Além de contribuir para a saúde do organismo, ter uma boa noite de sono é um dos pilares do bom funcionamento do sistema imunológico.
Douglas Ferreira | 6 de Agosto de 2021 às 18:00
Todos nós sabemos que dormir é fundamental para se sentir bem disposto no dia seguinte. Mas o que alguns se esquecem é que não basta dormir, é preciso dormir bem ter um sono recuperador. E em tempos de pandemia isso tem sido muito difícil para a maior parte das pessoas.
Segundo pesquisas, a mudança na rotina causada pela pandemia da Covid-19 mudou a relação dos brasileiros com o sono. Muitos têm alegado ter adquirido dificuldade para dormir, aumento da ansiedade durante a noite, diminuição das horas de sono, pesadelos entre outros fatores que prejudicam o sono.
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O sono, assim como a prática de exercício e uma alimentação equilibrada, é fundamental para a melhora da condição mental e aumento da imunidade. E se você tem dormido pouco, pode ser que esteja minando a sua saúde sem perceber.
“O ideal é dormir entre sete e oito horas por noite e de forma consistente. Fugir desses valores é colocar a saúde em risco. Temos evidências extensas de que dormir cinco horas ou menos aumenta consistentemente o risco de condições adversas à saúde, como doenças cardiovasculares e até longevidade. Além disso, esse período é indispensável para a reparação do organismo e é importante para o bom funcionamento do sistema imunológico”, explica a cirurgiã vascular Dra. Aline Lamaita, membro da Sociedade Brasileira de Angiologia e Cirurgia Vascular.
E, além de potencializar o sistema imune e prevenir doenças, dormir bem também é fundamental para manter o peso sob controle; o que é especialmente importante nesse momento de pandemia, visto que a obesidade é um dos fatores de risco para casos graves de Covid-19.
“O papel do sono na saúde metabólica das pessoas vem sendo objeto de estudo há anos. Para muitas pessoas a quebra do padrão normal do sono resulta invariavelmente em um ganho de peso e problemas fisiológicos. Quando há uma grave perturbação da ordem temporal, bioquímica, fisiológica e dos ritmos comportamentais, isso mexe também com a expressão de alguns genes que regulam nossas vias metabólicas e nossos hormônios”, esclarece a médica nutróloga Dra. Marcella Garcez, professora e diretora da Associação Brasileira de Nutrologia (ABRAN). “Muitos pacientes que enfrentam mudanças nesse ciclo não conseguem seguir um plano alimentar, têm maior carga de estresse e impulsos alimentares.”
Dormir é diferente de dormir bem. Uma boa noite de sono será capaz de potencializar uma série de funções cerebrais, auxiliando, por exemplo, na diminuição do estresse e ansiedade, e na melhora do humor, produtividade e capacidade cognitiva.
“Tempo e qualidade ao dormir nos deixam com um humor melhor e aguçam nosso cérebro. Também nos dão a energia e a capacidade de administrar nossas vidas ocupadas”, afirma o médico neurologista e neuro-oncologista Dr. Gabriel Novaes de Rezende Batistella, membro da Society for Neuro-Oncology Latin America (SNOLA).
Se você não dormir o suficiente, mesmo uma tarefa simples pode exigir mais esforço mental. “Você também achará muito mais difícil se concentrar e poderá notar lacunas em sua memória de curto prazos”, afirma o especialista.
Além disso, segundo um estudo publicado pelo periódico Nature Communications, pessoas a partir dos 50 anos que têm o hábito de dormir pouco (menos de seis horas por noite) têm mais risco de desenvolver demência. Para saber mais sobre a pesquisa veja a nossa matéria completa sobre o assunto.
O sono também é fundamental para a boa aparência da pele e estímulo da libido. Caso você não tenha uma boa qualidade de sono, ambas podem ser afetadas por causa do aumento da ansiedade e do estresse causados pela falta de sono.
“Durante o sono ocorre um relaxamento muscular, que evita as rugas de expressão pela mímica facial durante o dia, e a liberação de substâncias como o hormônio do crescimento, que é responsável pelo desenvolvimento e renovação celular, inclusive das células de colágenos que são fundamentais para a firmeza e viço da pele. Dessa forma, uma noite mal dormida, além de diminuir a produção de colágeno, pode aumentar a liberação de hormônios do estresse, como o cortisol, que leva ao aumento de radicais livres com consequente oxidação das células da pele e aceleração do envelhecimento”, destaca a dermatologista Dra. Paola Pomerantzeff, membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia.
E como já falamos a libido também pode ser afetada pela falta de sono. “Isso porque não dormir bem faz com que o organismo diminua a produção de melatonina e aumente a produção de prolactina, que são hormônios contrarreguladores para estímulo gonadal e, consequentemente, causam a diminuição da libido, que também é afetada pelo estresse e exaustão que ocorrem quando não dormimos bem”, aconselha a Dra. Eloisa Pinho, ginecologista e obstetra da Clínica GRU.
Como nós já vimos, não adianta apenas dormir entre 7 ou 8 horas por dia. É preciso que o sono seja de qualidade. “Se mesmo após 7 horas os sintomas forem de cansaço e sonolência pode ser que a qualidade do sono esteja ruim, sendo importante então investir em alguns cuidados para melhorar esse quadro, como exercitar a higiene do sono”, recomenda a cirurgiã plástica Dra. Beatriz Lassance, membro titular da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica e da Isaps (International Society of Aesthetic Plastic Surgery).
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“A higiene do sono consiste, basicamente, em adotar uma rotina que avisará o cérebro que está na hora de dormir. Então tome um banho, coloque um pijama, cuide da pele, escove os dentes, apague a luz e deite-se na cama. Enquanto isso, seu cérebro gerará sinais para que o organismo passe a produzir hormônios reguladores do sono, como a melatonina e a serotonina, e pare de produzir hormônios de alerta, como o cortisol. Mas evite utilizar qualquer tipo de equipamento eletrônico uma hora antes de dormir, seja o celular, o tablet ou a televisão, pois a luz azul emitida por dispositivos pode desestabilizar a produção de melanina, interferindo assim na qualidade do sono”, finaliza a médica.