Uma das autoras ressalta que prevenir ou desacelerar os sintomas são algumas das principais abordagens para lidar com a degradação cognitiva.
Carol Peres | 14 de Novembro de 2024 às 17:00
Contrariando a crença de alguns de que falhas na memória acontecem apenas por um processo de envelhecimento natural, novos estudos surgem com uma certa frequência apontando possíveis hábitos que contribuem para a ocorrência desse problema.
De acordo com um artigo desenvolvido por pesquisadores da Universidade da Califórnia, o uso de medicamentos para dormir é um dos fatores que podem contribuir para o aumento da ocorrência da demência. Agora, uma nova publicação constatou que o tratamento para hipertensão pode ser um aliado na prevenção da demência.
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A conclusão de que idosos que usam medicação para tratar hipertensão tem menos risco de desenvolver a demência partiu de uma análise de dados de 17 estudos populacionais desenvolvida pelo Cohort Studies of Memory in an International Consortium (Cosmic). Com o total de 34.519 participantes, a investigação foi feita em 15 países. São eles: Brasil, Alemanha, Austrália, China, Coreia, Espanha, Estados Unidos, França, Grécia, Itália, República Centro Africana, República do Congo, Singapura e Suécia.
O Instituto de Psiquiatria (IPq) do Hospital das Clínicas (HC) da Faculdade de Medicina da USP (FMUSP) foi um dos responsáveis pela pesquisa realizada em São Paulo, contribuindo para os resultados do grupo Cosmic. A pesquisadora Marcia Scazufca, do IPq, contou a Jornal da USP sobre o desenvolvimento do estudo populacional.
“O critério para a análise foi não ter demência na inclusão do estudo e ter diagnóstico confiável de hipertensão. A avaliação de demência foi realizada pelo menos duas vezes, no começo e no seguimento do estudo, em média 4,4 anos após a análise inicial. Como esperado, a prevalência de hipertensão foi alta, considerando todos os 17 estudos, chegando a 60,1%, cerca de dois terços dos participantes. As pessoas analisadas foram divididas em três grupos: 35,5% eram saudáveis, 50,3% tinham hipertensão e recebiam tratamento, 9,8% não se tratavam e 4,4% tinham diagnóstico inconclusivo", explicou Marcia.
Dessa forma, os cientistas observaram uma diferença na probabilidade de desenvolver a demência.
"Participantes com hipertensão que não faziam tratamento com medicações anti-hipertensivas tiveram aproximadamente 42% maior risco de ter demência quando comparados a idosos que tinham hipertensão e recebiam tratamento. Este resultado foi observado para participantes de qualquer idade a partir dos 60 anos", a autora completou.
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