A maioria das pesquisas indica que cerca de vinte minutos de exercícios moderados são ótimos para perder barriga e manter o bem-estar.
Douglas Ferreira | 27 de Janeiro de 2022 às 13:00
Embora seja possível perder peso com uma reeducação alimentar, o resultado será mais rápido se você acrescentar à sua rotina exercícios fáceis e eficazes. Praticar exercício físico além de contribuir para a perda peso, faz bem ao humor, ao coração, ao cérebro, à vida sexual… Faz bem até à saúde intestinal.
Por definição, quanto mais atividade física se pratica, mais se queimam calorias. Mas isso não significa que quanto maior o tempo ou a intensidade do exercício mais peso se perderá. Na verdade, exercícios extenuantes podem sair pela culatra e sabotar o esforço de emagrecer. Além disso, exercícios intensos podem até prejudicar o sistema digestório. Por outro lado, exercícios moderados fazem muito bem ao abdome.
Nos últimos anos, diversas pesquisas já demonstraram que a relação entre exercício e emagrecimento está longe de ser linear.
Leia também: Conheça 6 melhores exercícios para perder barriga
Em estudo com mais de 400 mulheres pós-menopausa, os pesquisadores dividiram as participantes em três grupos. O primeiro grupo se exercitou durante uns dez minutos por dia, o segundo vinte minutos, e o terceiro quase trinta minutos. Seis meses depois, as mulheres do grupo dos vinte minutos diários tinham emagrecido, em média, 50% mais que as do grupo dos dez minutos. Mas as mulheres que se exercitaram trinta minutos por dia só emagreceram 7% mais do que as que se exercitaram dez minutos – e quase 30% menos do que aquelas que se exercitaram 20 minutos.
A explicação para o resultado da pesquisa é mais simples do que pode parecer. Quanto mais nos exercitamos, mais energia gastamos e, consequentemente, sentimos mais fome. E é aí que está a armadilha: quando escolhemos os alimentos enquanto estamos com fome, temos a tendência a comer mais e pior, consumindo mais calorias do que queimamos.
Além disso, os pesquisadores apontaram que o exercício extenuante prejudica o revestimento intestinal, perturba as bactérias do sistema digestório e permite que endotoxinas bacterianas entrem na corrente sanguínea. Isso restringe o fluxo de sangue no trato gastrointestinal e provoca inflamações. As inflamações, por sua vez, provocam muitos problemas de saúde graves, como aumento do peso e doenças gastrointestinais.
Para obter resultados, portanto, não adianta passar horas na esteira – e tenho certeza de que não é isso que você planeja fazer! Ao contrário, a maioria das pesquisas indica que cerca de vinte minutos de exercícios moderados são ótimos para manter o abdome magro e tranquilo. E por que períodos menores de movimento regular fazem bem ao abdome?
Um estudo realizado na Universidade de Saint Louis mostrou que os exercícios moderados funcionaram melhor do que a restrição calórica para reduzir a perigosa gordura visceral. Em outro estudo, japonesas que praticavam períodos curtos de atividade física durante o dia apresentaram menos gordura visceral.
O Registro Nacional de Controle do Peso dos Estados Unidos, um banco de dados sobre quem perdeu pelo menos 13,5 kg e não os recuperou no decorrer de um ano, afirma que espantosos 94% dos participantes aumentaram a atividade física para manter o sucesso no emagrecimento.
Os músculos do trato digestivo são poderosos e fundamentais para manter tudo funcionando direitinho. Talvez você não sinta, mas os exercícios são bons tanto para os músculos do intestino quanto para aqueles que são visíveis nos braços, pernas e nádegas. Quando nos exercitamos, o coração bate mais depressa, e a circulação de sangue e oxigênio até as células do corpo inteiro aumenta, inclusive nos músculos intestinais. Isso estimula o peristaltismo, ou seja, o movimento ondulatório que faz a comida se deslocar pelo trato digestivo.
Num estudo sueco de 2011, 102 pacientes com síndrome do intestino irritável foram divididos em dois grupos. Um deles foi instruído a aumentar a atividade física para vinte a trinta minutos, três a cinco vezes por semana. O outro grupo manteve os hábitos de sempre. Três meses depois, os participantes classificaram seus sintomas. O grupo que aumentou o tempo dos exercícios apresentou menos sintomas.
Num estudo com japonesas idosas, por exemplo, apenas doze semanas de exercícios de resistência reduziram de forma significativa o nível sanguíneo da proteína C-reativa, um marcador de inflamações. O mesmo aconteceu num estudo realizado pela Universidade Estadual da Louisiana com mulheres jovens e saudáveis que praticaram uma combinação de exercícios de resistência e tolerância muscular.
Quando nos exercitamos, o organismo produz endocanabinoides, substâncias reconfortantes naturais do cérebro (sim, são quimicamente semelhantes à Cannabis, ou maconha). O exercício também reduz o nível de adrenalina e cortisol, hormônios do estresse.