Dois estudos apoiados pela National Institutes of Health, dos Estados Unidos, trataram a relação entre Covid-19 e diabetes.
Thaynara Firmiano | 12 de Junho de 2021 às 13:00
Dois estudos apoiados pela National Institutes of Health, dos Estados Unidos, apontam que a infecção pelo Coronavírus pode estar relacionado ao aumento de casos de diabetes. As pesquisas apontam que isso se deve ao fato de que o vírus causador da Covid-19 estaria atacando as células beta do pâncreas e se multiplicando, prejudicando a produção de insulina e, consequentemente, causando diabetes no pós infecção. Um dos estudos foi comandado por Peter Jackson, da Escola de Medicina da Universidade de Stanford, e o segundo estudo por Shuibing Chen, da Weill Cornell Medicine, de Nova York.
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O Diabetes tipo 1 acontece quando as células do pâncreas não conseguem produzir insulina suficiente para metabolizar os alimentos após uma refeição, deixando maior o nível de glicose na corrente sanguínea. Os estudos mostram que após uma infecção por Covid-19, essas células se infectam e este vírus faz com que as células infectadas se multipliquem e parem de funcionar da maneira correta, levando à um quadro diabético.
Os estudos foram realizados através de autópsias feitas em pessoas que morreram por conta da Covid-19. Nos tecidos autopsiados foram encontrados sinais do coronavírus e ambas as equipes chegaram à conclusão de que a infecção por coronavírus reduz a produção e liberação de insulina.
O Sars-Cov-2 causa uma modificação nas ilhotas pancreáticas, onde ficam as células beta, e com isso faz com que elas deixem de cumprir sua função. Os estudos mostram que há uma preferência pela infecção das células betas pancreáticas. A solução proposta pelos cientistas é o bloqueio da proteína NRP1, responsável pela entrada do vírus causador da Covid-19 nas células pancreáticas.
Os estudos mostram também que o vírus não apenas infecta as células betas como também faz com que as células sobreviventes passem por uma espécie de reprogramação. A pesquisa de Chen analisou algumas células sobreviventes e constatou que elas passaram por um processo de transdiferenciação, causando o entendimento de que elas poderiam ter sido reprogramadas. Com isso, elas estão produzindo menos insulina e mais glucagon, hormônio que estimula o glicogênio no fígado a ser dividido em glicose.
As consequências dessa transdiferenciação, no entanto, ainda não são claras. O que se sabe é que elas podem piorar o quadro de produção de insulina e aumentar os níveis de glicose no sangue. O que os cientistas propõem é a utilização de um químico que é utilizado para reduzir a resposta celular ao estresse. Mais estudos ainda precisam ser feitos para analisar a forma como o Covid-19 atinge o pâncreas e como o sistema imunológico pode contribuir para a melhora do quadro.
Fonte: NIH Director’s Blog