A frutose é encontrada naturalmente em muitos alimentos, mas se consumida em excesso ela pode trazer prejuízos para a nossa saúde.
Douglas Ferreira | 7 de Dezembro de 2021 às 14:00
A frutose é encontrada naturalmente em muitos alimentos. Entretanto, atualmente estamos a consumindo em grandes quantidades, de forma artificial, graças à onipresença do xarope de milho com alto teor de frutose (às vezes, chamado de açúcar de milho ou xarope de glicose). Um açúcar refinado associado às inflamações, o xarope de milho com alto teor de frutose tem sido o sujeito da controvérsia relacionada à atual epidemia de obesidade. Os fabricantes, que apreciam seu baixo custo, reivindicam que o produto é natural e não difere em nada de outros tipos de açúcar.
Mas alimentos com grande concentração dessa substância podem provocar gases, inchaço e diarreia. Um estudo de 2008, publicado no Journal of Clinical Gastroenterology, um periódico sobre gastroenterologia clínica, descobriu que pacientes com a Síndrome do Intestino Irritável (SII) que aderiram a uma dieta sem frutose experimentaram redução significativa de arrotos, inchaço, sensação de estufamento e diarreia. Alguns estudos também têm demonstrado que o xarope de milho com alto teor de frutose talvez se encontre associado ao excesso de peso, sobretudo por volta da meia-idade.
Em um estudo realizado em 2010 pela Universidade de Princeton, ratos com acesso ao xarope de milho com alto teor de açúcar ganharam “significativamente mais peso” do que aqueles com acesso ao açúcar comum, embora a ingestão calórica no geral tenha sido a mesma.
Leia também: Como a glicose pode afetar o seu humor e a sua memória
Os pesquisadores também descobriram que a longo prazo esse tipo de xarope proporcionava aumentos extraordinários de gordura corporal, sobretudo no abdome, e elevava os triglicerídeos, associados ao colesterol alto e à doença cardíaca. “Quando os ratos bebem xarope de milho com alto teor de frutose, em níveis bem abaixo daqueles presentes em refrigerantes”, afirmou Bart Hoebel, um dos autores do estudo, “todos eles se tornam obesos… Mesmo quando submetidos a uma dieta com alto teor de gordura não se vê isso.”
Em outro estudo com 32 pessoas acima do peso ou obesas, as que consumiram frutose ganharam mais gordura – aquela indesejada, no abdome – do que as outras que ingeriram quantidades similares de glicose. Os níveis de triglicerídeos, açúcar no sangue e insulina também subiram.
Além disso, uma evidência crescente aponta para o fato de que o organismo metaboliza a glicose e a frutose de formas diferentes. Cada célula do organismo metaboliza a glicose, ao passo que apenas o fígado metaboliza a frutose.
Pesquisas em ratos de laboratório têm comprovado que quanto maior a quantidade de frutose e quanto mais rápido ela atinge o fígado, maior a probabilidade de o fígado transformar a frutose em gordura. Isso, por si só, já é ruim, mas pode ser pior. Essa reação hepática é capaz de gerar resistência à insulina, o que faz com que o organismo secrete mais esse hormônio do que o necessário quando você se alimenta, elevando os níveis de açúcar no sangue. O que vem a seguir? Diabetes.
No entanto, é provável que o maior problema em relação ao xarope de milho com alto teor de frutose resida apenas na quantidade consumida. Esse xarope é usado em refrigerantes, sucos, cereais, iogurtes, picolés, molhos para saladas e condimentos, e mesmo em coisas não associadas a doces, como pães, frios e sopas. O americano médio consome quase 24 kg desse xarope por ano (e essa cifra supera os 20 kg de açúcar comum que ele ingere por ano)!
Além do impacto na cintura, esse tipo de açúcar não costuma ser completamente absorvido pelo sistema gastrintestinal. Trata-se da má absorção de frutose, e isto ocorre de diversas formas. Às vezes, bactérias no intestino delgado alcançam este monosacarídeo antes de ele ser digerido de maneira eficaz. Alguns de nós não temos proteínas suficientes das que transportam a frutose pelo revestimento intestinal. E se os alimentos se deslocam muito rapidamente pelo trato digestivo, não há tempo suficiente para a frutose ser absorvida pelo organismo.
Assim como acontece com vários problemas abdominais, algumas pessoas absorvem melhor a frutose do que outras. Estima-se que cerca de uma em três sofra de má absorção de frutose, o que pode levar a gases, inchaço, diarreia, e a outros sintomas digestivos.
Quando a frutose é consumida em conjunto com a glicose, é capaz de pegar carona com esta última de modo a atravessar o revestimento intestinal. Nesses casos, é mais bem absorvida e não acarreta problemas digestivos. Assim, alimentos com uma taxa equilibrada de frutose e glicose são bons para consumir.
Aqui está uma lista de alimentos dos quais você deve manter distância: