Pesquisa indica que dormir pouco pode causar demência. Especialista explica como controlar a insônia de forma natural. Confira!
Aquela sensação de cansaço após uma noite mal dormida já se tornou rotina para quem sofre com insônia ou ansiedade,mas esse problema fica ainda mais grave após os 50 anos. Segundo um estudo publicado pelo periódico Nature Communications, pessoas a partir desta idade que têm o hábito de dormir pouco (menos de seis horas por noite) têm mais risco de desenvolver demência.
A pesquisa, realizada pela epidemiologista Séverine Sabia, da Universidade de Paris, teve 25 anos de duração e acompanhou aproximadamente 8 mil pessoas no Reino Unido. Os participantes tinham 50, 60 e 70 anos quando foram avaliados pela primeira vez.
O resultado do estudo constatou que as pessoas que relataram dormir pouco (seis horas ou menos por noite) tiveram o risco de desenvolver demência aumentado em 30% após 30 anos, se comparado aos participantes que dormiam a partir de sete horas.
O que é considerado um sono normal?
A qualidade do sono interfere diretamente na saúde mental e isso pode ser observado no dia a dia. Quando se dorme pouco na noite anterior surge a dificuldade para se concentrar e a falta de energia. Segundo a psicoterapeuta Yves Cataldo, ainda há outros problemas que podem surgir após um sono ruim.
“A insônia pode intensificar os níveis de cortisol e adrenalina no sangue (dependendo dos intervalos sucessivos de falta de sono). Esse fator pode intensificar o ciclo de ansiedade e depressão, além de gerar sintomas de irritabilidade, perda de memória e dificuldade de atenção”, explica.
Para a pesquisa citada, os estudiosos definiram o período de sete horas por noite como o de um sono normal; oito horas para sonos de longa duração e seis horas ou menos para sono de curta duração. Usou-se registro médico de um estudo com servidores públicos do Reino Unido que atuavam na década de 1980, e os dados foram avaliados até 2016. Ao final da pesquisa, 521 participantes, com idade média de 77 anos, foram diagnosticados com demência.
Influência do sono na produtividade e no humor
Passar pela pandemia de Covid-19 está sendo uma grande mudança de rotina. Durante esse período, aumentou-se a busca por especialistas em saúde mental e o relato de pessoas que sentem dificuldade para dormir à noite. Em seus atendimentos, a psicoterapeuta Yves Cataldo percebeu o aumento da demanda e constatou que o sono afeta também o humor dos pacientes.
“Os pacientes que têm menos de 8 horas por dia, ou que relatam interrupções no sono e sensação de cansaço ao acordar costumam estar mais instáveis emocionalmente. Possuem mais oscilações rápidas entre estados de humores eufóricos, irritadiços e tristes.”
Dormir pouco nunca mais! Saiba como tratar a insônia de forma natural
Alguns chás têm efeito comprovado contra a insônia, e podem ser de grande auxílio para quem tem o hábito de dormir pouco. Assim como algumas práticas, que devem ser adotadas no cotidiano, como a realização de exercícios e meditação voltada para o relaxamento, como explica a especialista.
“Como psicoterapeuta, utilizo de algumas ferramentas psicológicas para orientar meus clientes. A redução dos estímulos sensoriais alguns momentos antes de dormir é uma delas, como, por exemplo, deixar de usar o smartphone até 30 minutos após se deitar, que pode ajudar na diminuição do fluxo de pensamento e facilitar o início do sono. Além disso, é recomendado a utilização do modo noturno nos aparelhos, a prática de exercícios físicos regulares (preferencialmente na parte da manhã, ou tarde), e técnicas de meditação que tenham enfoque na parte de relaxamento“, explica.