Uso de máscaras pode ajudar a combater a pandemia do novo coronavírus, aponta pesquisa. Saiba mais e aprenda a fazer máscaras caseiras.
Iana Faini | 6 de Abril de 2020 às 18:00
Um novo estudo publicado na revista Nature Medicine na última sexta (3) indica que máscaras cirúrgicas limitam expressivamente a difusão do novo coronavírus por gotículas respiratórias e aerossóis (partículas minúsculas liberadas no ar pela respiração).
Para descobrir quão eficazes são as máscaras, os pesquisadores dividiram 123 pessoas com pelo menos uma infecção respiratória confirmada em dois grupos: os que usariam máscara e os que não usariam.
Todos tiveram o ar expirado durante 30 minutos coletado por uma máquina. Os voluntários eram posicionados dentro de uma cabine de frente para um tubo de abertura cônica, onde o ar foi armazenado para análise.
Dentre eles, 17 pessoas estavam infectadas com coronavírus humano sazonal (vírus mais brando do que o coronavírus da pandemia atual), 43 com influenza e 54 com rinovírus também sazonal. Uma pessoa tinha coronavírus e influenza ao mesmo tempo, e outras duas apresentaram contaminação simultânea por influenza e rinovírus.
No grupo dos voluntários sem máscaras, foram detectadas partículas virais do coronavírus em gotículas respiratórias e aerossóis, respectivamente, em 30% e 40% das amostras.
Já entre os que usaram máscara o coronavírus não foi detectado em gotículas ou aerossóis.
Os resultados foram menos animadores para influenza. O vírus foi detectado em pacientes sem máscara em 26% das amostras de gotículas e 35% dos aerossóis. Entre os com máscara, 4% das amostras de gotículas continham o patógeno, que não foi encontrado em amostras de aerossóis.
Para os pesquisadores, os resultados indicam que o uso de máscaras por pessoas que estão infectadas é um valioso ativo para a prevenção contra o coronavírus, limitando a possibilidade de contágio.
Apesar dos resultados positivos, o estudo tinha limitações. Nem todos os participantes expeliram os vírus ao tossir ou respirar.
Os pacientes com coronavírus foram os que mais tossiram, com uma média de 17 tosses a cada 30 minutos. Ao todo, 89,1% dos voluntários tossiram em algum momento.
Os autores afirmam que até poderiam ter pedido que os voluntários tossissem de forma forçada para produzirem mais material para análise; mas o objetivo do estudo era mapear o comportamento natural do vírus e seus sintomas.
O estudo também não investigou se as partículas virais obtidas como amostras durante a medição poderiam, efetivamente, infectar outra pessoa e levar ao adoecimento.
Na última quinta-feira (2), o Ministério da Saúde passou a incentivar o uso de máscaras mesmo por pessoas que não estejam doentes ao saírem de casa, mudando entendimento anterior de que máscaras deveriam ser utilizadas apenas por aqueles infectados pelo coronavírus.
A mudança surge em um momento em que começam a se esvaziar os estoques de equipamentos de proteção até mesmo para os profissionais da saúde.
Assim, o uso de máscaras de pano caseiras passou a ser incentivado pelo ministério como maneira de impedir que cidadãos busquem as máscaras essenciais para o trabalho de médicos, enfermeiros e todos os profissionais envolvidos no atendimento de pacientes.
O diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom, disse nesta segunda (6) que países que adotarem o uso extensivo de máscaras de proteção devem garantir que elas sejam usadas com segurança. “A OMS têm normas sobre como colocá-las, retirá-las e descartá-las”, afirmou.
Segundo ele, “está claro que a pesquisa sobre o uso de máscaras nesta pandemia é limitada. Máscaras sozinhas não vão parar o coronavírus. Nenhuma medida isoladamente vai parar o coronavírus. É fundamental continuar testando, isolando e tratando todos os casos e monitorando os contatos”.