A psicóloga Rosangela Sampaio explica como as nossas escolhas alimentares passam por fatores sociais, biológicos, econômicos e psicológicos.
Em meio a tantas opções de escolhas alimentares, você já se perguntou o porquê de comermos o que comemos? De acordo com a psicóloga Rosangela Sampaio*, a resposta para essa pergunta não é tão simples.
“A escolha alimentar é resultado da interação de múltiplos fatores, sejam biológicos, ambientais, sociais ou psicológicos”, explica.
Nós tomamos decisões sobre os alimentos a todo o momento. Assim, escolhemos o que comer, quando comer e quanto comer, por exemplo. E não importa se trata-se de uma refeição mais elaborada ou apenas um lanche, todas as nossas escolhas alimentares são complexas e influenciadas por diversos fatores.
“O alimento tem uma abordagem multidimensional, não se limitando apenas a sua dimensão biológica. Ele também representa aspectos culturais, sociais e afetivos dos indivíduos e das comunidades”, explica.
Quais são os fatores que determinam nossas escolhas alimentares?
De acordo com Rosangela Sampaio, há alguns principais determinantes que guiam nossas escolhas alimentares. A psicóloga os separa em quatro categorias:
“A nossa alimentação e as nossas escolhas alimentares estão relacionadas a diversos fatores, que chamamos de ‘determinantes do comportamento alimentar’. São eles: biológicos/sabores, que tratam do prazer de comer; econômicos/custos, que refletem a disponibilidade de alimentos, acesso à feira, sacolões, supermercados, entre outros; sociais/ culturais, que estão ligados às formas de preparo, tradições e meio social, e psicológicos/humor, que é o combustível para compulsões levando a comportamentos disfuncionais na relação com alimento. Portanto, limitar a alimentação à dimensão biológica não faz sentido quando falamos do comportamento alimentar”.
Mudança nos hábitos alimentares envolve mais do que conhecimento e informação
De acordo com a psicóloga, não é certo limitar a alimentação à dimensão biológica, uma vez que há também outros fatores que exercem influência em nossas escolhas.
“Mudar o comportamento alimentar envolve muito mais do que conhecimento e informação. Para propor ações de educação alimentar e nutricional que visem de fato essa mudança, precisamos compreender todos esses fatores relacionados que uma pessoa ou comunidade conhece e acredita sobre alimentação e nutrição”, explica.
Além disso, a psicóloga também salienta que a formação de hábitos alimentares saudáveis começa muito cedo, ainda no ambiente intrauterino.
“A infância, e em especial os primeiros mil dias de vida da criança, período que compreende a gestação e os primeiros dois anos de vida da criança, é uma janela para a formação de hábitos alimentares saudáveis. Desse modo, hábitos alimentares saudáveis formados nesse período costumam permanecer por toda a vida”, conclui.
*Rosangela Sampaio é psicóloga, escritora, palestrante e apresentadora do programa Mulheres em Flow.