Seleções conversou com a nutricionista Gabriela Motta, que respondeu dúvidas sobre o estrogonofe, prato queridinho dos brasileiros.
Julia Monsores | 25 de Janeiro de 2021 às 14:11
Prato de origem russa, o estrogonofe (ou strogonoff) chegou aqui no Brasil na década de 70 e rapidamente se popularizou na mesa dos brasileiros. A versão tradicional é feita à base de carne, e leva alguns ingredientes bem consumidos por aqui — como creme de leite, ketchup e batata-palha.
Mas também podemos encontramos versões com frango, camarão e até palmito, que é uma ótima substituição para os vegetarianos.
Dados históricos contam que foi Elena Molokhovets, uma conhecida chef russa, que primeiro elaborou a receita do estrogonofe. No entanto, a versão original era bem diferente da que encontramos hoje.
E isso porque levava cubos de carne mergulhados em um molho de mostarda, caldo de legumes e creme azedo.
Com o tempo, a receita foi ganhando outras variações, e passou a incluir cogumelos e batata-palha. Aqui no Brasil, o prato também passou a ser consumido com arroz, enquanto na Rússia continuou sendo servido com batatas assadas.
Mas apesar de ser um prato bastante popular, muita gente ainda têm dúvidas sobre suas propriedades nutricionais. Afinal, o estrogonofe é mesmo muito calórico? Há alguma contraindicação de consumo?
Para responder essas questões, nós conversamos com a nutricionista Gabriela Motta Scheffer*, que defende que é, sim, possível comer o prato de forma saudável. No entanto, a chave para isso é o equilíbrio.
Quando começamos uma dieta, é comum ouvirmos que devemos evitar certos alimentos em razão de seu alto teor calórico. E com o estrogonofe, que é rico em gorduras, não é diferente.
“Com base em uma dieta de 2000kcals diárias podemos dizer o seguinte: 100g de estrogonofe de carne possui aproximadamente 166kcals, 100g de estrogonofe de frango possui aproximadamente 137kcals e o de camarão aproximadamente 173kcals. Mas vale lembrar que raramente se consome apenas 100g. Uma porção servida em um restaurante possui aproximadamente 295kcals e uma xícara da preparação aproximadamente 389kcals.”
Gabriela Motta lembra, ainda, que raramente consumimos apenas o estrogonofe. Geralmente, a batata-palha e o arroz também não ficam de fora, o que gera um aumento das calorias no prato.
“A batata-palha que consumimos junto possui aproximadamente 124kcals em 25g. Além de gorduras saturadas, insaturadas, gorduras trans e alto teor de sódio”, afirma.
Por isso, de acordo com a nutricionista, ao consumir o strogonoffe em uma refeição é necessário ter atenção ao resto do dia para não extrapolar as recomendações calóricas.
No entanto, se você não está precisando reduzir as medidas, ou evitar os componentes presentes no estrogonofe, pode sim consumi-lo refeição. No entanto, a lógica da quantidade segue a mesma.
“Uma pessoa que procura levar uma vida saudável pode, sim, comer esse prato. Mas o que devemos levar em conta é a quantidade, pois tudo que é exagerado pode trazer malefícios a saúde. O equilíbrio é o fator mais importante para tudo”, afirma.
Uma dúvida muito comum por parte das pessoas é sobre a relação entre o creme de leite e a carne. E isso porque, em teoria, o cálcio presente no creme de leite anularia a absorção do ferro da carne. No entanto, Gabriela explica que não é bem assim.
“Na verdade, o termo anular é usado de forma incorreta. O que de fato acontece é que o cálcio presente no creme de leite diminui a absorção do ferro pelo organismo, mas para que essa diminuição seja realmente significativa a quantidade de cálcio ingerida deve extrapolar os valores diários recomendados”, explica.
Desse modo, o ideal seria, durante o restante do dia, evitar alimentos ricos em cálcio, para que esses valores não sejam ultrapassados.
Além daquelas pessoas que, por recomendação médica, estão precisando reduzir as medidas, outra dúvida comum, que foi respondida por Gabriela Motta, é sobre os grupos que devem evitar o consumo do prato por questões de saúde.
“De modo geral, todos podem consumir o prato. Porém, algumas pessoas devem ficar ainda mais atentas às quantidades ingeridas, principalmente pessoas hipertensas, com colesterol alto ou diabéticos. O exagero dessa preparação pode trazer alguns sintomas imediato, assim nunca é bom exagerar”, explica.
Além disso, a nutricionista alerta para que pessoas que com intolerância à lactose ou alergia à proteína do leite, corantes e conservantes também não devem comer a versão tradicional ou a opção de frango.
“Já a opção de camarão também deve ser evitadas pelo mesmo grupo e também por pessoas que sejam alérgicas a frutos do mar.”
Com a popularização do estrogonofe, hoje já é possível encontrar diversas variações para esse prato. Inclusive versões menos calóricas, que levam cortes de carnes mais magras ou peito de frango.
“Uma boa sugestão é trocar o creme de leite por iogurte natural, requeijão light ou cream cheese. Além disso, intolerantes à lactose podem usar leite de amêndoas ou creme de leite zero lactose.
E para os vegetarianos que não querem abrir mão desse prato, Gabriela também diz que uma boa opção é substituir a carne por grão de bico, tofu ou proteína de soja.
* Gabriella Motta Scheffer é nutricionista e tem CRN-8 12.377