Matéria explicando que gatos que já foram infectados com o coronavírus resistem à reinfecção e podem auxiliar na criação da vacina.
Arman Neto | 3 de Outubro de 2020 às 13:00
Um estudo publicado na revista científica Pnas (Proceedings of the National Academy of Sciences), no dia 29 de setembro, aponta que gatos infectados pelo novo coronavírus desenvolvem resposta imune ao vírus.
A resistência à reinfecção é uma promessa de que uma estratégia de vacina pode proteger gatos e, por extensão, humanos, diz a publicação.
A pesquisa foi desenvolvida por cientistas da Escola de Medicina Veterinária da Universidade Estadual do Colorado, nos Estados Unidos, para investigar uma possível transmissão do Sars-CoV-2 entre humanos e animais domésticos.
No processo, foi analisada a suscetibilidade de cães e gatos à infecção e o potencial de transmissão de gatos infectados para gatos que não haviam tido contato com o vírus.
De acordo com os pesquisadores, os bichanos são altamente suscetíveis à infecção, com um período de até cinco dias de eliminação viral, oral e nasal, que não é acompanhada de sinais clínicos. Ou seja, apesar de infectados, os gatos não desenvolvem a doença Covid-19.
Recentemente, no Brasil, foi confirmado o primeiro caso de Covid-19 em um gato, na cidade de Cuiabá. O felino não apresenta sintomas da doença e foi infectado por seus tutores.
Infectados em laboratório, os bichanos transmitiram o vírus para outros gatos saudáveis. Porém, não há evidências de que cães ou gatos desempenhem um papel significativo na infecção humana. Já a zoonose reversa (um humano contaminado passar o novo coronavírus para um gato) é possível.
Também foi documentado que gatos desenvolveram uma resposta robusta de anticorpos neutralizantes após o contato com o Sars-CoV-2, o que evitou a reinfecção após uma segunda tentativa de infecção em laboratório.
Esses estudos têm implicações importantes para a saúde animal e sugerem que os gatos podem ser um bom modelo para o desenvolvimento de vacinas, conclui o estudo.
A mesma pesquisa apontou que cães que entraram em contato com o Sars-CoV-2 em laboratório não eliminam o vírus após a infecção, mas soroconvertem e desenvolvem uma resposta antiviral neutralizante. Os cachorros também não desenvolvem a doença.
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