Poucas pessoas sabem, mas o estresse prolongado é prejudicial ao sistema digestivo. Descubra agora como ele afeta a sua digestão!
Douglas Ferreira | 16 de Julho de 2021 às 19:00
Poucas pessoas sabem, mas o estresse prolongado é prejudicial ao sistema digestivo. Ele contribui ativamente o surgimento de dores no estômago, diarreia e síndrome do intestino irritável. E s solução para alguns desses problemas está em aprender a relaxar e a evitar a pressão.
O estresse afeta todas as pessoas em maior ou menor grau, sendo ele decorrente do trabalho, da rotina agitada ou até da monotonia. O estresse físico e emocional deixa o corpo em estado de alerta, pronto para lutar ou fugir – mas à custa da digestão.
Em momentos de estresse, a irrigação sanguínea do tubo digestivo praticamente cessa e a digestão é sacrificada, em favor do aumento das frequências cardíaca e respiratória. Assim, o tubo digestivo é privado do sangue e dos nutrientes essenciais, e a digestão é temporariamente interrompida. A produção de saliva cai, resultando em ressecamento da boca.
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O desvio do sangue do tubo digestivo também pode afetar o apetite. Acredita-se que a redução do fluxo sanguíneo torne mais lento ou até impeça o esvaziamento completo do estômago. Isso pode levar a perda de apetite ou náusea. Ao mesmo tempo, o corpo mobiliza reservas de energia (na forma de glicogênio, um carboidrato) armazenada no fígado, convertendo-a em glicose e transportando-a à região mais necessária. Essa glicose também pode causar inibição direta do centro do apetite encefálico. Após cessar o estresse, a fome retorna e a digestão continua.
A exposição a estímulos estressantes altera a secreção de ácido gástrico e pepsinogênio, uma enzima que estimula a produção de ácido. Assim, o pH do estômago cai – tornando-se mais ácido – e a secreção da camada de muco protetor do próprio estômago é reduzida. Ao mesmo tempo, a menor irrigação sanguínea do tubo digestivo e a produção excessiva de prostaglandinas causam erosões na parede gástrica, e desgaste de pequenas áreas. Essa reação pode ocorrer após estresse extremo, como depois de acidentes de trânsito, e pode agravar a úlcera péptica.
Embora as reações no organismo provocadas pelo estado de alerta sejam benéficas para enfrentar “ameaças” graves imediatas, o estresse repetido ou prolongado traz vários prejuízos.
O estresse psicológico a longo prazo foi associado a efeitos imunes prejudiciais, por exemplo, o que eleva o risco de doenças agudas como infecções virais. Na extremidade inferior do sistema digestivo, a resposta ao estresse pode tornar lento o trânsito no intestino grosso. Se o estresse for prolongado, essa reação pode ser uma importante causa de constipação.
O estresse é um dos muitos fatores que foram associados à síndrome do intestino irritável. Essa doença é muito comum e acomete mais as mulheres. Causa diversos sintomas, como dor abdominal baixa, distensão abdominal e episódios de constipação ou diarreia. Para saber mais sobre a síndrome do intestino irritável, veja o nosso guia completo!
Alguns estudos mostraram que os músculos na parede do intestino grosso de pessoas com síndrome do intestino irritável são muito sensíveis, apresentando reação excessiva aos estímulos nervosos encefálicos em períodos de estresse. Esses nervos controlam a contração e o relaxamento dos músculos intestinais que impulsionam o alimento.
Essa hipersensibilidade ao estresse pode ser responsável pela distensão abdominal, dor ou alteração dos hábitos intestinais em pessoas com síndrome do intestino irritável. E é possível surgir um círculo vicioso: enquanto os músculos intestinais são hiperestimulados, as mensagens de dor são retransmitidas das terminações nervosas sensoriais no tubo digestivo para o encéfalo, e este responde do modo clássico, estimulando ainda mais o intestino hiperativo.
Técnicas de redução do estresse ajudam a aliviar determinados sintomas de síndrome do intestino irritável em algumas pessoas. Então, se você tem síndrome do intestino irritável, experimente esta técnica: encontre um lugar para sentar ou deitar tranquilamente por 20 minutos. Comece concentrando-se na respiração: respire fundo, enchendo e esvaziando ao máximo possível os pulmões. Agora, concentre-se em contrair e relaxar uma parte do corpo de cada vez. Comece pelos dedos dos pés e vá subindo até as sobrancelhas. Procure fazer esse exercício todos os dias.
Algumas pessoas são beneficiadas por terapias mais específicas, sobretudo se também estiverem ansiosas ou deprimidas. Às vezes a psicoterapia ou a terapia cognitiva comportamental, que tenta modificar o comportamento e sua resposta em algumas situações, são úteis. Há quem prefira a hipnose ou o biofeedback, no qual se aprende a controlar as funções corporais por meio de feedback direto.
A massagem ajuda a aliviar cólicas abdominais, principalmente em crianças. São aplicados golpes lentos, rítmicos e firmes em movimentos circulares, no sentido horário, no perímetro do abdome – seguindo o contorno do intestino grosso. Uma bolsa de água quente proporciona um agradável alívio da dor.
Os medicamentos antiespasmódicos atuam no intestino, reduzindo a transmissão de sinais nervosos para a parede do intestino grosso e ajudando a deter os espasmos.
A hortelã é um antiespasmódico natural. O chá de hortelã-pimenta foi usado por muito tempo como auxiliar da digestão, e, para quem não gosta do chá, as cápsulas de óleo de hortelã-pimenta levam-na diretamente até a parte inferior do intestino grosso para alívio da dor. Confira 10 outras dicas para melhorar a digestão.
Em caso de dor persistente ou de sintomas como alteração do hábito intestinal normal, emagrecimento ou vômito, é importante procurar ajuda médica.