Tratamento experimental com cloroquina para pacientes graves com Covid-19 será feito somente em hospitais, entenda no link.
Iana Faini | 25 de Março de 2020 às 23:00
Mesmo sem estudos conclusivos, o Ministério da Saúde vai distribuir 3,4 milhões de unidades do medicamento cloroquina e hidroxicloroquina aos estados para uso em pacientes com quadro grave pelo novo coronavírus.
Segundo o secretário de ciência e tecnologia do Ministério da Saúde, Denizar Vianna, o protocolo é experimental e será restrito a pacientes internados em hospitais.
O tratamento deve ocorrer ao longo de cinco dias e mediante supervisão médica, já que ainda não há dados robustos sobre eficácia para a Covid-19.
“O que vamos propor é um protocolo específico de curto prazo para que possamos tratar pacientes hospitalizados. Sabemos que há lacuna de conhecimento, mas, para pacientes críticos, que vão para CTI, a taxa de letalidade chega a 49%. Temos que dar alternativas”, afirmou.
Vianna frisa que os estudos existentes ainda são preliminares e envolvem um análogo da cloroquina, a hidroxicloroquina, além de um baixo número de pacientes.
Os resultados iniciais apontam para uma aparente redução da carga de vírus em secreções respiratórias, mas ainda precisam ser confirmados.
Ele alertou para riscos no uso desse tipo de medicamento pela população geral. “Não usem esse medicamento fora do ambiente hospitalar. Não é seguro. Durante o uso desse medicamento, podemos ter alterações no ritmo do coração”, disse.
“Esse medicamento não está indicado para prevenção e para formas leves”, alertou. “Não usem de forma individualizada. Isso deve ser feito no ambiente hospitalar e sob prescrição médica.”
Nos últimos dias, declarações do presidente americano, Donald Trump, sobre testes com cloroquina levaram a uma busca pelo produto nas farmácias dos EUA e do Brasil, o que deixou desabastecidos os pacientes que necessitam da medicação.
O remédio é indicado a tratamento de doenças como malária, artrite e lúpus e tem efeitos adversos.
Para evitar que a corrida pela droga continuasse, a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) determinou a proibição da exportação e a necessidade de receita para a compra da hidroxicloroquina.
O ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, também fez um apelo para que pessoas que adquiriram o medicamento sem necessidade devolvam o produto às farmácias.
“Aqueles que vão na farmácia podem fazer do efeito adverso do remédio um efeito muito prejudicial à sua saúde. Se você teve essa iniciativa pela falta de informação, o mais correto a fazer é a entrega do medicamento. Se você não tem malária e lúpus, não deve fazer uso desse medicamento”, disse.