Cientistas acreditam que mudanças atribuídas ao envelhecimento do cérebro podem ocorrer em virtude de outros fatores, como depressão, AVC e demência.
Julia Monsores | 3 de Maio de 2020 às 19:00
O cérebro é a região mais intrigante e misteriosa do corpo: a entidade mais complexa no universo conhecido. Este estranho órgão é capaz de coisas espantosas, e ao longo da vida torna-se mais resiliente, adaptável e poderoso do que se suspeitava até alguns anos atrás.
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Reserve um momento para pensar no que o cérebro faz. Talvez você jamais tenha parado para refletir sobre o duplo papel que ele exerce. Por um lado, o cérebro é o centro de controle do organismo fisiológico – você.
Em silêncio, involuntariamente, sem que você nem ao menos tenha consciência, o cérebro controla vários processos que fazem você funcionar: a respiração, o ato de piscar, o equilíbrio, o sono, as reações a estímulos físicos como frio e pressão, os sistemas de alerta precoce como a consciência de fome, sede, dor ou medo, as reações sociais e emocionais como o impulso de chorar ou sorrir, além, é claro, do apetite sexual.
Embora tudo isso aconteça no “piloto automático”, o cérebro processa a constante torrente de informações que você recebe do mundo exterior, por meio de olhos, ouvidos e outros órgãos, e a transforma instantaneamente em informações coerentes sobre as quais você pode agir e às quais pode reagir.
Nas últimas décadas, pesquisas descobriram fatos incríveis sobre o envelhecimento do cérebro. A verdade é que, embora ocorram mudanças relacionadas à idade, o cérebro parece ser muito mais flexível do que se pensava. A boa notícia é que sua capacidade de processar informações permanece intacta até os 80 anos, contanto que o cérebro permaneça saudável.
Agora os cientistas acreditam que muitas das mudanças outrora atribuídas ao envelhecimento ocorrem em virtude de outros fatores, como depressão, acidente vascular cerebral, hipoatividade da tireoide e demência.
Algumas alterações que ocorrem no cérebro são simplesmente parte natural do envelhecimento. A perda de células nervosas e o encolhimento natural de certas áreas – o córtex pré-frontal e o hipocampo – e a diminuição de certas substâncias químicas podem afetar o sistema de comunicação do cérebro.
Essa é a causa dos “momentos de senilidade” que todos nós vivenciamos em algum momento da vida, quando você esquece o significado de uma palavra conhecida, por exemplo, ou entra num aposento para pegar alguma coisa e esquece o que queria.
Não há nada com que se preocupar até agora. É fato que a memória de curto prazo deixa de ser aguçada com a idade e que a concentração e o foco se tornam menos evidentes.
Você também pode achar mais difícil fazer mais de uma tarefa simultaneamente, e seus tempos de reação podem ser mais lentos, porque os impulsos nervosos são transmitidos mais devagar.
Mas o cérebro tem vários mecanismos que compensam as perdas
relacionadas ao envelhecimento. A inteligência inata e a experiência de vida, por exemplo, contribuem para a “reserva cognitiva”, a capacidade de reserva do cérebro que pode ajudar a compensar a perda de neurônios e
permite que ele opere com eficácia mesmo que sua função normal esteja alterada.
A reserva cognitiva difere de uma pessoa para outra, mas genética, educação, carreira, estilo de vida, o que você faz no tempo livre e outras experiências de vida desempenham um papel importante.