram observadas não apenas nos países em que a taxa de gravidez na adolescência é relativamente alta, mas também onde ela é baixa. Para se alcançar uma baixa taxa de gravidez na adolescência, talvez seja suficiente aceitar as mudanças e educar os jovens para lidar com elas. Isso pode ser feito com orientação que incentive o respeito mútuo e um comportamento sexual responsável. Devemos criar um ambiente no qual os jovens não tenham medo de discutir a contracepção ou a abstinência entre si. Há um consenso de que a oferta de contraceptivos gratuitos, que possam ser solicitados sem constrangimento, ajudaria a reduzir a taxa de gravidez na adolescência.
Dimensão social
A questão da gravidez na adolescência vai além da educação sexual e da contracepção. No Brasil, esse é um problema que acomete principalmente as pessoas mais pobres. As estatísticas mostram que as adolescentes de baixa renda são muito mais propensas a ter um bebê do que as jovens de classe média. Portanto, o combate ao problema inclui a oferta de mais oportunidades para essas jovens, melhorando a educação e chances de ingresso no mercado de trabalho.
Essa visão da gravidez de adolescentes não tem o propósito de depreciar as mulheres que têm filhos na adolescência, mantêm suas vidas nos eixos e alcançam seus objetivos. Quando uma adolescente engravida, a compreensão, o apoio e as informações são fundamentais. Ela deve buscar orientação e ajuda o mais cedo possível, para que possa fazer as escolhas certas.