Aprender a reconhecer e saber como evitar os gatilhos da dor pode lhe proporcionar controle maior sobre o que aflige você.
Douglas Ferreira | 11 de Julho de 2021 às 11:00
Sentir dor ou algum desconforto físico é algo extremamente desagradável, porém, na maioria dos casos, é algo inevitável – ainda que por pouco tempo. No entanto, o que pouca gente sabe é que tem alguns tipos de dor e desconforto que podem ser causados por gatilhos.
Alguns gatilhos são óbvios: quando crianças, a maioria de nós sente dor de estômago na época da escola. E não era coincidência. Não leva muito tempo para pessoas com artrite perceberem que em dias úmidos e frios os músculos doloridos se contraem e as articulações doem mais. Contudo, é menos óbvio que até mesmo um chefe muito crítico ou um amigo dominador também possam provocar dor. Até mesmo pensar na dor pode deflagrá-la.
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Em um estudo conduzido na Universidade de Emory, em Atlanta, centros de controle de dor do cérebro apareceram na ressonância de pessoas que antecipavam um choque elétrico. Quanto mais elas temiam o choque, mais alertas os centros de dor do cérebro se tornavam. Ao anteciparmos a dor, nos tornamos o nosso pior gatilho.
Às vezes, você nem percebe os gatilhos da dor. Uma simples torção pode ativar dor nas costas; um gole de água gelada, dor de dente. Mesmo exercícios de alongamento para aliviar dores articulares podem ter efeito contrário se atingirem nervos pinçados ou exercerem pressão em um disco. A sua identificação pode ser difícil. Às vezes, pode levar 24 a 36 horas para certo alimento causar uma reação dolorosa. Mas os gatilhos podem se transformar em nossos melhores amigos e é preciso estar atento!
Conseguir reconhecer os seus gatilhos causadores de dor é fundamental para evitá-la. Sabendo que lojas de perfume lhe causam enxaqueca, por exemplo, você pode evitá-las. Ao perceber que dormir sempre do mesmo lado lhe provoca dor no pescoço e nos ombros, você pode dormir de barriga para cima ou comprar um travesseiro de pescoço. Determinar quais são os seus gatilhos pode ser complicado, e você não vai identificá-los da noite para o dia.
Grande parte do processo de lidar com a dor, é saber o que a provoca, o que a acalma e o que a torna pior ou melhor. Alguns gatilhos comuns são fáceis de reconhecer como, por exemplo, uma noite mal dormida pode deixar você com dor de cabeça, ou comer uma determinada comida pode fazer você sentir dor no estômago. No entanto, há outros dois fatores que podem causar dor e que nem sempre nos damos conta: a raiva e o estresse!
Imagine o seguinte cenário: preso em um engarrafamento, você se vê enfurecido com a perda de tempo. Quando chega em casa e encontra uma pia lotada de pratos sujo, se imagina atirando cada um deles contra a parede. E, de repente, você começa a sentir os músculos das costas ou do pescoço terem um espasmo. Parece familiar, não é? Bom, temos uma coisa para lhe contar: sua respostas à dor não é coincidência.
Por anos, estudos relacionaram a raiva, tanto a contida quanto a expressa, às dores crônicas, como a dor de cabeça e a dor nas costas, por exemplo.
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A raiva aciona a resposta natural do corpo de “luta ou fuga”, aumentando a adrenalina, elevando a pressão arterial e acelerando batimentos cardíacos. Um estudo conduzido na Universidade Vanderbilt, em Nashville, lançou uma nova luz sobre essa conexão. Ele descobriu que pessoas que extravasavam sua raiva de forma explosiva ou ficavam com raiva com facilidade sentiam dores mais intensas e produziam menos opioides naturais do que indivíduos que a controlavam.
Se você fica com raiva com frequência e, especialmente, se a deixa contida, pode beneficiar-se da terapia cognitivo-comportamental. O terapeuta vai lhe ensinar formas de expressar sua raiva de maneira construtiva e em mudar atitudes e pensamentos que o fazem ficar enfurecido.
O estresse é um dos principais gatilhos de dor. Quando você está estressado, seu corpo libera os hormônios do estresse, incluindo adrenalina e cortisol. Como resultado, o coração bate mais rápido, a pressão arterial se eleva, a respiração acelera, os músculos ficam tensos e a dor de artrite, enxaqueca, estômago ou fibromialgia piora.
O segredo para controlar esse gatilho é aprender a reconhecer seus próprios sinais de estresse, de forma a tomar medidas para relaxar. Você pode sentir-se fragilizado ou deprimido. Pode ficar rabugento ou instável, provocando brigas com os amigos. Você pode responder ao estresse dirigindo mais rápido, fumando, comendo ou bebendo mais. Você pode ficar distraído, esquecido, sobressaltado. Ou pode apenas sentir-se paralisado, incapaz de agir, sem energia. Uma vez que reconheça o seu nível de estresse, você pode tomar medidas para diminuí-lo e, assim, evitar a dor.